• Capítulo XXXIII •

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“Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido

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“Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: quero é uma verdade inventada.”

– Clarice Lispector

Não há segredo que fique escondido por muito tempo, principalmente daquele que está à frente de tudo. Maria Luiza tinha se apegado ao trabalho como o seu marido, mas diferente dele a rosada não se deixava ficar tanto tempo ali como ele, com alguns papéis antigos de contabilidade nas mãos ela andava pelo escritório, os avaliando, seria, sem gostar do que encontrava naquelas folhas. Malu vestia uma regata de algodão, com alças mais finas e um decote redondo, com um cropped bem curto por cima, do mesmo tecido da blusa, de mangas longas e bufantes, deixando o decote aparecer, uma calça de cintura alta, com uma corrente dourada a decorando, feita sob medida de tecido linho, cor branca, salto de agulha da mesma tonalidade da blusa e cropped, cor creme. 

Ela não tinha os cabelos soltos como há poucos minutos, e sim presos em um coque, no topo da cabeça. Lá fora poderia estar em temperatura congelante por conta do inverno, mas dentro da empresa a temperatura era branda. 

— O senhor fez um estrago e tanto, né? Não somente na empresa, mas na família também. — ela fala ao respirar fundo, jogando os papéis em sua mesa, com as mãos já no bolso, ainda encarando o retrato de seu falecido sogro, já um tanto destruído depois de seu marido jogar uma garrafa de álcool nele. — Vou fazer o que você não fez, eu vou proteger minha família, principalmente meu marido, o que você fez com ele não foi nada justo. 

Ela não tem rancor contra seu sogro, mas também não tem coisas boas para falar sobre ele mesmo sem ao menos tê- lo conhecido, mas conhecia seu marido e as criações dele, e isso era o bastante para saber tudo o que sua fera enfrentou e o que tanto ele tentava esconder dela, ou pelo menos uma parte. 

— Está falando com os mortos, Malubs?

Ítalo pergunta-lhe tirando de seus pensamentos, ao notar ele entrando no escritório ao lado de Gustav, assessor dela e de seu marido, que carregava uma bandeja com chocolate quente e cookies, que deixa na mesinha de centro. 

— Obrigada, Gustav. — ela agradeceu sorrindo para o assistente que sorri de volta à servindo o chocolate quente, ao lado de Ítalo que aceita uma xícara também, e após dar um gole, ela fala ao ver o moreno ajeitando sua mesa. — Se puder, fale para alguém tirar esse quadro daqui, e quando terminar de ajeitar aquele relatório que eu pedi mais cedo você pode ir. 

— Pode deixar, Sra. Moretti. 

Assim que o assistente deixa a sala Malu se vira para seu cunhado ao seu lado, que parece um tanto distraído olhando para sua bebida. Ela nem mesmo precisava perguntar o motivo daquilo, pois sabia que ele tinha ido se encontrar com Luana, mais cedo.

— Vai tirar o quadro do meu tio?

— Alexandre já queria fazer isso antes, desde que assumi, mas a pintura que eu estava trabalhando ainda não estava pronta. No lugar dele irei colocar um quadro de nossa família, que eu mesma pintei, meu marido adorou. 

A Felicidade em Meio a SolidãoOnde histórias criam vida. Descubra agora