“Eu não sei colocar pontos finais, eu não sei acabar com algo, eu não sei excluir alguém da minha vida.”
– Clarice Lispector
A princípio Kristina não cedeu a vontade de Maria Luiza, mas ao pensar rapidamente, bom, ela não era burra e sabia que não teria outra chance para falar tudo na cara dos dois, se deleitar com sua revolta e aflição ao fazê-los recordar de tudo o que fez. E sinceramente, ela não tinha muitas alternativas, pois estava prestes a perder sua liberdade ou vida, e considerando o quão rápido o casal a encontrou, talvez as duas.
— Ele gostou, ele adorou me ter em cima dele.
Disse sorrindo maliciosa, maldosa, causando asco em Malu que lhe empurrou para o chão, lhe encarando com repulsa.
— Sua desgraçada, você estuprou o meu marido!
— EU FIZ! — Sorri sórdida, encarando a rosada de baixo ainda jogada no chão, rindo com uma lunática, satisfeita com seus feitos. — Está satisfeita?! Eu o dopei no escritório com o café. Mas ele queria, eu sei.
— Desgraçada nojenta. — Alexandre murmura a encarando com desprezo.
— E bom, o roubo foi provocação minha e do Andreas, e a criança eu nunca quis. — Dá de ombros.
Alexandre não pôde ouvir aquilo quieto, sem fazer nada, não quando ela falava com tanta facilidade de atrocidades. Ao violar seu corpo e quase matar sua filha, Kristina quase o tirou de si mesmo, e nesse momento tudo o que ele via era vermelho, a cor dela, a cor de sua própria raiva e revolta. Em silêncio, passos tranquilos ele foi até a cozinha e pegou a primeira faça que vou e voltou.
— Você teve coragem de tirar a vida de uma criança que carregou em seu ventre por nove meses, neta do seu pai?! — Malu constata assustada, a olhando incrédula.
— Ele vai me perdoar. — Suspira se sentando no chão, passando a mão pelo cabelo, com o tom de voz e sorriso frio. — Eu nunca quis ser mãe, o Andreas que queria ser pai, a criança foi um acidente.
Indo em direção da mulher que foi jogada ao chão por sua esposa, Alex rapidamente se abaixa atrás dela, e agarra seu cabelo, pondo a faca em seu pescoço. Falando com um tom de voz sombrio, tentando manter a calma, para não alarmar os policiais.
— Você ateou fogo no quarto da minha filha, figlia di puttana, quase tirou tudo de mim!
— Alex!
Malu se apressa para tocar em seu braço, hesitante, com medo dele estragar tudo, enquanto a megera sorria como louca, com a lâmina rente a sua pele. Ele insiste novamente, pressionando ainda mais a lâmina, fazendo um filete de sangue escorrer até pingar no tapete.
— Diga, Kristina, você sabia que ela era minha, não é?!
— Uma ligação para o resto da vida. — Responde em deboche, sorrindo lunática.
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A Felicidade em Meio a Solidão
RomanceMaria Luiza Vitale viveu um inferno toda a sua vida com seus pais biológicos, e mesmo tendo a chance de deixar aquilo tudo para trás nunca conseguiu, por medo do que viria depois, afinal, as consequências poderiam ser boas ou ruins. Mas tudo muda qu...