Capítulo 5 - Os três irmãos

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       Uma lenda diz que há muito tempo, o destino de três Deuses puro-sangue foi decretado em toda a História Nórdica. Os três juntos evitariam o Ragnarok, e, governariam Asgard juntos, e estabeleceriam a paz entre reinos. Mas houve um porém, o irmão do meio, foi totalmente consumido pela ganância, o que resultou numa grande guerra.
       A guerra durou muitos anos, entretanto, no fim, o irmão do meio venceu, e escravizou o mais novo, e o mais velho. Asgard, por anos, ficou numa enorme escuridão. Todos, supostamente haviam aceitado o novo rei, menos seus dois irmãos.
       O irmão mais velho, e mais novo, estavam cansados de tantos anos de escravidão, e então, resolveram fazer uma revolta. Contaram com a ajuda de milhares de Ljósálfar e até mesmo as próprias Valkirias.
       A revolta só não foi completamente pacífica por um motivo: os três irmãos morreram lutando, mas seus objetivos não haviam sido finalizados. Ainda precisavam, de alguma forma, evitar o Ragnarok, então, por um milagre, eles reencarnaram.

       — Depois de todas as minhas descobertas, ouvir um desconhecido me chamar de irmão não é mais um absurdo para mim. — Levantei e brandi o Stormaxe, faltava pouco para a lâmina do mesmo ser partida ao meio, infelizmente.
       Magni pareceu irritado com o que acabo de dizer. Suponho que o mesmo tenha esperado algum tipo de surpresa, mas, isso não acontecerá novamente. Eu sou um Deus, talvez eu tenha irmãos até em Muspelheim.
       — Eu... irei acabar com isso de uma vez por todas! — Imaginei que Magni fosse tentar me acertar algum ataque, mas não foi o que fez.
Magni apontou o Mjölnir na direção da montanha de minha casa, e... tenho um problema. Tal martelo é bastante reconhecido por destruir coisas maiores que montanhas, mas... infelizmente só lembrei deste detalhe quando a montanha inteira já estava desmoronando. Só consigo pensar em como Kelda está, e isso... isso me irrita. Minha visão ficou muito prejudicada por conta da poeira que o desmoronamento havia levantado.
Mais uma vez sinto toda aquela fúria, junto com aquela sensação do poder correndo por minhas veias. Porém, não consegui transferir meu poder para o machado, Faltava pouco para a lâmina acabar se cortando ao meio, então, era melhor só me esforçar mais na hora certa. Encontrei a sombra de Magni e lancei o Stormaxe contra o mesmo, mas, infelizmente não obtive sucesso algum. Foi neste momento que percebi que não tinha chance alguma contra Magni. Toda aquela raiva estava indo embora, lembrei de minha casa sendo destruída, junto com a montanha, e até mesmo... Kelda... mas só estou triste, ou desaminado... eu estou desistindo?
Em instantes, senti o Mjölnir acertando meu queixo com tanta força, que não consegui nem manter os olhos abertos, fui lançado para os céus. Enquanto estive no ar, caindo, Magni, de repente estava junto a mim, e então, lançou o peso do martelo contra todo o meu corpo, o que me faz ser arremessado contra o solo em segundos.
       Eu tentei falar, tentei pedir socorro pela primeira vez em minha vida, mas nada além de sangue saía de minha boca. Magni pousou lentamente no solo. Não sei se ele podia voar ou era apenas eu enlouquecendo.
       — Vamos lá, Deus da fúria! Você é mais forte que isso! — Magni declarou. E pegou o Mjölnir mais uma vez.
       Por um certo momento, tentei me levantar, mas, Magni não permitiu, pisou em meu rosto, o que me fez cair novamente. O Deus utilizou do martelo para bater em meu rosto varias vezes... essa é uma das piores dores que já senti em toda minha vida... se eu fosse um simples humano, estaria morto agora mesmo... eu não posso desistir.
       — Você não merece sua esposa! — Gritou Magni. — Você não merece nada! VOCÊ NÃO MERECE NEM SENTAR NO TRONO DE ODIN!
       Mais um raio caiu sobre o martelo, Magni então, estava prestes a martelar meu rosto mais uma vez, e, quando minha morte esteve próxima de mim, Magni foi interrompido. Uma mulher, aparentemente, com um metro e oitenta de altura surgiu. A mesma parecia ser do mesmo tamanho. Seus cabelos eram ruivos e ondulados, era bastante parecida comigo.
       — Era pra ser apenas um encontro pacífico, Magni! — Uma espada de ouro, com cerca de um metro surgiu nas mãos da mulher.
       A mesma parecia quase atingir a força de Magni, o que me impressionou. Meus olhos estavam quase se fechando, mas precisei ficar acordado para assistir até o último momento. Ainda estou pasmo com a força da mulher, e o modo que se movimenta, se assemelha ao de uma Valkíria, sei disso por causa das histórias que Thyrno me contou.
       — Thrud! Este homem é uma ameaça! — Gritou Magni, o mesmo parecia conhecê-la.
       — Ele não é! O problema é Odin. No dia em que Modi foi banido de Asgard, o Ragnarok ficou cada vez mais próximo. — Thrud parecia infeliz toda vez que atacava Magni, imagino que não é isso o que ela desejava fazer,
       Magni lançou o Mjölnir contra Thrud, a mesma esquivou facilmente de tal ataque, porém, o Deus da força apelou para um golpe sujo e fez o martelo voltar, assim, atingindo a nuca de Thrud.
       Ela é tão forte, mas, em segundos de batalha com Magni, Thrud caiu, atordoada. Vi Magni levantar o Mjölnir e absorver mais energias dos raios, vi que estava prestes a matar Thrud, mas eu não poderia permitir, mesmo que não a conhecesse.
       Levantei o mais rápido que pude e brandi o Stormaxe. Quando Magni aproximou o Mjölnir ao rosto de Thrud, a coisa mais rápida que pude fazer foi cortar sua mão direita, a qual segurava o martelo.
       — AAAAH! — Magni gritou, tanto o Mjölnir, quanto sua mão foram para lugares não tão distantes.
       Isso era a oportunidade! O Mjölnir pode ser meu agora mesmo! E então... eu poderei usar tal martelo para fazer uma boa ação! Mas era tarde demais... Magni já estava indo pegar tal martelo de volta, mesmo sentindo tanta dor, ele ainda possuía apenas mais uma mão, mas não por muito tempo.
       Corri até Magni, o mesmo levantou o Mjölnir e gritou:
       — Heimdall! Abra a Bifröst agora mesmo!
       Não posso deixá-lo fugir, mesmo que isso me leve para Asgard, Magni não pode ficar à solta.
       Segurei o cabo do Mjölnir, e, tudo a minha volta começou a sumir, minha visão estava quase cega. Thrud também segurou o cabo, consegui notar. Magni não imaginou que fôssemos cometer tal ato, o que o surpreendeu.
       — Modi! Você tem que ser um suicida para utilizar a Bifröst comigo... agora, estamos indo para Asgard, Odin vai ficar muito feliz de saber que seu alvo foi até ele.
       A escuridão inteira sumiu, agora, aparentemente estamos numa ponte de luz azul, e no final dela... vejo o reino de Asgard. Magni não mentiu para mim... droga, preciso sair daqui agora!
       E parece que meus desejos foram atendidos. De repente algo me empurrou para fora da ponte. O Mjölnir caiu junto, mas não em minhas mãos. Acho que... estou entrando em algum tipo de transe. Minha mente está sendo ocupada por memórias antigas... não sei dizer se são boas ou ruins.

       — Você precisa parar de reclamar, Modi! — Thyrno aconselhou. Meu pai simplesmente acertou minha perna com bastante força durante o treinamento, mas... dói até agora.
       — Isso dói... — Respondi.
       — Eu sei, mas pense só, você irá para a guerra, ainda tem nove anos. Se não se esforçar agora, acabará morto.
       Essas palavras... elas... me fazem lembrar de que eu nunca fui uma criança, eu cresci lutando, e é isso que faltou em mim: A infância. O mais curioso é... por que estou pensando nisso agora?
       — Modi... Modi...! Modi! Acorda! — Alguém gritou.

       — Onde estou? — Perguntei. Com muito esforço, meus olhos abriram lentamente.
— Estamos em Jotunheim. O reino dos gigantes... — Thrud respondeu. — Por horas eu lhe carreguei até aqui. Achei que estivesse morto.
Olhei em volta do local, aparentemente estamos num pequeno quarto, porém, luxuoso, um lustre de ouro é o que mais se destaca. Olhei a minha esquerda e pude ter a visão de muitas pinturas de gigantes famosos por todos os reinos.
— Caramba... e... onde estamos exatamente? — Perguntei depois de ter observado tanto. O quarto tinha um bom estado. Achei que quase ninguém mais vivesse aqui.
— Vocês estão em minha casa. — Respondeu um homem de cabelos negros e olhos verdes. O mesmo pareceu contente em ter me visto.
— Certo... nós... por acaso nos conhecemos?
— Não, infelizmente. Mas você já deve ter escutado meu nome em algum lugar. Sou o Deus da trapaça, Loki.

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