Capítulo 13 - Ragnarök

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Guerreiros me olham com medo, possuo o antigo martelo do poderoso Thor que fora destruído por mim tempos atrás. A arma não voltou de repente, só descobri como restaurar depois de que notei que não foi apenas a runa de viagem que entrou em meu corpo, mas, também, todo o poder do Mjölnir, isto me deu forças para restaurá-lo. A força que aumentava em meu corpo a todo momento. Tudo isto só seria uma supresa apenas se eu não tivesse recebido o conhecimento antigo de Freya. Muitos de meus pensamentos mudaram, passei a entender mais dos pensamentos de Odin, mesmo que fossem errados. Ele de fato teve visões com os filhos de Loki, e que estes, se tornariam as maiores ameaças de todos os tempos, e quem realmente se tornou um problema foi o próprio vidente. A maioria dos "aliados" de Odin correm, mas não permiti, acertei cada um deles com o martelo, e eles... eles nunca mais abriram os olhos. É como se a arma estivesse mais forte agora, entretanto, meu estado não iria ajudar em nada. Estou tão ferido quanto Odin, este tenta se afastar de mim, se arrasta no chão, mas é lento demais. Eu poderia lançar o martelo nele agora mesmo, mas quero algo doloroso, quero que Odin sofra, e que pague pelo o que ele fez desde a criação dos reinos.
       — Parece que esta é sua queda, Odin. — Falei. — Vai pagar por tudo que fez.       Comecei a girar o martelo, acumulei muita força nele, muita mesmo, pelo menos o suficiente para acertar seu rosto e fazer com que ele nunca mais veja uma luz sequer, mas, ele pareceu ter vontade de dar mais algumas palavras.
       — Eu fiz isto para o bem de todos, Modi. Nunca quis fazer mal... só tentei evitar o mal, tive visões...
       — Mesmo que sejam poucas, suas palavras quase me convenceram. Aliás, e se eu disser que também tive visões? Nelas... você está morto. — Raios saíram do Mjölnir, parecia pegar energia dos céus.
       — Antes que me mate... vai ter de cuidar de uma outra coisa... venha, SURT! — Odin gritou, e parecia conjurar algo grande.
       As terras começaram a esquentar, estremecer, e fiquei completamente confuso, e então, Surt, o rei dos gigantes de fogo se juntou aos restante dos guerreiros, Uller provavelmente se assustou porque perdeu o controle do gigante Ymir.
       — Boa sorte, Modi. — Disse Odin e desapareceu no mesmo instante, seu corpo fora substituido por um tipo de pó dourado, acho que esta é a única coisa antigo que não conheço.
       Ainda estou confuso, se Odin podia sumir desta forma, por que demorou tanto?
       — Modi! É o fim, Modi! Precisamos ir, rápido! — Disse Uller, desesperado. — A serpente retornou ao controle, está numa batalha com Thor. Ymir e Surt estão no exército inimigo... já posso sentir a neblina subindo, daqui a pouco não teremos mais sol, nem mesmo a lua! Devemos fugir, para a raiz da Yggdrasil, estaremos vivos quando tudo acabar e...
       Eu não aguentava nem mais um palavra de Uller, então dei um soco em seu rosto.
       — Cale a boca! Se recomponha, vamos continuar nesta batalha, não importa se morreremos por isso, apenas lute! Você é um deus, você pode fazer muitas coisas.
       — O garoto está certo. — Disse um homem sem mão. Este é tão ruivo quanto eu, mas não está sozinho, vem acompanhado do grande lobo Fenrir e um homem de cabelos cinzas, consegui reconhecê-los... o sem mão era o famoso Tyr, e o dos cabelos cinzas é o irmão de Freya, é o deus Freyr.
       — Tyr, Freyr e lobo Fenrir... sei muito a respeito dos dois. — Disse. — Queria fazer muitas perguntas agora, pelo menos tirar dúvidas de coisas que não ficaram claras para mim, entretanto, podemos deixar isto para outra hora já que a ameaça é maior.
       — Também ouvimos bastante sobre você. Thor nos contou tudo, disse que é forte. — Disse Tyr. — E eu vou procurar Odin, sei que não foi tão longe. E o que vocês farão?
       — Vou ajudar Thor... e você, Uller, traga Ymir para o nosso lado. — Ordenei.
       — Eu vou com Uller. — Disse Freyr.
       Todos nós nos separamos, e em instantes, vi a serpente fugindo, mas eu não poderia ir atrás, havia uma ameaça muito maior no momento, e esta era o gigante de fogo.
       Surt, com sua espada de fogo, matava o restante de nossos aliados e conseguia causar bastante estrago, queimando literalmente tudo que estava ao seu redor, até mesmo os Asgardianos que sobraram. Por sorte, tínhamos o poderoso Thor, que com toda sua força, conseguia resistir aos ataques do gigante pelos os outros, mas não poderia revidar. Freya mantinha distância do inimigo, mas, com algum tipo de magia conseguia tomar um pouquinho de controle, mas não adiantava muito.
       Ao norte, muitas Valquírias chegavam, e todas tinham armaduras pesadas, mas suas asas brancas e brilhantes com pontas amarelas conseguiam aguentar todo o peso. Todas estavam equipadas com cajados, Kelda estava lá, se segurando em Thrud, e tinha uma pequena caixa brilhante presa a sua perna direita. O grupo de guerreiras se dividiu, deixando três delas atacarem o gigante de fogo, e o resto delas (incluindo Kelda e Thrud) resgatavam os guerreiros aliados e inocentes.
Surt derrubou Thor e agora tentava derrubar as valquírias, tive de correr mais rápido na direção do deus do trovão, precisaria salvá-lo logo, mas era difícil de correr nestas terras quentes e com crateras para todos os lados. O céu começou a escurecer mais, a noite estava chegando, e eu quase não consegui enxergar mais nada. Acabei tropeçando e notei que já tinha chegado em Thor. Olhei seu corpo, estava completamente ferido, marcas de queimadura por todas as partes, notei que ele não aguentaria por muito tempo.
Assobiei o mais alto que pude, e Thrud, que estava voando com Kelda me olhou, ela sabia que eu precisava de ajuda no momento, tínhamos feito diferentes formas de chamados caso precisássemos de reforço.
— O que foi? — Perguntou pousando, Kelda logo desmontou de suas costas.
— É o pai. — Apontei para Thor. — Não vai aguentar muito mais, leve ele para as raizes da Yggdrasil.
— Como quiser. — Obedeceu, mas não poderia recusar o que eu acabei de pedir, é nosso pai.
Mas Thor não queria ir, parecia se afastar a cada vez que Thud se aproximava dele.
— Espera... — Thor começou a falar. — Antes de ir, preciso que um de vocês dois fique com o cinto.
Ele estava falando do cinto Megingjord, o cinto que aumentava sua força. Thrud se afastou, nesta hora entendi que ela queria que eu usasse o cinto. Thor o retirou e entregou para mim, no mesmo instante o equipei, mas não senti diferença alguma.
Thrud pegou Thor no colo, e abriu suas asas de novo. Kelda veio até mim, desamarrou a caixa de sua perna e me entregou.
— Para que isso?
— Você tem que destruir isso se quiser cegar o gigante, deve te ajudar.
Peguei a caixa e fiz como Kelda, amarrei em minha perna, está um pouco frouxo, mas tenho certeza de que não vai cair na hora errada.
— Uma das Valquírias aparecerá pra ajudar você, Modi, o nome dela é Hjörþrimul. Quando você subir nas costas dela, vocês irão voar até a cabeça do gigante, você pode destruir a caixa usando o martelo, e em seguida, matá-lo, o que achou? — Perguntou Thrud.
— É um bom plano.
— É sim, venha, Kelda.
Kelda montou nas costas de Thrud, e ela levantou voo, indo para bem longe daqui.
No mesmo instante, vi Odin assumindo controle do gigante de fogo, transferindo todos os seus poderes e força para Surt apenas ao tocar em sua cabeça. Tyr, ainda com Fenrir, avançou em Surt, o lobo mordeu a perna do gigante, o desequilibrando. As Valquírias restantes tentaram atordoar o inimigo com ataques usando o cajado mágico, Freya estava conseguindo tomar controle, o gigante estava ficando imóvel aos poucos. E finalmente, Uller e Freyr apareceram em pé nos ombros de Ymir, tinham batalhado o suficiente para tomar controle deles, agora atacavam Surt e Odin com os poderes de gelo.
A Valquíria na qual foi citada por Thrud finalmente apareceu, pousou em minha frente e ordenou que em me montasse em suas costas, já tinha todo o plano definido: quando eu chegar na altura da cabeça do gigante, irei usar o Mjölnir para bater na caixinha e jogá-la contra o Surt e Odin.

Fizemos isso, quando notei, já estávamos na altura do gigante, lancei a caixinha para o alto, e bati com o Mjölnir. Eu fechei os olhos, mas não pude deixar de notar que tudo havia ficado claro naquele momento. Ouvimos um barulho muito alto, e um tempo se passou, abri os olhos e Hjörþrimul pousou, ainda estava muito claro, era como se fosse dia novamente, e nossos planejamentos haviam dado certo, Surt, além de ficar cego, caiu, e esta provavelmente foi sua morte, já que a caixinha absorveu todo o impacto do Mjölnir.
Desmontei das costas da Valquíria e andei até o ombro de Surt, vi que Odin estava sendo esmagado pelo corpo, peguei o Mjölnir mais uma vez e comecei a girá-lo, absorvendo mais poder dos trovões.
— Não! Espere, Modi! — Ele tentou me interromper.
— Agora já é tarde...
— Não! Por favor, eu posso explicar, eu tive visões, não estamos sozinhos! — Lágrimas saíam dos olhos de Odin, mas não seria isso que mudaria o seu destino.
— É? Pois eu também tive visões, e nelas você está morto! — Girei o martelo uma última vez, e explodi a cabeça de Odin. — Acabou...

~ Fim...?

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