Maldições de Odin

Capítulo 7 - Preparativos para a guerra

Passou um tempo desde que visitei Sindri e ordenei que o mesmo fizesse uma das armas mais poderosas para mim, deverei fazer uma visita novamente até o por do sol, antes que o anão não esteja mais trabalhando na própria forja. Agora eu e Thrud estamos no palácio do castelo de Midgard, num debate com o rei e seus homens. O castelo fica a muitas horas de distância do Vale Cobblestone, então, tentarei dizer todas as minhas propostas o mais rápido possível.
— Me diga, Modi. O que ganharemos caso cumpramos tal proposta? — Perguntou o rei. Aaren é muito respeitado por todos, e eu sei o porquê. É um homem sério, cumpre com todas as suas palavras, é forte como um gigante, mas um simples humano. O que mais admiram é seu carisma, e, por conseguir tratar todos do reino como alguém da família, até mesmo quem merece a mais severa punição. Claro, o rei não deixaria de punir alguém que merecesse, e é isso que me faz criar uma certa admiração pelo mesmo.
— O que podemos oferecer agora são postos de treinamento e apoio nas batalhas. Temos uma grande estratégia organizada, Thrud, até o momento, está responsável pelo posto dois, que, se a proposta for aceita, abrigará mil e quinhentos de seus soldados. — Fiz uma pausa apenas para ver a reação do rei e de seu filho, e claro, não aprovaram da mesma forma.
— Na ultima guerra, Modi, nós, do reino de Midgard, perdemos muitos guerreiros. — Disse o filho de Aaren, Erarich, ele é insuportável, e ainda não entendo como o rei Aaren dá ouvidos a ele. — Agora que a briga é com Asgard, como pode garantir de que sairemos ilesos?
— Eu simplesmente não posso garantir nada, príncipe Erarich, só posso garantir de que Midgard sofrerá se não fizermos algo agora.
O rei se levantou da mesa, indo até a maior janela do palácio, que acabava dando uma vista para o rio Rubberford, o rio mais bonito de toda Midgard.
— Erarich, acho que... devemos considerar tal pedido. Modi já provou de todas as formas de que é um Deus, e, já que o Ragnarok está próximo, é melhor prevenirmos de qualquer forma. — Aaren disse. O rei parecia estar pensando demais em considerar meu pedido, logo, quando olho ao meu lado, consigo ver Erarich, parecia muito irritado. Sei que o mesmo não gosta de mim, mas não sabia que chegava num nível tão alto.
— Você está enganado, velho. Quem lhe garante de que Modi não está fazendo isso para exterminar nossos homens? Talvez Asgard não tenha relação alguma com isso, e então... — Erarich se levantou. — Ele está fazendo isso para Asgard, finalmente ter algum motivo para nos exterminar. Como pode provar do contrário?
— Temos uma grande Valquíria na sala, filho. São as pessoas mais honestas que existem, eu confio minha vida totalmente a elas. — O rei finalmente pareceu ter total confiança em mim e em Thrud.
Erarich, num ato de fúria, foi até o próprio pai, e, aparentemente, o ameaçou... isso foi uma das coisas mais absurdas que já vi acontecendo em algum reino.
— Se meus homens morrerem... pai, você pagará as consequências...
— Isso é uma ameaça? — O rei perguntou com quase toda a certeza de que era, todos fizeram silêncio, então logo, Thrud acabou com o mesmo.
— Os postos de treinamento já foram criados, oferecemos auxílio para todos que forem feridos em batalha. Nós oferecemos um forte apoio, assim, evitando mortes. Posso garantir isso, sou uma das Valquírias mais fortes de Asgard.
— Vocês terão o tempo necessário de treinamento. — Disse me levantando e me juntando ao rei. — Aliás, posso levar vocês a Asgard a hora que quiserem. Eu sou mais do que uma runa de viagem.
Aaren se animou, finalmente. Conseguimos observar um largo sorriso surgindo em seu rosto, o mesmo voltou para a mesa, ainda de pé, e logo perguntou:
— Levantem as mãos quem deseja ajudar na guerra de Midgard.
       Foi aí que tive a certeza de que o rei aprovou a ideia, eu e Thrud sorrimos e nos juntamos a ele. Todos os soldados no local levantaram as mãos, menos Erarich, que, claramente estava muito infeliz.
— Certo... — Continuou Aaren. — Filho, já que não participará, peço gentilmente que se retire, agora nosso líder é Modi, ele que comanda.
— Você se arrependerá, velho.
Erarich saiu do palácio, chutou a porta com uma força extraordinária, por um momento achamos que estava tentando quebrá-la. Aaren suspirou, imagino que esteja cansado do comportamento do próprio filho.
— Modi assumirá daqui.
— A localização dos postos está no mapa na mesa de vocês. — Apontei para as localizações marcadas com uma faca fincada no ponto A e no ponto B. Um dos postos se localizam no solo, no pântano de Midgard, e o outro posto se localizava numa das montanhas mais altas. — Despeçam-se de suas famílias ainda hoje, Thrud providenciará carruagens para todos vocês.
       Quando terminei de falar tudo o que precisava, os guerreiros aplaudiram e gritaram, todos saíram rapidamente da sala para se despedirem de suas famílias. Alguns, me elogiaram por insistir no objetivo mesmo com Erarich tentando interferir de qualquer forma. Eu, Thrud, e o rei Aaren ficamos sozinhos no palácio, o rei não me deixou sair, precisava me dizer alguma coisa.
— Preciso falar contigo, Modi.
— Necessita de algo, majestade?
— Só queria dizer que te respeito, desde que tinha cerca de nove anos. Foi o primeiro que desejou ajudar na guerra. Acredito que teve uma certa motivação de Thyrno, mas mesmo assim admirei muito, quero dizer, ainda admiro suas atitudes.
       Ainda não tinha muita ideia do que dizer, me senti um tanto quanto envergonhado por ser visto como um guerreiro importante para Aaren, claramente esta é uma das maiores conquistas de minha vida.
— Mas não é só isso. — Aaren continuou. — Eu também queria deixar claro que, quando eu não estiver mais aqui... você será dono disto.
O rei tirou a própria coroa, e logo a mostrou para mim. Ele estava falando sério?
— Mas isso não pertence ao seu filho? — Perguntei, rejeitando tal responsabilidade.
— Só se estiver de acordo com minha vontade. Eu quero que você seja o próximo rei de Midgard, não agora. Quero que treine meu filho. Ele ainda não está preparado para chegar ao reinado.
— Pode... deixar... — Concordei, só que não entendo o porquê até agora... tenho a impressão de que isso não dará certo.