Nada disso pode ser real... tudo que Mimir diz faz sentido, porém, me recuso a aceitar. Meu pai é Thyrno. Tenho quase certeza de que minha mãe morreu no parto. Eu nasci no Vale Cobblestone sem ligação alguma com Deuses.
— Aonde estamos indo? — Kelda perguntou.
Estamos seguindo Mimir, pelo que parece, estamos andando há cerca de dez minutos numa caverna que... parece estar quase congelada.
— A pergunta é: Por que estamos seguindo este maluco? — Só agora que parei pra pensar direito. Por que eu confiaria em alguém que aparece de repente e diz que sou filho de Thor? — De repente o conhecemos num estabelecimento. Ele advinha a data de meu nascimento, e agora diz que sou filho do Deus do Trovão? Qual o sentido?
— Estou te procurando há muito tempo, Modi... porque temos um problema. Você e eu, somos as únicas pessoas que o pai de todos não consegue observar. — Desta vez Mimir parecia estar falando sério. Resolvi então, escutar com atenção. — Você nasceu em Asgard. O Deus do trovão teve um caso sério com uma giganta. Os dois juntos deram origem a você, mas não puderam ficar contigo.
— Vá com calma. — Pedi quando senti um pouco de dor de cabeça. Mimir usava palavras-chaves para falar derivados de Asgard, e evitar minha dor de cabeça, mas não adiantava muita coisa. — Você quer dizer que minha mãe é uma giganta?
— Era, até o pai de todos matá-la. Ele tem motivos peculiares. Ele só não te matou por ter sido o primeiro neto. E então, você foi enviado para Midgard, porém, amaldiçoado.
Mimir explicou tudo, ou quase tudo sobre o quê sabia sobre meu nascimento. Ainda é difícil acreditar nisso tudo, disse para ele. E ele respondeu que levará tempo até eu aceitar tudo.
Kelda não falou nada mais depois das revelações de Mimir, o que me incomodou.
— Por que o silêncio? — Perguntei.
— É que... o que o homem diz faz sentido. Você não percebe, mas eu sim. Quando você vingou a morte de Thyrno, eu raparei em seu machado... ele parecia ser mágico, mas não só sua arma. Mas você também. Seus olhos de repente se tornaram azuis, coisa que não aconteceria com algum humano.
Kelda parecia estar prestando atenção em mim há um longo tempo. Agora as coisas estão se conectando... Brok e Sindri não trabalham com magias deste nível. Meu machado não possui magia alguma, sou eu que concentro todos os meus poderes num só objeto! Nunca achei que alguém fosse capaz de fazer isso. Nem mesmo o Deus mais poderoso, independente de ser puro-sangue, ou não.
— A moça tem razão. — Declarou Mimir.
O homem tocou numa rachadura da parede, aparentemente, produzida do mesmo material que encontrei em meu sonho. Depois de cerca de cinco segundos, a parede estava sendo coberta por pinturas. No lado esquerdo havia a representação de Yggdrasill. A árvore que liga os nove reinos: Nilfheim, Jotunheim, Helheim, Vanaheim, Nidavellir, Midgard, Alfheim, Muspelheim e por último, Asgard. A parede do meio não havia tantas pinturas quanto a da esquerda, mas pelo que vi, parecia representar uma família, com mais de dez pessoas, e no meio, havia um casal, a mãe estava de mãos dadas com uma criança de aparentemente sete anos, e o pai, segurava um bebê no colo, e a última pintura, na mesma parede, havia um homem praticamente coberto por tatuagens. O mesmo estava segurando o Mjölnir, mas não era Thor, acho que sou eu. Olhos castanhos, cabelo com o corte mohawk...
— Este homem era você, Modi. Mas você... você mudou o nosso destino de alguma forma. — Mimir tocou na parede mais uma vez, e as pinturas mudaram, a árvore Yggdrasill estava diferente. Na pintura, Asgard estava em ruínas, o reino de Alfheim estava totalmente escuro, dando a entender que os elfos negros chegaram ao domínio do reino. Mupelheim estava congelando, o reino de Helheim ficou lotado, os gigantes de Jotunheim estavam entrando em extinção, e... Midgard estava vazia. Havia poucos sinais de vida humana.
— É isso o que você fez, Modi. Teoricamente, o Ragnarok chegaria em torno de cinco mil anos, e agora... o fim do mundo está próximo. E é por este motivo que Odin quer sua morte. Ou você faz alguma coisa para salvar os reinos, ou... nosso fim chegará em instantes.
É estranho pensar que o destino do mundo está em minhas mãos. Ainda preciso de um tempo para processar tudo isso.
Decidi observar as pinturas da parede do meio. Aquela família... também não era a mesma. A mãe não estava mais no quadro, nem o bebê. Sobrou apenas o garoto, aparentemente triste. O pai, furioso, e um homem de cabelos longos e brancos, semelhante ao que esteve em meu sonho. Ele também não parecia muito feliz.
Fui olhar a próxima pintura, ainda parecia ser eu, mas, sem mohawk, sem tatuagens, e... com uma lança. Não sei dizer como ela é. Vejo que na pintura tinha mais duas crianças, um menino e uma menina. Os dois eram ruivos e seus olhos eram verdes.
— Está claro que você mesmo mudou o próprio destino. Você não é tão poderoso quanto deveria ser, e agora... você é Modi, o Deus da fúria!
VOCÊ ESTÁ LENDO
Maldições de Odin
AcciónHá séculos, os reinos Nórdicos foram ameaçados por uma profecia, que dizia sobre o apocalipse, o dia que o inverno se tornaria infinito, divindades e humanos morreriam, e o sol e lua não existiria mais. Muitos não acreditavam nessa profecia, até que...