Capítulo 5 - Tulipas Vermelhas

36 4 0
                                    

                                   

Quando Nancy acorda, a primeira coisa que faz é abraçar seu querido Tom Green. Ela fica feliz em não ter tido mais aquela sensação a que ela mesma não sabia dar nome. Nunca tivera sentido aquilo antes e, agora, totalmente descansada, deslumbrava a beleza de seu marido, ali deitado. Faltavam alguns segundos para ele partir rumo ao trabalho com seu pai. Então ela o admirava enquanto ainda podia. Ela sentia seu cheiro que era indescritível. Passava as mãos nos cabelos dele e se sentia a pessoa mais poderosa e feliz do universo. Ela sabia que sua força era Tom. Ele era a explicação de tudo, da sua vida e do seu destino.

Levantando, ela logo se arruma e desce as escadas para ver Julie e Ben. Ambos estavam na cozinha, tomando um ótimo café da manhã. Quando a percebem, tratam logo de perguntar como tinha sido sua noite, na esperança de ela ter tido outro sonho glorioso.

– Foi ótima. Tom ainda dorme tranquilo.

– Que bom! – diz Ben Cárter, totalmente sem emoção.

– Hoje não é o festival de tulipas? – pergunta Julie.

– É verdade irmã. – Nancy solta um sorriso deslumbrante que faz Ben esquecer totalmente de Tom e ficar contente.

– Vamos? É muito legal. Vêm pessoas de todos os lugares do mundo. São fabulosas. Julie já se imaginava nas flores com David. Seria uma cena de conto de fadas, mas, logo lembra que jamais poderia levar David Marshall com sua irmã em tormentos. Tal pensamento lhe rendeu um suspiro e mais uma xícara de café, seu novo vício.

– Bem, eu vou para a loja. Podem se divertir, garotas, com as flores, pois eu fico com as cervejas.

– Tom irá também? – pergunta Ben.

– Papai, o senhor se importaria em deixar Tom livre hoje para o festival. – Julie olha para o pai com a cara de quem já sabe a resposta. Solta um leve sorriso.

– Nada me faria mais feliz que deixar Tom em casa. – O olhar de Ben foi totalmente sincero.

– Ótimo! Assim poderemos ir todos no festival. – Ela o abraça e, sorrindo, sobe as escadas para falar as novidades a seu querido imaginário.

– Então, lá vamos nós no festival.

– Você sabe que as pessoas vão olhar, não é? – diz Ben, direcionando seu olhar a Julie.

– Sei, e estou pronta para amassar a cara de qualquer um deles. Logo depois eu volto a olhar as plantas com vistas de quem deseja um mundo melhor. – Ambos riem e logo mais Ben fala:

– Só não arrume problemas, por favor.

– Tudo bem, pai. Eu só quero que ela se divirta um pouco. Estou cansada de ver ela sempre aqui trancada.

– Eu entendo, Julie, mas só não deixe que ninguém a magoe.

– Tudo bem.

 Querendo respirar um pouco o ar de abril, Julie sai rumo à varanda e, analisando a madeira pintada de amarelo-claro, lembra-se dos cabelos de David. Ela começa a pensar que talvez ele pudesse ser mais que um amigo. Nada estava totalmente descartado. Ele era sincero, amigável e, claro, muito bonito, mas ela sabia que o conhecia há muito pouco tempo, e que precisaria ter confiança nele, antes de abrir seu coração, pois nele estava Nancy. Ela não tivera muitas experiências amorosas, talvez um caso ou dois, mas nunca nada muito intenso, ela tinha um pouco de medo de que a pessoa que ela amasse, viesse a não gostar de Nancy. O melhor a fazer era dizer a verdade, muitos já haviam dito que ela é a única que liberta, poderia até ser, mas Julie lembra que sempre que ela optou pela verdade, as pessoas se afastaram e era sempre uma bola de decepções. Em tormentos, ela percorreu os olhos para o alto, e o céu claro, mais uma vez, lembrou David, dessa vez dos lindos olhos penetrantes dele, e ela se odiou por todo aquele lugar. Tudo parecia tão romântico por lá, e ainda teria as tulipas para fazer Julie se derreter toda como manteiga. Era amor? Estaria ela amando? Isso era loucura, conhecer alguém há tão pouco tempo e já sentir que ela faz parte da sua vida, mas ela queria sentir aquilo e sabia bem que isso era torturante. De repente, Julie pensa que ela não tem nada a temer. Sua vida já era uma tremenda bola de neve e arriscar aos trinta deveria ser sua meta principal para não virar uma tia carrancuda que faz da vida dos outros um inferno. Tal pensamento a fez recordar do seu velho amigo cigarro, mas logo avistou David Marshall, que acabava de sair para botar o lixo na rua. Ela sorri, e ele, deixando o lixo na lixeira, vai ao seu encontro.

Você Vê O Que Eu Vejo? COMPLETO NA AMAZON!Onde histórias criam vida. Descubra agora