Tudo estava se movendo rapidamente. Nancy via o cinza em toda parte. Ela respirava lentamente e via seu pai e irmã entrecortado, junto com David Marshall. Ela estava com a pressão baixíssima e fora levada para o hospital de Vernon. Ela ouvia muito pouco do que falavam ao seu redor, e do fundo de sua mente, ela lembrou uma voz que ela jamais esqueceria. A voz a chamou, bem levemente, e depois desapareceu.
– Tom! – Ela levanta da cama, e todos a olham abismados. Ela havia adormecido há umas três horas.
– Nancy! Você está bem? Como se sente? – pergunta Julie.
– Onde ele está? Eu o ouvi Julie, ele me chamou.
– Nancy, você ficou com a pressão baixa e a trouxemos para cá. Amanhã você viajará comigo e sua irmã para Nova Iorque e irá conhecer muitas pessoas que vivem como você. – Ele mantinha seus olhos claros cintilantes e ela sentiu um conforto naquele olhar.
– Doutor, eu não posso evitar sentir a falta dele. Eu o amo ardentemente. Não sei se vou aguentar viver sem Tom.
– Me chame de David, por favor, Nancy. Você sabe que ele não era real. Tom fazia parte de uma serie de coisas de que você tentava se livrar, inconscientemente. Eu sinto não poder falar abertamente com você agora, mas depois que você descansar bastante, eu vou ajudar em todas as suas dúvidas. Não se esqueça do quanto você é especial para nós. – Ele sorri alegre, e Julie o ama cada vez mais. Aquele homem era o que em anos ela entedia por Deus. Bondoso, generoso, amigo, ela poderia entrar noite adentro, achando as melhores palavras para descrevê-lo.
– Mas, David, para mim ele era. Era como todos vocês. Ele tinha o que todos vocês têm, olhar, voz, calor e amor. Ele era minha base, e não sei se vou querer me esquecer de tudo o que ele me deixou.
David não sabia o que fazer, pois ali ele não podia cuidar dela adequadamente. Ele via o sofrimento da verdade que pousava naquele olhar agora, e desejou que ela melhorasse logo para irem à Nova Iorque o mais rápido possível. Afinal ele apenas tinha aberto os olhos de Nancy, mas sabia que sua mente ainda estava vulnerável. Tom ainda estava ali dentro e louco para sair outra vez. Ele poderia cuidar disso definitivamente com muito trabalho e força de vontade por parte de Nancy. Julie estaria sempre o apoiando e isso seria maravilhoso para a melhora dela. David agora precisava apenas mantê-la sempre calma e aberta para conversar com ele.
O tempo passou depressa e eram 6 horas da manhã de domingo, quando Julie Cárter acordou ao lado da irmã que dormia tranquilamente no hospital. Ela sorria ao olhar Nancy, um alívio veio em seu coração por saber que a irmã estava de volta para a vida real. Ela levantou da poltrona, com o pescoço meio duro, mas depois deu uma alongada leve e, espreguiçando-se, saiu do quarto para ir à sala da recepção. Lá ela andou até a cafeteria e comprou um café expresso. Voltando ao quarto, Nancy já estava acordada e a olhava um pouco assustada.
– Tudo bem? – pergunta Julie, tocando-a nos cabelos.
– Estou melhor. Eles me deram alguma coisa para dormir? Nancy sorri.
– Sim, mas tudo está sob as ordens médicas. Você tinha de relaxar um pouco, e nós achamos melhor que você descanse antes de ir para Nova Iorque.
– Eu me lembro de lá. Lembro-me de nossa casa. Tom já vivia comigo, e ele adorava o nosso quarto azul-celeste. É engraçado, na real, eu que gostava, ele apenas refletia meu gosto.
– Nancy. – Julie a abraçou forte.
– Eu quero esquecer. Eu quero voltar a viver com vocês. Não suporto a ideia de fazer papai sofrer, mas, eu não o consigo esquecer. Ele não é uma personagem de um livro, ele é real para mim. – Ela chorava com Julie em seus braços.
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Literatura FemininaO cheiro dele se apresenta e ela reconheceria seu cheiro em qualquer lugar, estando onde estivesse, pois ele estava marcado em sua mente e memória. Uma vez na memória, seria para sempre lembrado e vivido. Ela se vê toda em sorrisos, gira o cabelo ru...