Capítulo 11 - Clínica Marshall

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As ruas estavam agitadas e multidões de pessoas saíam rumo a seus trabalhos. David dirigia seu volvo cinza e Julie o acompanhava na frente. Enquanto desfrutavam da visão da quinta avenida ao som de Sinatra, Nancy lembrava-se de Tom cantando para ela todas as noites. Ela ainda se lembrava de tudo e sabia que lembraria por ainda muitos anos daqueles belos sorrisos. Quando sua mente retornou, ela notou o grande prédio azul celeste que surgiu a sua frente. Era a clínica Marshall. Logo David sai do carro e vai abrir a porta para as duas. Terminado isso, ele caminha com ambas mostrando todo o prédio da ala A. Elas entram na sala de recepção, e, lá, Nancy gosta das flores amarelas, onde lindas orquídeas envolvem a porta de entrada. Já Julie olha para o pessoal que passa e para David, que era querido por todos. A garota da recepção lhe mostrou um belo sorriso, o que Julie observou delicadamente. A sala toda era luminosa e a cor branca pairava em todo o ambiente. Era, sem dúvida, nada parecido com os lugares em que Nancy esteve antes. Os móveis, as roupas eram impecáveis. Ela se sentiu mais calma naquele ambiente. Julie a segurava pelo ombro. David Marshall só para quando ele se vê frente a uma sala de porta verde.

– Esta é a sala de um paciente muito querido. Ele vem todos os dias pela manhã e vai à noite para casa. Ele nos acompanha desde seus trinta e um anos.

– O que ele tem? – Julie olha curiosa.

– Tem transtorno mental esquizofrênico.

– O que eu tenho. – Nancy pega a mão de Julie.

– Bem, Eric é muito diferente. O quadro dele era muito mais agravado, foi preciso o uso de medicamentos e, com muita sorte, ele hoje vive calmamente com a mãe. Claro, hoje ele está muito melhor. Toma sua medicação em dia, e não mais se manifesta sobre seus atos o outro sujeito. Vocês querem conhecê-lo? – Ambas afirmam com a cabeça.

– Ótimo. Podem entrar. – Ele mostra o caminho apontando com a mão para dentro do quarto.

Elas entram e um homem de uns cinquenta anos lá estava. Seus cabelos eram brancos e uma barba tapava sua boca. Ele aguardava mais uma de suas terapias habituais. Quando ele as nota, dá um sorriso breve e levanta de sua cadeira.

– Quero-lhe apresentar minhas duas amigas, Eric, Nancy e Julie Cárter. Esse é Eric Smith.

– Olá! – respondem quase ao mesmo tempo.

– Olá! É bom ver você Dr. Marshall. – Ele aperta a mão de David.

– Ele não lembra mais do outro cara. Agora é só ele. A medicação, juntamente com a terapia toda tem lhe ajudado todos esses anos.

– Isso é possível? – Julie o olha com alívio.

– É. Por isso, eu as trouxe aqui, para que vissem que se é possível fazer a outra "personalidade" partir. Basta não desistir, e no caso de Nancy é possível fazer ela não ter mais as alucinações, ou seja, ouvir e ver o que não é real. Ela talvez nem precise de medicação. Estou pensando em fazer diferente com ela. Você disse que com os outros psiquiatras ela sempre retornava ao estado inicial, não é mesmo?

– Sim, sempre.

– Mesmo ela tendo mantido as medicações? Correto?

– Bem, ela tomava os medicamentos, mas, na verdade, eu acho que ela desistia de ser quem ela era, e voltava ao seu mundo, ela não tomava mais os remédios quando isso ocorria. Ver Tom era tudo que ela desejava.

– Interessante. Bem, então ela parava o tratamento com os medicamentos antipsicóticos. Parece-me que Nancy tem uma esquizofrênia residual. Apesar de ela ver e ouvir coisas irreais, ela não está em um quadro de perturbação mental, ou isolamentos, etc. Enfim, não posso afirmar ainda sem examiná-la corretamente para fazer o diagnóstico, mas, talvez, eu tente com ela somente a terapia de apoio. Pelo menos, no início, ela está se saindo tão bem ,Julie, que vou dar uma chance para a sorte.

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