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No dia seguinte, Alvo não queria mais falar com ninguém. Era como se algo apertasse sua garganta e uma coisa gelada espremesse seu coração. Ele estava com tudo aquilo entalado ali dentro. Queria desabafar com alguém. Sentia um misto de medo, ansiedade, e até um pouco de vontade de se provar. Sentia tudo isso, menos o que realmente precisava sentir: coragem. Coragem para provar ao irmão que honrava sua família... Que merecia ser irmão de Tiago Potter... Coragem... Algo que nunca faltara ao irmão mais velho e uma coisa que Alvo invejava nele, mas não sabia realmente como era sentir isso... Sempre teve medo... Medo de coisas bobas, coisas que nem ele sabia o porquê tinha medo, mas tinha... Medo... Uma coisa que sempre o assombrara, e era como se... Se sua coragem estivesse em uma caixinha dentro dele, uma caixinha bem no fundo de seu coração, mas que jamais fora aberta, pois estava chaveada. Agora, Alvo duvidava muito que um dia fosse achar essa chave...

Havia saído da aula de Defesa Contra as Artes das Trevas cheio de deveres. Por sorte, dissera a Draco que estava com dor de cabeça, e este o deixara sair mais cedo. Não era mentira, com tudo que havia escutado nos últimos dias ele realmente não estava se sentindo bem. Fora para a ala hospitalar e Madame Pomfrey lhe dera uma poção que diminuiu a dor, ela até o deixara descansar ali. Ele deitou-se e tirou um cochilo, mas até em seus sonhos Tiago vinha o atormentar dizendo que ele era um medroso. Ele lembrou-se que o pai já tomara uma Poção Para Dormir Sem Sonhar, e teve um impulso de pedi-la à Madame Pomfrey. Depois que acordou, ele voltou para a Sala Comunal da Grifinória. Estava cheia, as aulas já haviam acabado fazia tempo. Em um cantinho, em uma escrivaninha, achavam-se Carlos e Rosa. Carlos dormia, debruçado em cima de seus deveres, e Rosa lia um livro.

–Oi... –disse ele, sentando-se junto à prima e ao amigo.

–Você está bem? –perguntou Rosa, abaixando o livro.

–Estou melhor. –foi o que ele disse.

Não era verdade. Não sentia diferença alguma desde que deixara à aula, e Rosa parecia saber disso, pois lhe deu um olhar de reprovação.

–Você é um péssimo mentiroso. –disse.

–Estou com medo. –admitiu. –Sei que isso não é nenhuma novidade, você já deve estar cansada de me ouvir dizer isso, mas agora não é apenas uma bronca que eu vou levar da mamãe, ou desapontar o papai, é minha vida que está em risco.

–Você tem sido muito corajoso, Al... –disse Rosa o animando. Alvo riu daquilo. –É verdade! Não é, Carlos? Carlos! Carlos acorda!

–Hã? O quê? –perguntou o garoto assustado, acordando. –Não fui eu! Deve ter sido o Matt...

–Não é verdade que é o Al tem sido muito corajoso? –perguntou Rosa olhando brava para o amigo.

–Ah... Claro! Muito corajoso! –disse Carlos depressa. Alvo também riu daquilo. –Cara, tem um assassino vindo para Hogwarts e quer matar você!

–Ah... Obrigado por me lembrar! –disse Alvo mal-humorado. Não estava nem ligando se estava sendo grosso com Carlos. Não estava ligando para mais nada.

–Olha... –disse Carlos. –Não estou falando só disso... Você sempre foi bem corajoso, Al... Você defendeu a Rosa no trem...

–E se o Tiago não estivesse lá eu provavelmente iria direto para a ala hospitalar! –disse Alvo irritado.

–OK... –disse Carlos pensando. –Então... Você participou de um duelo! E venceu!

–Graças ao Tiago! –disse ele, quase gritando. –Se ele não estivesse lá eu não estaria tão seguro! Eu só duelei de verdade porque sabia que se algo acontecesse, ele me defenderia! Foi sempre o Tiago! E eu tenho vivido na sombra dele todos esses anos! Ele sempre foi o corajoso! Ele sempre foi o melhor! Eu sempre fui o medroso e ele estava certo quando brigou comigo! Quem iria querer ser o irmão mais velho de um bebê chorão feito eu? Eu sou um medroso!

alvo Potter eo medalhão de patraOnde histórias criam vida. Descubra agora