Capítulo I – Os Príncipes de Austera
Meu nome é Katherine Belicova, tenho dezoito anos e cinco irmãs, comigo completando seis. Minha mãe Grace é casada com o meu pai John, dono de uma fábrica que acabou falindo. Sou a segunda filha mais velha, Amélia tem vinte anos e é a mais velha. Ah, o que estou fazendo no momento? Bom, estou sentada sobre um pano de mesa no chão de uma campina, encostada em uma arvore lendo um livro. Meu passatempo preferido é ler. Não posso e não sei fazer mais nada de bom a não ser ler. O que é viver sem ler? Somos transportados para mundos que nunca pensamos que poderiam existir, mas no momento estou lendo um livro de romance.
Certo dia fui em uma biblioteca, peguei um livro de citações e abri em uma página qualquer. Eu adorei aquela citação que pertencia a Carlos Drummond de Andrade. Ela dizia:
“Carlos, sossegue,
O amor é isso que você está vendo:
Hoje beija, amanhã não beija,
Depois de amanhã é domingo
E segunda-feira ninguém sabe
O que será.”
- Katherine! – Ouvi alguém chamar-me. Virei-me em direção ao som que escutara e vi que era Maisie, a minha irmã mais nova. Ela tem doze anos.
- Maisie, o que você está fazendo aqui?
- A mamãe está te chamando.
- Por quê?
- Se eu te contar você não vai pra casa...
- E se você não contar, eu não vou mesmo! – Completei a sua frase.
- Você precisa vir.
- Não posso terminar esse capítulo?
- Vamos.
- Tudo bem.
Maisie era bem nova, é a mais nova de todas nós. É inteligente e bem dócil, mas ás vezes ela poderia ser irritante como um troll brincalhão nos livros de aventura. Era única que me entendia, além de meu pai. Minha mãe e minhas irmãs não entendiam meu gosto pela leitura.
- Como você encontrou-me? – Estava curiosa para saber.
- Eu sabia que você estava na campina. Você sempre está aqui. – Maisie respondeu.
Eu e Maisie andávamos pela enorme e vasta campina que tinha uma grama verde-folha. Um verde muito claro que transparecia calma, combinando com um dia ensolarado e pássaros cantando. Andamos até chegarmos à cidade, Oregon. Eu morava numa aldeia um pouco mais afastada da cidade.
- Katherine Belicova onde a senhorita estava? – Minha mãe dizia num tom de impaciência.
- Eu estava aqui perto mãe. – Menti. Minha mãe odiava que eu fosse à campina.
- O que a senhorita estava fazendo?
- Lendo.
- Você só sabe ler? Não responda. Venha à sala e junte-se a nós. – Eu a segui até a sala e sentei no sofá com as minhas irmãs.