Capítulo 5

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A semana literalmente voou.

Durante as aulas eu e Elisa nos olhávamos como se fossemos Anúbis olhando para Hades.

A semana foi pacifica (digamos assim, bom, pelo menos eu não ataquei ela e nem ela fez isso comigo), não posso negar, a não ser pelo fato de termos dito piadinhas uma para a outra, não posso negar.

Lucas não apareceu na escola (nós já sabíamos os seus motivos, a gripe), o que ocasionou na vinda de Augusto até o meu Instagram e mais uma vez ele perguntou o porquê de ele não ter aparecido nas aulas. Eu lhe expliquei os motivos, com uma certa estranheza. Porque ele quer saber tanto?

Estou na casa de Daniel. É a primeira vez que venho aqui desde que nós nos conhecemos. Conheci os seus pais, Salles e Viviane, uns amores, isso posso dizer com toda a certeza. Me trataram bem desde a hora que eu cheguei. Eles me perguntaram de onde eu era, quem eram meus pais e a minha tia e pareceram aprovar a nossa amizade.

Em um súbito deslize, eles me falaram que o Dan fala bastante de mim — espero que sejam coisas boas, pois não quero colocar ele na minha listinha negra.

Ainda me falta conhecer o pai (Marcelo) de Lucas. Ele já me falou algumas vezes. Seu pai o aceita (sua orientação sexual) e respeita, lhe tratando como um bebê, digamos assim. Lucas me disse que a sua mãe morreu no parto, então, me restrinjo a falar sobre sua família, isso pode ser doloroso.

Antes de sair de casa eu fiz uma pequena listinha sobre quais trabalhos tínhamos para fazer. Com toda a certeza durante essa noite não conseguiríamos terminar todos eles.

Eu cheguei aqui na casa de Dan eram 16h00 e agora já são quase 23h00. Titia deve estar furiosa, me chamando de tudo o que não presta, pois eu lhe disse que iria para casa às 20h00 em ponto.

Eu descobri algumas peculiaridades sobre ele. Eu nunca poderia imaginar que ele já tinha tirado a carteira de motorista e além de tudo, tem uma moto e tem permissão para dirigir o carro do pai.

— Eu nunca poderia imaginar que você dirigia — Olhei sorrindo.

— Eu sou uma caixinha de surpresas — Disse apontando para si mesmo e deu um sorriso largo, porém, cansado.

— Isso não é o que me preocupa, mas sim o fato de que já são quase 23h00 — Olhei temerosa.

— A sua tia deve estar o próprio Satã — Riu da minha cara.

— Isso, ria. Pode rir.

Ele está rindo de mim em meio a um caso de vida ou morte, será que ele é capaz de assimilar os fatos?

— Desculpe — Continuou a rir.

— Acho melhor pararmos por hoje — Falei já exausta.

Eu nunca pensei que teria de fazer tantos trabalhos assim em toda a minha vida. O bom de tudo isso é que eu estou liberada das aulas de sociologia, talvez a única bondade seja isso.

Para uma escola estadual, eu fiquei surpresa, chega a se igualar a uma instituição privada.

Literalmente a sua estrutura deteriorada não influencia no aprendizado.

Vi que Dan também está tão cansado quanto eu. Ele boceja.

Eu cheguei tão afoita para fazer os trabalhos que somente agora, um pouco sonolenta é que posso ver o eu quarto.

Ele é bem espaçoso; há uma cama de solteiro no canto da parede; na parte de cima tem duas prateleiras, cheias de livros e alguns bonequinhos, que não sei dizer o que são; ele tem uma escrivaninha no lado oposto ao da cama e tem algo que eu amo, ar-condicionado. Eu juro que poderia ficar aqui para sempre.

Amor (nem tão) Por AcasoOnde histórias criam vida. Descubra agora