Encontro Daniel em frente à minha casa, assim como tínhamos combinado pelo WhatsApp, durante a noite passada.
— Você está horrível — Ele diz ao me olhar. Ri — Parece que passou a noite todinha em claro fazendo o que não deve — Riu ainda mais alto.
— Eu sei — Olho para ele com a cara de zangada, para talvez assim ele não ficar me amolando.
Minha noite foi de fato horrível.
Primeiro eu passei quase três horas elaborando a minha dissertação sobre o preconceito — eu achei bem necessário, mas será que eles fizeram? Confesso que me deu um trabalho gigantesco. Mas, eu tenho certeza que ela ficou perfeita. Tem mais do que mil e quinhentas palavras, eu sei disso.
Isso foi das 19h00 até as 22h45, quando Lucas me enviou uma mensagem, dizendo que estava doente, acabou pegando uma gripe por tomar banho coma agua gelada demais e que não poderia ir hoje para a escola. Ficamos conversando até às 00h00.
Eu acabei perguntando sobre o trabalho e ele me avisou que enviaria por e-mail para o professor, então fiquei despreocupada sobre isso.
Ele disse que ia dormir, quando Daniel me chamou para conversar e ficamos nisso até às 00h50.
Eu bloquei a tela do celular e o coloquei em baixo do travesseiro. Fechei meus olhos e quando abro, já são 06h00. Um inferno, isso sim.
— Quer um abraço? — Daniel pergunta encostado no muro.
— Eu aceito.
Antes que ele pudesse abrir os braços, eu despenquei em cima dele. Bocejei.
— Obrigada — Sorri ao me recompor.
— Onde está o Lucas? — Ele pergunta.
— Ele ficou doente, acho que vai passar uns três dias sem ir para a escola.
— Ontem foi o primeiro dia e você já arrumou encrenca e o Lucas já está doente de novo.
— Eu não tive culpa daquela chatinha ter me amolado tanto a esse ponto — Dei de ombros.
Fomos andando em direção a escola.
Passamos em frente a um açougue, onde cumprimentamos o dono. Depois um mercadinho. Mas, quando chegamos em frente a uma rua sem saída, vimos o Augusto, brigando com outro rapaz.
O rapaz está todo vermelho e consegui ver um corte em sua testa e sangue escorrendo pelo nariz e pelo canto da boca.
— Meu Deus!
Eu acho que disse um pouco alto demais. Ele nos olhou.
Daniel saiu me puxando pelo braço, o mais rápido que ele podia.
O que foi aquilo? O crush do meu melhor amigo estava batendo em um outro rapaz, um pouco menor e menos forte que ele.
— O que nós dois vimos, fica onde vimos — Daniel disse baixinho — Vamos tratar ele como se ele não tivesse batido em alguém.
— Eu sei, mas...
— Julia, tem de ser assim — Falou — Ele tem cara de participar de algum grupo criminoso, mas não podemos julgar um livro pela capa, não é? — Me olhou enquanto andávamos.
— Sim....
Ficamos todo o caminho em silêncio. Mas, tudo aquilo foi estranho demais e me deu um certo medo.
Quem ele poderia ser na verdade?
...
Quando Lucas não está por perto, isso deixa o ambiente um pouco sem vida, mas nem por isso ficamos desanimados. Eu e Daniel sempre conversamos bastante. Eu tenho um grande apreço por ele.

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Amor (nem tão) Por Acaso
Roman d'amourJúlia vieira sai de sua antiga cidade para ir morar com a sua tia Antônia. Os problemas com seu ex-namorado fizeram com que a jovem tomasse tal decisão. Enfrentando alguns fantasmas do que lhe aconteceu, ela tem consigo dois melhores amigos, Lucas e...