Capítulo 16

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Os meses voaram. Estamos em novembro. Já fizemos as penúltimas provas e estamos contando os dias para as provas finais e assim nos vemos livres da escola, graças a Deus.

Uma semana antes de eu ter revelado tudo para os garotos, eu liguei para os meus pais e lhes disse a real situação. Eles quase me obrigaram a voltar para casa, mas eu disse que ficaria por aqui, pelo menos até terminarem as aulas.

Eles acabaram compreendendo tudo.

Eu fico feliz em poder dizer, eu agora me sinto completamente liberta. Eu estou me sentindo tão leve quanto uma folha pairando pelo ar.

Meu namoro com Daniel já tem seis meses está melhor do que no começo. Ele me entende e eu entendo ele. Nós não estamos escondendo nenhum segredo e estamos sendo francos um com o outro, em relação a tudo.

Na escola, as semanas passaram e Pedro ainda continuava ali, sem fazer nada com que nós suspeitássemos. Sempre sentando na fileira da frente e usando a farda da escola.

Ele está chamando um pouco da atenção por ter um porte físico bonito e também por ser bonito, mas, vendo por esse lado, eu acho que eu deveria estar cega.

É sexta-feira, estamos todos saindo da última aula, assistimos aula de física (eu tenho um imenso nojo por isso).

Estou abraçada com Daniel. Aprendi a não ter medo de fazer isso na frente de Pedro, mas, eis então que ele nos aborda.

— Oi, Júlia — Ele diz um pouco baixo.

— O que você quer? — Daniel pergunta meio sério.

— Eu quero convidar você, para irmos amanhã de manhã na praça — Ele diz.

— Por que eu deveria aceitar? — Olho fixamente para seus olhos.

Se Lucas estivesse aqui, já estaria dando metade do seu show de deboche. Mas, eles foram os primeiros a sair.

Pedro está me parecendo um pouco mais diferente que o normal. Ele me parece meio abalado, não sei ao certo. Mas, por que eu deveria estar preocupada?

— O que eu tenho a dizer é importante — Ele diz.

— Então por que não fala aqui? — Daniel intervém.

— Está bem — Ele respira fundo e ajeita a camisa — Mas vamos pelo menos para os bancos — Apontou para os banquinhos brancos, em frente a cozinha.

Eu não estou entendo nada disso, nada mesmo. Troco olharem com Daniel e ele parece tão confuso quanto eu.

Chegamos aos banquinhos e nos sentamos. Sentei ao lado de Dan e Pedro sentou à nossa frente.

— Primeiro — Ele diz fazendo uma pequena pausa — Eu, inteiramente, quero pedir perdão a você — Ele me olha, seus olhos estão brilhando — Eu não sei o que me deu para agir assim..., mas eu vim aqui e estou quase terminando os meus estudos, mas eu também vim para buscar o seu perdão — Ele parece suplicar — E não, eu não vim pedir que você volte a namorar comigo, eu vim pedir para você me desculpar, para você me perdoar — Ele respira fundo.

— Eu não estou entendo — Digo dispersa.

— Esses últimos meses eu andei pensando e me veio à cabeça que a melhor forma de esquecer de você é quando eu receber o seu perdão — Ele diz.

— Mas eu te perdoo — Digo sorrindo.

— Se for de coração eu aceito — Ele dá um meio sorriso.

— Sem dúvida é sim — Sorrio, não sabendo o porquê.

Isso está muito estranho. Não sei qual o motivo de eu estar sorrindo para isso.

Percebo que Daniel está bem estranho, mas não quero questionar ele.

— Antes eu ainda estava disposto a tentar reconquistar você, mas aí eu vi que já tina lhe perdido e, também foi bom, me fez enxergar os erros que eu cometi — Falou.

— Sim — Digo firme.

— Mas, agora eu preciso me despedir — Ele estende a mão para mim.

— Como assim? — Pergunto confusa, para o meu próprio espanto.

— Amanhã bem cedo sai o meu voo para os Estados Unidos. Eu consegui uma bolsa para estudar na faculdade e poder jogar futebol americano — Ele sorri.

Eu sabia que ele tinha uma grande vontade de estudar nos EUA, mas não sabia que isso realmente se realizou. Ainda mais pelo fato de ele amar futebol, nem que seja o americano. Eu particularmente acho uma coisa muito bruta.

— Para falar a verdade isso me deixou feliz, mas de uma forma surpresa — Digo.

— Eu tenho a dizer que foi bom enquanto durou, mas a vida segue e eu espero ter melhorado e aprendido o bastante com você — Ele sorri — Mas agora eu preciso ir — Estende a mão para mim e eu a aperto, depois ele estende para Daniel, que aperta com um pouco de receio — Cuide bem dela, você tem um grande tesouro — Ele completa e sorri para nós dois.

Pedro se levanta da mesa e começa a caminhar em direção a saída escola.

Eu e Daniel continuamos sentados, até que o porteiro da escola vem nos chamar, dizendo que já está tarde demais para estarmos ali.

Vamos andando. Estou segurando na cintura de Dan e pensando em tudo o que aconteceu.

Foi um ano bem agitado.

O céu está nublado e eu continuo pensando.

No começo eu achei que Pedro veio para me fazer algum mal, mas não, ele me fez um bem danado. E, eu estou bem feliz em saber que ele conseguiu evoluir enquanto homem, melhorou as suas atitudes e conseguiu realizar o sonho de ir estudar nos Estados Unidos.

Eu me sinto feliz por completo.

Sorrio e dou beijo na bochecha de Dan, enquanto vamos para casa. 

Amor (nem tão) Por AcasoOnde histórias criam vida. Descubra agora