Epílogo

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Eu nem posso acreditar que estou de volta a minha cidadezinha.

Respiro fundo e sinto o tão velho cheiro de quase terra.

Foram mais de quatro horas de viagem, voltando para cá.

Trago comigo algumas malas.

Daniel, Lucas e Augusto vieram, depois de eu tanto insistir. Mamãe e papai nem sonham que eu estou de volta e ainda mais trazendo três rapazes para dormir por algumas semanas.

— Que cidade bonita — Lucas comenta sorrindo.

— Siiim — Digo feliz.

Cumprimento algumas pessoas conhecidas na rua.

Logo a frente avisto a minha casa. E, como é bom estar de volta. É muito bom voltar e se sentir livre de novo.

— Eu moro logo ali — Apontou para a frente.

— Meu medo é que seus pais nos expulsem — Daniel diz temeroso.

— Qualquer coisa eu construo uma barraca — Augusto gargalha.

Percebo que papai deve ter pintado a frente da casa.

Eu deixei muita coisa para trás, mas que agora eu vou retomar, talvez.

Mas eu ainda penso em voltar para a casa de titia, para poder ir para a faculdade.

Enfim chegamos em frente ao portão.

Deixamos todas as malas no chão, pois cansou bastante trazer tudo do ponto do ônibus até aqui.

Vejo que a porta está fechada, então bato palmas, assim eles não sabem quem pode ser. Bato palmas novamente e não obtivemos respostas.

— Será que eles não estão em casa? — Lucas questiona.

Mas, antes que eu possa responder, ouço abrirem a porta e quando ela é aberta, vejo mamãe sorrindo.

— Júlia — Ela diz feliz e vem até mim, me abraçando e beijando a minha bochecha.

— Eu estava morrendo de saudades — Digo quase chorando. Lhe dou um abraço apertado — Cadê o papai?

— Está na cozinha — Diz.

— Mamãe, eu trouxe meus amigos e meu namorado — Aponto para eles.

Eu percebo que eles estão sem graça, mas logo vão perder a timidez.

— Você é o Daniel — Ouço quando ela diz empolgada.

Eu entro e vou para a cozinha, onde vejo o papai ainda tomando café.

Abro meus braços, como se fosse voar e vou me aproximando dele.

— Eu estava morrendo de saudades — Digo lhe abraçando.

— Eu deveria dar uma surra em você, por ter saído assim de casa — Ele diz sério e me abraça, beijando minha testa.

— Papai, eu trouxe o meu namorado e meus dois amigos — Digo esperando uma resposta negativa.

— Ainda bem que trouxe ele, porque eu preciso ter uma séria conversa com ele. Quero saber cara a cara quais são as intenções dele — Diz indo até a sala.

...

Eu fiz o almoço quase todo.

Estamos sentados à mesa e o clima é o melhor de todos.

Papai e Daniel se entenderam.

Papai e mamãe respeitaram a escola de Augusto e Lucas. Eu sei que eles ainda acham isso estranho, mas tem de entender que é algo normal. A única coisa que eles exigiram foi que Lucas dormisse no meu quarto e Daniel e Augusto no outro.

Eu andei conversando com papai sobre continuar morando com titia e poder fazer a faculdade na outra cidade, mas isso é uma história para outro dia.

Agora, eu estou feliz em ter toda a minha família reunida, menos titia, que não quis vir.

Pedro já deve estar estudando nos EUA e eu estou super feliz por isso.

Elisa Souza conseguiu ser aprovada, assim como nós e eu soube que ela está trabalhando no escritório do pai. Eu e ela trocamos nosso número de celular — vejo isso como uma forma e construir uma amizade ou pelo menos algo próximo a isso.

Daqui há alguns meses eu e Daniel fazemos um ano de namoro e isso tem sido a melhor do mundo.

Eu posso dizer que vivi o medo e o perigo, mas aprendi a superar ele.

Estou tão feliz em saber que tenho pessoas maravilhosas ao meu lado.

Daniel está me fazendo rever tudo o que eu sempre pensei que voltaria a acontecer. Nós combinamos de que se tivesse de ser, seria e se não, seriamos francos um com o outro e continuaríamos amigos.

Acho que o nosso amor aconteceu nem tão por acaso. Pode ser que já tenha sido planejado. Mas, independentemente de qualquer coisa, me faz bem.

Eu o amo. O amo muito.

Júlia Vieira 

Amor (nem tão) Por AcasoOnde histórias criam vida. Descubra agora