Só tinha de ser com você

Baile da gaiola

Gabriela POV

Saímos dos estúdios do BBB e seguimos para a festa da final, onde todos se reuniriam. Apesar de meu desconforto com a vencedora e alguns outros participantes, estava animada para dançar e curtir com os amigos que o programa me deu. Tinha saudade da galera toda dançando, aos berros, no comando de Dan e Elana, o hino da edição "hoje eu vou parar na gaiola".

Eram quase 2h quando decidi fumar um cigarro, antes que fôssemos para a festa de nosso grupo, em uma boate próxima dali.

Revezava entre tragos lentos e goles de cerveja, quando ouvi uma voz rouca gritando e diminuindo o tom, conforme se aproximava: - Eita nega, não vai largar desse cigarro não? Venha, deixa eu te ajudar!

Me virei e era quem deveria ser, Carolina Peixinho, que logo tratou de tomar o cigarro de meus dedos, para dar um trago rápido e profundo, antes de devolve-lo.

- Tá fazendo o que aqui sozinha? - Ela perguntou com um sorriso largo no rosto. Carolina estava descabelada e pingando de tanto dançar.

- To aqui tomando um ar... desde minha eliminação não tenho tempo pra nada. Se prepare! - ri fraco e traguei novamente.

- É, hoje já foi uma correria surreal. To amando o carinho dos fãs. São muito calorosos e curiosos. Me enchem de perguntas sobre Alan... sobre você. - Ela me disse, olhando pra frente e tomando meu cigarro para tragar mais uma vez. Senti que esperava por uma reação, mas apenas assenti com a cabeça, enquanto ria.

- Você acha que gafish foi real? - ela continuou, se virando de frente, talvez para ver minha reação.

- É isso que mais me perguntam! Você acredita? - completou, antes que eu pudesse abrir a boca.

No mesmo instante, pude ouvir Vivian, gritando "gafish é real" enquanto filmava-nos em seus stories. Vivian de fato era a maior caprichete da internet, e nisso ninguém podia discordar.

- Que sorte tive do meu bate papo depois da eliminação não ter sido com você, Vivian! - ri, enquanto ela editava o story, eufórica.

- Meus seguidores vão pirar! Por mais que não seja real, deixem a galera feliz um pouco! - respondeu, enquanto se afastava, sorrindo e dançando.

Antes que Carolina pudesse falar alguma coisa, Hana, de modo grosseiro, nós interrompeu para avisar que nosso motorista havia chegado para nos levar para a outra festa.

Tratei de abraçá-la e me despedir - a gente se vê bahêa.

...

A festa da gaiola estava linda. Amigos de Hana, Danrley e Rodrigo, meus familiares e de Rízia enchiam o extenso salão da boate. Chegamos todos ao mesmo tempo, com exceção de Alan, causando furor em todos os convidados.

Fui recebida pela minha ex namorada, a famosa cheiro e umas amigas de Ribeirão Preto. Curtimos, dançamos e nos embriagamos, nos mais altos níveis. O funk dominou pela noite toda, até alguém ter a audácia de pedir para que o DJ tocasse alguns pagodes antigos.

Estava no bar pegando uma cerveja, quando ouvi os seguintes versos:

"Eu menti
Quando disse que não te queria
Quando disse que minha alegria
Era viver longe de você...

O amor faz a gente enlouquecer
Faz a gente dizer coisas,
Pra depois se arrepender
Mas depois, vem aquele calafrio
E o medo da solidão nos faz perder o desafio (...)"

Comecei a rir, sozinha, provocando estranheza em Maria Laura, que estava ao meu lado. - Tá rindo de quê, hein? - perguntou, curiosa e receosa com o que poderia vir a seguir.
- Não é nada, essa musica me lembrou de alguns momentos. - respondi, sem esboçar qualquer reação que pudesse ser suspeita. - Vamos, Rizão fica louca quando eu sumo. - Tomei-a pela mão e trouxe para perto do grupo.

Apesar de feliz, estava exausta e confusa. - Porque diabos Peixinho perguntaria se gafish era real, quando ela afirmava ter sido apenas amizade? Quer dizer, diz que ela que é isso que perguntam a ela por todo lado, mas será que ela não jogou verde comigo? E o lance do Alan? Ah, não! Deixa disso Gabriela. - pensei.

Sentei, acendi outro paieiro e decidi apenas curtir aquela música, que eu e Carolina amávamos.

- Ai vem o desespero.. machucando o coração. - Cantarolei e notei que Rízia, com expressão descontente vinha em minha direção.

Ela me encheria de questionamentos. Droga.