Caso indefinido

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Carolina POV

- Eu preciso e quero estar com você. Você entende o que quero dizer? - disse Gabriela, recuperando sua respiração, enquanto me abraçava.

Gabriela era tão serena e sua voz tão mansa, macia e doce que soava como música. Eu estava apaixonada por ela e disso tinha cada vez mais certeza.

- Não sei se entendo o que você quer dizer, Gab. - falei, me levantando enquanto me enrolava no lençol branco. - Depois que você foi embora de Salvador as coisas mudaram tanto entre a gente, você deu uma mudada. Ficou meio que cagando e andando... Pra mim.

- Não, não foi isso. A gente não definiu nada. - argumentou.

- E precisava? Depois de tudo àquilo no pôr do sol? Achei que ficou subentendido. Ai você voltou a conviver com sua ex e pronto. Mudou. Perdeu a noção. - respondi, com tom de voz elevado.

- Gabriela se levantou pegando suas roupas do chão para vesti-las. Estava puta e eu sabia porque sua expressão havia mudado radicalmente. Ela bufava. - Enquanto isso, você se aventurava com o moreno misterioso, o tinder... - soltou.

Gabriela se pôs à janela para observar o sol se pôr, cruzou os braços e acendeu um cigarro.

- Você simplesmente largou mão, Gabriela. Dava notícias dia sim, dias não. Eu simplesmente voltei ao que era antes de te reencontrar em Criciúma. Só tive notícias pelo instagram e olhe lá.

- Mas você sabe que eu tava atarefada, que surgiu o lance do EP. Eu precisava desfocar e me conectar comigo mesmo, Carol. - falou, virando para mim.

- O que mais me incomoda Gabi, é que você vive tentando justificar o injustificável. Eu via que você estava online, você postava várias coisas, passava horas no twitter. Eu só precisava de uma mensagem. Só uma. Mas também, agora já foi. Já era.

- Já era? Como assim? - perguntou, arregalando os olhos.

- Já era, já passou.

- E o que a gente faz agora? - perguntou.

- Eu sinceramente não sei.

- Tô me mudando pro Rio - soltou, sem mais nem menos, sem qualquer ligação com o assunto que tratávamos.

- Que? - perguntei.

- É... a maioria dos meus compromissos e trabalhos são melhor resolvidos no Rio. E tem você. Você fica mais lá que em Salvador - falou se aproximando de mim.

Apesar da chateação, estava feliz por estar com ela, pela conexão incrível dos nossos corpos. Não fui capaz de disfarçar a alegria pela notícia e sorri. - É sério isso?

- Nunca fui tão séria, Peixinho. Devo me mudar antes mesmo de irmos à Disney. - respondeu, colocando as mãos em meus braços, deixando um beijo em minha testa.

- A gente precisa definir isso que a gente tem Gab. Sou tão feliz perto de você.

- Sim, a gente precisa. - Gabi me abraçou forte. - Que tal ficarmos assim, juntinhas, sem desgrudar?

Correspondi seu abraço deixando beijos em sua nuca - Não tem nada que eu queira mais.

- Mas e o moreno misterioso? - perguntou com as sobrancelhas franzidas.

- Não foi nada demais. A gente só saiu e jantou... Ele só falava de si. Tomei antipatia.

Gabriela riu e me beijou.

- E Cheiro? - perguntei.

- O que tem? - ela fez a sonsa.

- Vocês duas... rolou algo?

- Rolou. Ô se rolou - Gabi riu - Claro que não né, Peixinho - completou.

- Ah... esse seu pessoal torce tanto pra gente não se cruzar ou dar errado que sei lá, tenho medo do que são capazes.

- Então vamos fazer assim, a gente não se esconde, mas não se divulga. O que ninguém vê, ninguém inveja, ninguém estraga. Tá? - sugeriu.

Mordi a boca e exalei dúvida. Gabriela ainda não estava preparada para me assumir, o que era engraçado visto que a lésbica assumida era ela. Fiquei com o coração apertado, mas decidi por acabar ali com a conversa. Estava morta de fome e minha barriga falava mais alto que eu.

Gabriela POV

Eu sabia que Carolina tinha pressa em definir o que quer que tínhamos. Sabia que era a primeira experiência séria de sua nova vida. E não poderia deixar que fosse especial. Eu precisava e queria surpreendê-la.

Saímos para jantar em no Le Manjue, pois fazia o tipo de Carolina e queria surpreende-la. Ela amou.

Terminamos a noite com uma ligação de vídeo com Clarisse e Nathy, e depois nossos corpos voltaram ao ritmo certo: o nosso.

30 dias depois

Finalmente o dia da viagem havia chego. Não via Carolina pessoalmente desde nosso encontro em São Paulo e não aguentava mais de saudades.

Nosso avião sairia do Aeroporto de Guarulhos e Carolina viria de Salvador pra cá. O restante das meninas (Hari, Bella, Elana, Rízia, Nati, Clarisse e Nathy) nos encontrariam em 4 dias por conflitos na agenda.

Já estava próximo ao guichê da American Airlines quando vi, longe, a pequena vindo com uma mala maior que seu corpo.

Larguei meu par de malas onde estava e fui ao seu encontro, correndo.

- Que saudade amor - ela falou, enquanto me beijava.

Passei a mão por seus cabelos e os coloquei de lado, cheirei seu pescoço enquanto deixava beijos.

- Te amo, minha pequena. - falei, enquanto era abraçada com desespero.

...

Embarcamos rumo à Miami poucas horas depois. Carolina se prontificou a comer toda salada que rejeitei do jantar. Quando estávamos nos preparando para cochilar, a comissária trouxe-nos duas taças de vinho qu'eu havia pedido.

- A nós. E a esse momento mágico - falei, deixando um beijo em sua boca.

- A você. A mim. A sua carreira e a isso. Que a gente seja sempre muito feliz - Carolina completou, antes de tocar em minha taça para brindar.

Estávamos na primeira classe. Deitamos de mãos dadas e colocamos um filme para ver antes de adormecermos.

Acordamos com os comissários solicitando que colocássemos o sinto, pois o avião se preparava para pousar em solo americano.

Só tinha de ser com vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora