Eu também gosto de você

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Carolina POV

Ignorei meu celular o máximo que pude. Gabriela ainda olhava nos meus olhos.

Estava complemente sem palavras depois de ouvir o que ela tinha acabado de dizer. Porque esperou tanto tempo? Porque só agora?

O telefone ainda tocava, então o tirei da bolsa e vi que era Bella. Apesar de não querer estragar o momento, queria fugir daquela conversa porque eu simplesmente não sabia o que dizer, e nem o que estava sentindo. Abracei Gabi pelo pescoço e disse: - realmente preciso atender.

- Oi, Bella, fala!

- Oi amiga, onde você tá? Esqueceu do nosso compromisso? Você tá com Gabi? Onde vocês estão? - perguntou.

Revirei os olhos, porque diabos Isabella tinha de ser tão curiosa?

- Oi, tô com Gabi sim. Viemos almoçar num japonês. Já estou voltando.

Desliguei o telefone antes que Isabella viesse com mais questionamentos. Gabi estava séria e parecia magoada. Ligou o carro e durante todo o trajeto não trocamos uma palavra sequer.

- Vou sair agora com Bellinha, mas quero terminar a conversa. Você vai ficar por aqui?

- Sim, mas não sei se ficarei atoa. Depois a gente vê. - Gabi me respondeu, batendo a porta do carro mais forte que o normal e saindo disparada à frente. Não dava, ela estava emburrada e eu não sabia o que fazer.

...

Tinha combinado de almoçar com Bella, mas acabou que saímos apenas para tomar uns drinks. Estava aflita pela situação com Gabriela e deixei transparecer, minha cabeça estava em outro lugar.

- Que foi, amiga? Você tá toda estranha - perguntou Bella.

- Oxe, to normal. Tem nada não.

- Ih, grossinha. Tô vendo que tem coisa, vai, me conta!!! - Bella suplicou.

Eu sabia que Isabella não pararia enquanto eu não contasse. E eu precisava compartilhar o que estava sentindo com alguém... não adiantava mais eu ficar lutando contra o que estava sentindo.

- É tem coisa. E só vou falar se você permanecer em silencio até eu dizer que terminei. Ok?

Isabella assentiu com a cabeça, levou os braços na mesa e apoiou as cabeças, atenta ao que eu teria para falar.

- Lembra a história toda de gafish? Esse lance das pessoas sempre me dizerem que tinha algo entre Gabi e eu, que sentiam uma tensão? - Isabella balançou a cabeça fazendo sinal de positivo - Então, tem algo mesmo. - completei.

- EU SABIA, EU SABIA! Eu sempre soube - Isabella gritou.

- Shh, me deixe terminar, vá. Durante todo esse tempo sumida, eu senti falta de Gabi. Você sabe que com ela meu feeling foi desde o começo. Ontem quando cheguei e a vi cantando Elis enquanto sorria pra mim, me senti diferente. A gente sempre foi muito ligada... não sei se você entende onde quero chegar, Bella.

- VOCÊ TÁ AFIM DE GABI! - Bella gritou, de novo.

- Cale a boca Isabella!!!! - pedi.

...

Gabriela POV

Nunca tinha me sentido tão besta. Não estava brava com Carolina, mas estava puta com a situação. Talvez estivesse exagerando um pouco, mas não conseguia me desvincular do sentimento que se apossava de mim: dúvida. Será que tinha falado demais?

Desci do carro e entrei às pressas. Esbarrei com Rízia, Elana e Hana que estavam indo tomar sol.

- Que isso, garota? Que pressa é essa? - Hana me perguntou.

- Nada! Tô sem cabeça.

- Vem tomar sol com a gente Gá - Rízia falou.

- Ah, não sei.

- Bom, a gente tá logo aqui, se quiser... - Elana disse.

Entrei em meu quarto e tropecei em uma das malas de Peixinho. Tinha esquecido completamente que ela dormiria ali por mais uma noite. Merda. Eu só queria evitá-la.

Enfiei a cabeça no travesseiro e dei um grito. Precisava conversar. Coloquei biquíni e fui ao encontro das meninas, do lado de fora.

- Ô gente, eu preciso conversar.

- Eita Brasil, que foi Gá? - Elana perguntou. Rízia e Hana estavam atentas, com caras de quem sabia o que viria.

- Tem haver com esse seu sumiço com Carol, Gabriela Hebling? - Hana perguntou.

- Sem julgamentos Hana, eu preciso desabafar com vocês! - pedi.

- Ande vaca, fala logo. - disse Rízia.

- Ah, mano, eu gosto dela. E contei isso pra ela, há uns 40 minutos.

- QUE?? - gritou Elana.

- É isso, não sei muito o que dizer. Eu gosto da Carol, ela me faz bem, a gente se faz bem. Não sei o que ela sente, porque Isabella atrapalhou nossa conversa, mas é isso. - soltei de uma vez só.

- Gab, se você tá feliz eu te apoio, mas veja bem o que ela quer de você porque você sabe o que eu penso, e se for pra ela continuar te cozinhando, vou ter que fazer Peixinho frito, caralho. - Hana disse.

...

Voltei para o quarto, tomei um banho demorado, botei uma roupa quente e deitei no meu lado da cama. Diferentemente do dia, enquanto escurecia o inverno dava as caras. Não conseguia parar de pensar na situação e minha gastrite dava sinais de vida. Abri o frigobar e encontrei algumas cervejas... tomei três garrafas de maneira tão depressa, que o sono deu sinal de vida. Não aguentava mais o sentimento que me dominava, nervosa com a situação, adormeci.

Carolina POV

Depois de conversar com Isabella sobre Gabi, ficamos horas falando sobre nossas vidas e colocando o papo em dia. Hari nos encontrou ao fim do passeio.

Eram quase 20h quando decidimos voltar à pousada.

- Boa sorte, amiga! - desejou Isabella.

- Vai que é tua, sô. E vê se não faz cagada - disse Hari.

Desci do carro e fui com pressa direto ao quarto que estava dividindo com Gabriela.

A porta estava destrancada e a cortina fechada. Entrei e a vi dormindo. Apesar da angústia misturada com ansiedade de poder finalmente falar como me sentia, a deixei como estava.

Frustrada, decidi tomar banho. Me enxuguei e troquei no banheiro, saí e me ajeitei para tentar dormir ao lado de Gabi.

Estava completamente elétrica e Gabi do meu lado não ajudava em nada. Eu simplesmente não conseguia tirar os olhos daquela mulher.

Cheguei mais perto e tomei a iniciativa de acarinhar seus braços. Gabi estava virada de frente para mim e minha respiração descontrolada. - Se acalme, Carolina! Ela não vai te morder - pensei, enquanto respirava pausadamente.

Fechei os olhos enquanto tentava retomar a respiração. Quando os abri, cruzei olhar com dois olhos negros abertos e dilatados olhando para mim.

- Que foi? - Gabi perguntou.

- Eu também gosto de você.

- Gosta como? - ela pareceu confusa.

Cheguei mais perto de Gabriela e encostei a ponta de nossos narizes. Sentia a sua respiração tão quente, com cheiro forte de cigarro com cerveja. Ela sorriu. Avancei e selei nossas bocas devagar. - Gosto assim. - respondi.

- Ai bahia, porque você faz isso comigo? - me perguntou ofegante, enquanto levava uma das mãos a minha nuca.

Só tinha de ser com vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora