Hariany POV
Apesar da exaustão pela viagem de mais de 8 horas, estava completamente animada para conhecer cada mínimo detalhe de Orlando. Clarisse sugeriu que aproveitássemos para descansar para curtir o dia seguinte, mas recuei. Eu precisava sair para respirar... apesar do cansaço, não tinha sono e as únicas que toparam uma saída rápida foram Gabi, Carol e... Nati.
Natália era uma grande caixa de segredos que eu insisti em conhecer afundo, mas acabei por desistir. Ao contrário de mim, seu interesse era estritamente de amizade e apesar do balde de água fria que me deu em nossa segunda saída, eu obviamente soube seguir em frente e dar a ela o que ela pensava queria, nada além de amizade. Não que eu tivesse desistido né? Mas, é aquela história... Deixa negar até quebrar a cara.
- Então, onde vamos? - perguntei as anfitriãs.
- Ontem fomos num bar muito bacana... cerveja e frango frito! - Gabi falou, abrindo o celular para me mostrar a porção de asas de frango que havia comido.
- Ah não véi! Eu não piso lá nem que me paguem... odiei! - retrucou Carolina, na defensiva, cruzando os braços e franzindo as sobrancelhas.
- Oxe! Que ódio é esse, baixinha? - indagou Nati, sem entender o estresse.
- Ai nada! O lugar é ruim... Gabi gostou não sei de quê - Carol disse, franzindo os lábios. - Vamos noutro que vi aqui perto, li na internet que é incrível.
Nenhuma de nós, entendeu Carol. Talvez seu modo Laerte estivesse ativado por algum motivo que só elas sabiam, mas relevamos. Nós quatro nos aprontamos e seguimos para o tal bar escolhido por Carolina.
Rapidamente chegamos ao bar, Lucky Leprechaun, um desses pubs com decorações em verde iguais de algum país que eu jamais saberia o nome. Dentro dele muitos homens com canecas gigantes de chopp, televisores e um karaokê, com um asiático cantando alguma música em algum idioma que eu também seria incapaz de reconhecer. Era engraçado, apesar de a princípio sentir que éramos como 4 peças de carne no buffet de uma churrascaria. Os homens do local não pouparam olhares e comentários. Errado quem dizia que americanos eram retraídos...
A cara de Carolina entregava que aquilo era tudo menos o que era esperado. Nati ria reparando na amiga e eu ria reparando nela... Era tão vendida. Gabriela ria me vendo olhar Nati. Ela insistia em me zoar pelo shipp que as Gafishs criaram, apesar de não saber de nada de fato.
- O que ocêis vão beber? - perguntei.
- Quero gin tônica! - Carol e Nati disseram juntas.
- Quero brejaaaaaa! - falou Gabi, dando seu cotovelo para que eu tocasse com o meu e concordasse com seu pedido.
Após algumas cervejas e conversas jogadas fora, Gabriela decidiu se arriscar no karaokê, depois de muita insistência de Carol. Abriu a pasta de músicas e escolheu por uma das únicas musicas brasileiras na lista: Garota de Ipanema.
Nos levantamos e chegamos junto dela, próximo ao pequeno palco. A penumbra destacava Gabi com um único feixe de luz direcionado ao seu corpo. As notas musicais começaram e Gabi, em meio a risadas pela bebida, entoou, junto ao nosso coro de 3 pessoas, a famosa música de algum cantor importante que eu jamais saberia.
Era extremamente fofo como Gabriela cantava com os olhos brilhando fitando Carol, que cantava de braços abertos em direção à ela. A gente sempre soube que havia alguma coisa, mas depois do afastamento das duas, ninguém mais ousava tocar no assunto. Até que se reencontraram.
Em um momento, Gabi até alterou um trecho da música pra agradar Carolina...
"Moça do corpo dourado
Do sol da Bahêa
O seu balançado é mais que um poema
É a coisa mais linda que eu já vi passar"...Que sorrindo sem parar a agarrou no palco, deixando um beijo em sua boca, fazendo com que t-o-d-o-s os homens presentes no local desviassem o olhar para comentar a cena.
Nati ria atenta à cena, então a pedi para que me acompanhasse no banheiro, já que as outras duas estavam ocupadas demais com o romance. No primeiro momento, o rosto de Natália revelou seu receio em ir ao banheiro... mas véi, era só me acompanhar. Não que eu fosse tentar algo, de novo.
- Você tem medo de mim, véi.
- Q-q-que? Eu não! Tá louca? - respondeu Nati, gesticulando para dizer que era piração minha.
- É! Qualquer coisa eu diga e envolva só eu e você, ocê fica assim... na defensiva - argui, cruzando os braços, olhando para ela.
- Ai, quero fazer xixi também! Ande, venha - falou, mudando de assunto na velocidade da luz.
Era completamente estranho como ela apesar de negar minhas investidas, sempre fugia delas, sem reafirmar as coisas que eram subentendidas: Natália hétero. Hétero. Como ela dizia às gafishs.
Chegamos ao fim do corredor e a porta do banheiro estava trancada, pois alguém estava o usando. O corredor estreito fazia com que nossos braços se encostassem e eu sentia a tensão de Natália apenas com o enrijecer de sua pele. Senti que ela me observava quando virei de frente pra ela que logo desviou o olhar.
- Tá olhando o que?
- Não tô olhando nada! - bufou.
- Tá sim, tá olhando pra mim!
- Para Hari, não to te olhando. Eu só quero ir ao banheiro! Me deixe - respondeu, ríspida.
- Só ir ao banheiro? Isso que você quer?
A porta abriu e a mulher que estava lá dentro era uma funcionária da limpeza que saiu, dizendo alguma palavra que obviamente eu não fazia menor ideia do que significava, mas apenas respondi com "thank you", uma das poucas coisas que sabia dizer, fazendo com que Nati caísse em gargalhadas.
Entrei no banheiro antes de Natália e a puxei pelo braço. Havia apenas duas cabines, sendo que uma estava desativada. Uma pia de mármore escuro extensa e uma luz amarela. Apesar de ser um banheiro, era aconchegante. Nati usou primeiro, quando saiu, entrei.
Saí da cabine e Natália se encarava, duvidosa, no espelho. A olhei e ela riu, desviando o olhar.
- Você é doida, Hariany! - ela disse, encarando a pia.
- Não sou doida, você quem me deixa doida - falei, indo em sua direção e a abraçando por trás. Natália tentou desfazer meu abraço, mas seu coração foi mais forte que seu cérebro. Desistiu no mesmo segundo que tentou soltar. Coloquei seu cabelo para o lado e mordisquei o ombro, dando um cheiro em seu pescoço.
Vi Nati fechar os olhos e relutar com a necessidade de se entregar. Ela dizia não com a boca e seu corpo dizia sim com os sinais. Eu sabia que ela queria tanto quanto eu.
Foi quando ela se virou de frente e me abraçou, para que eu deixasse de olhar pra ela. A puxei gentilmente pelo cabelo e pedi, esperando pelo pior: - Eu juro, é a ultima vez que vou pedir e se você negar eu NUNCA mais encho seu saco... Até sumo se for preciso! Deixa eu te beijar, Natália Barradas! Nunca te pedi nada, véi!
Carolina POV
Beijava Gabi quando vi Nati e Hari irem juntas para o banheiro. Continuei agarrada em meu amor que ao fim de Garota de Ipanema, arriscou cantar Colbie Caillat e Jason Mraz, só pra me agradar.
"...Lucky I'm in love with my best friend,
Lucky to have been where I have been,
Lucky to be coming home again
Lucky we're in love in every way..."Quando a música terminou, agarrei Gabi e enchi seu rosto de beijos. Os homens do bar que a principio nos viram como pedaços de carne, aplaudiram a cena. Aquilo era tudo que queríamos pro Brasil. Amor, respeito e tolerância pelas escolhas do próximo.
Era tarde e decidimos ir embora. Gabi se direcionou ao caixa para pagar a conta e fui atrás de Hari e Nati que demoravam séculos no banheiro.
Abri a porta que estava destrancada e dei de cara com Nati e Hari aos beijos, agarradas, encostadas na pia do banheiro fedorento.
- Oxente, que loucura é essa?
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Só tinha de ser com você
FanfictionO reencontro meses após o fim do bbb trouxe à tona sentimentos que imaginavam terem sentido por carência, mas só elas sabiam que era muito mais do que isso.