Capítulo 8

25 1 0
                                    

Quando chegamos em casa, Daiane estava preparando a janta. Steve estava sentado com sua perna engessada em cima de uma cadeira e seu rosto estava um pouco inchado. Liam se sentou ao seu lado e levou a mão em sua perna.
- Que bela cena. Sendo cuidado e mimado por duas belas moças.
- Estou tendo a honra de ser cuidado pelas irmãs Rodrigues.
Olho pra Daiane sem entender o que eles estão dizendo e ela da de ombros me chamando pra ajudar ela.
- Eles começaram com essa brincadeira depois que nos conhecemos e eu falei de você.
Pego alguns tomates limpos e começo a cortar, enquanto isso Daiane continua falando.
- Quando eu os conheci, não andava muito com eles. Mas pelo fato de ser novata e não conhecer ninguém foi bom ter pessoas por perto. Só que um dia eles me pegaram falando com você por vídeo chamada. Foi quando começou essa história de "Irmãs Rodrigues".
- Mas não é uma história Dai. Usamos o Rodrigues a nossa vida toda. Só não somos habituadas. Nunca entendi o porquê de não usarmos o Siren.
- A mamãe também nunca me explicou. Pode tirar a lasanha do forno pra mim?
Ela sai da cozinha e vai chamar os "homens da casa". O Liam passa mais tempo aqui do que na casa dele mesmo. Vejo Steve tentar andar dando pulinhos, enquanto a Daiane ajuda ele e o Liam cai na gargalhada. Tento me segurar pra não fazer o mesmo.
- Vou tomar um banho e já volto.

Liam

- O que ela achou da floresta?
- Daiane vou ser sincero com você. Ela não está pronta. Emma passou por muita coisa. Não acho que está na hora de jogar uma bomba dessas nela.
- Liam, qualquer pessoa passa pelo fim de um namoro.
Steve fala e tento me controlar pra não terminar de arrebentar a perna dele.
- Todos passam pelo fim de um namoro, mas não perdem os pais no mesmo dia.
Ficamos em silencio por alguns instantes, mas logo trato de quebra-lo.
- A sua irmã é forte. Mas ela passou por muitas dificuldades em todos esses anos que você esteve aqui. - Falo pegando na mão de Daiane. - Espere ela superar essa barra primeiro.
Ela concorda com a cabeça e começa a servir nossos pratos. Ouço o barulho de água no andar de cima e imagino que ela deve estar entrando no banheiro agora. Enquanto Daiane ajuda Steve a mudar de posição, começo a pensar nas coisas que Emma passava. E não devem ter sido poucas pra ela descontar no próprio corpo.
Quando estou indo a chamar, escuto seus passos descendo as escadas. Ela está usando uma blusa preta de manga longa e uma calça, que não sei dizer se é legging ou lycra.
Emma puxa a cadeira e se senta ao meu lado, me olha e sorri. Embora eu saiba do que ela está passando, ainda não consigo deixar de me encantar pelo teu sorriso e seus olhos castanhos. Realmente essa sensação é só uma vez na vida...

- Aconteceu algo?
- Não. Só saudades de casa.
- Mas você não está em casa?
- Do Brasil. Dos meus amigos. - Ela diz e me olha enquanto suspira. Emma apóia a cabeça em meu ombro e puxa uma almofada para seu colo. - É difícil tentar se habituar a uma vida que não é minha.
Fico alguns instantes em silêncio enquanto faço carinho em seus longos cabelos, imaginando o quanto está sendo "complicado" pra ela lidar com tudo isso.
- Sabe, quando tinha a sua idade e ficava triste por algo ou alguém, minha avó tinha o costume de fazer doce de chocolate pra mim, deitava minha cabeça em seu colo e fazia carinho em meus cabelos enquanto comia do doce feito por ela.
Emma levanta a cabeça e me encara nos olhos por alguns instantes. Logo sorri.
- Acho muito fofo quando você fala da sua avó. No lugar do chocolate pode ser doce de leite?
- Claro. Vamos para a cozinha.
Assim que entramos na cozinha Emma sentou na bancada e ficou me encarando.
- Aprendeu a cozinhar com a sua avó também?
- Digamos que quando se mora sozinho você acaba se virando.
Dou uma piscadela pra ela e pego uma panela pequena no armário e uma caixinha de leite condensado.
- Com que costume você ficava com a sua avó?
- Quase todos os fins de semana. Mamãe gostava de me mandar pra lá. Por causa da aproximação com a história da nossa família e tudo mais. - Coloco o conteúdo da caixa na panela e continuo a mexer. - Embora não fosse muito lá.
- Que estranho. Mas até um pouco normal. Mamãe também gostava de nos mandar para a casa da nossa avó paterna. Embora, as duas se odiassem.
- Família é complicado.

AloneOnde histórias criam vida. Descubra agora