Capítulo 16

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Liam

    Sabe, é muito mais fácil encarar a Emma agora sabendo que ela conhece toda a verdade que escondíamos dela, era sufocante ver ela e não poder contar nada ou fazer algo para ajudar quando tinha suas crises.
    Nos aproximamos bastante nos últimos tempos, mas sempre que ela tinha uma crise de ansiedade ou um ataque de pânico era a mim quem ela chamava. Ficava com a morena até ela adormecer, mas logo chamava Steve para neutralizar os sintomas que ela estivesse sentindo.
   O bom de ter um elfo por perto, mas precisa ser o elfo certo, já que eles são divididos em duas espécies também, nunca se sabe quando irá ver um elfo negro por aí.
    Já passava mais de duas horas que as irmãs Rodrigues haviam ido para o ritual quando sinto o chão estremecer.
   — Terremoto?
    Não... Parecia algo diferente. Sentei no sofá e comecei a pensar em Emma e como que ela estava.
     Desde que ela descobriu nosso mundo, me sentia mais confortável em ficar ao seu lado na minha forma lupina. Que era algo que eu fazia raramente. Mas não conseguia tirar da minha mente as palavras ditas por ela naquela noite.
    — "Nunca me senti tão humilhada... Meus pais morreram por minha culpa."
    Não tive muita coisa pra fazer além de dar um abraço em seu corpo frágil e lhe acariciar os cabelos. Nunca havia sentido tanta raiva e remorso por um humano antes, todos meus instintos me diziam para pegar um vôo para o Brasil e torturar o ex namorado dela lentamente e brutalmente, e depois acabar com ele na minha forma de Crinos. Mas não podia fazer isso.
    Sabia, que de alguma forma, Emma era apegada a vida que tinha e aos momentos que viveu com aquelas pessoas.
   — Não posso sair por aí matando qualquer um que a magoar sendo que posso fazer o mesmo machucando alguém importante pra ela.
    Você sabe que não pode fazer nada enquanto ela não demonstrar algo.
    Eu sabia. Eu sabia que não podia tentar nada pois poderia machucar Emma, ela já havia sofrido tanto que não queria mais ver uma lágrima sequer escorrendo por seu rosto.
    Não tinha outra escolha a não ser por minha cabeça e fazer o que precisa se feito. Eu teria que voltar a me portar e agir como o Supremo Alfa que nasci para ser. Não podia deixar uma garota de 16 anos me fazer agir como um adolescente apaixonado. Peguei a chaves de carro e tranquei a casa, iria para a central da alcatéia.

    Não havia nada fora do comum, tudo estava na mais completa calma e harmonia. Havia crianças brincando nas ruas e algumas me chamaram para participar, eu poderia negar e dizer que estava ocupado, mas amava aquelas pestinhas. Entre todas as criança da alcatéia, tinha uma que era a que mais me chamava atenção.
    Era uma garotinha chamada Sasha. Tinha seis anos e perdeu os pais no último ataque dos elfos negros a alcatéia, desde então a pequena nunca mais chorou. Mesmo se caísse ou se machucasse gravemente não derramava uma lágrima sequer. Por mais nova que fosse, Sasha era muito forte e não se deixava ser intimidada por ninguém e sempre questionava as coisas.
     Assim que loirinha me viu, correu em minha direção e pulou em meu colo. Alguns betas reprovaram a atitude, mas eu dei de ombros e sorri com seu ato.
     — Oi tio Liam.
     — Oi minha pequena. Como você está? — Pergunto retribuindo a empolgação da menina em meu colo.
      — Bem. Estava com saudades do senhor, faz um bom tempo que não aparece pra brincar comigo.
     Sasha era uma gatota extremante fofa, não tinha como olhar para si e não sentir vontade de apertar suas enormes bochechas coradas ou bagunçar seus cachos dourados.
      — O tio andou um pouco ocupado. Mas prometo vir te ver toda semana.
      — Que cheiro é esse? — Ela perguntou após se soltar da minha camisa. — É doce e salgado ao mesmo tempo, possui uma fragrância de rosas, mas parece que é misturado com água do mar.
     Olhei para ela supresa, mesmo ainda sendo tão nova já conseguia farejar cheiros que só sobravam resquícios.
     — Sabe minha lobinha sapeca — digo colocando ela em meus ombros e a fazendo rir, — o tio conheceu uma pessoa nova e está ajudando ela, então passamos muito temo juntos, por isso você consegue sentir o cheiro dela.
     — O senhor já trouxe ela aqui?
     — Ainda não, ela está se adaptando ainda. Mas vocês não vão demorar para se conhecerem.
      — Tio?
      — Pois não pequena? — No instante em que nossos olhares se encontram, consigo ver o tamanho de sua mágoa e sofrimento.
       — Por quê ninguém aqui gosta de mim?

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