Prólogo

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JUNGKOOK

[HUMANO]

Trabalhando para a polícia ver pessoas mortas não era nada demais. Gente morre o tempo todo. Então quando chegou uma ocorrência sobre um corpo encontrado no rio, a única surpresa foi realmente o local. Fazia muito tempo que não tínhamos notícias de suicidas - se fosse realmente o caso - e eu sempre ficava com a pior parte: Avisar a família. Porém havia algo diferente dessa vez. Meu chefe de repente ficou em pânico enquanto falava ao telefone e gritou que deveríamos ir logo e manter a imprensa longe. Na viatura, a caminho do local, meu colega disse a frase que me jogou exatamente na realidade da situação.

— Foi um dos Kim.

Um dos Kim.

Se Seul tivesse donos, com certeza havia um curto nome que ditaria as regras: Kim. Lembro de meu avô contando quando eles surgiram, ele dizia que foi difícil para as pessoas acreditarem já que eles nasceram e cresceram como qualquer outra pessoa. As coisas mudaram quando mostraram a "magia", ou seja lá o que tivessem. Meu avô disse que só acreditou realmente quando viu Kim Namjoon a primeira vez. Eles tinham nascido no mesmo ano, mas enquanto meu avô tinha seus cinquenta anos naquela ocasião e aparentava essa idade, Kim Namjoon mal parecia ter 20.

O "Foi um dos Kim" dito por meu colega queria dizer que um deles era o assassino? Meu cérebro começou a entrar em pane. Como prender um Deus? Condená-lo faria alguma diferença? Ele poderia simplesmente ir embora sem dificuldades de qualquer presídio de segurança máxima.

O veículo parou próximo a ponte Hangang, era muito cedo ainda para haver um fluxo grande de carros e pessoas nas proximidades, então não foi difícil encontrar o grupo da polícia cercando o corpo. Infelizmente não havia só a polícia lá.

Deuses eram muito fáceis de se identificar, eles tinham algo que se destacava, talvez uma aura de poder ou um brilho especial. Era difícil especificar. Eu nunca me interessei muito por eles, o máximo que conhecia eram os Kim, já que eles eram matéria escolar e mesmo dessa forma eu não ligava a mínima, em 98% das aulas sobre o assunto eu dormi ou joguei "Prince of Persia" no celular. Ainda assim não precisei de muito para identificar Kim Taehyung, Poseidon. E Kim Seokjin, Hera. Ignorei ambos e segui até a equipe da patrulha.

Olhei para o corpo no chão.

— Como...

Busquei o olhar das pessoas procurando uma explicação, mas o choque era uma reação compartilhada até pelos que já estava ali a mais tempo. O corpo fora apunhalado no peito, a arma parecia antiga, a empunhadura da espada reluzia em ouro puro. Uma arma digna de um deus e que havia matado um. Olhei novamente para os Kim restantes. Taehyung olhava para o rio, enquanto abraçava Seokjin, os ombros dele tremiam enquanto soluçava.

"Hera..." o conteúdo das aulas de história voltou a minha mente "Hera e Zeus eram casados. Namjoon era o marido dele. "

— Você tem de falar com eles — Im disse, se esquivando da função. Eu não queria ir, mas tinha de cumprir a obrigação.

Caminhei em direção aos dois deuses e lhes fiz uma reverência que não foi retribuída, Kim Taehyung ainda abraçava Seokjin que chorava copiosamente, quando o rapaz se liberou do abraço, seu rosto brilhava num tom dourado, reparei que havia pequenas gotas douradas no chão.

"Ele chorava ouro"

— Lamento sua perda, senhor Kim — disse diretamente para Seokjin.

— Em quanto tempo consegue achar o responsável? — A voz de Taehyung soou grossa e embargada. O rio começou a se agitar, a água batia na parede de proteção com violência. — Isso não pode ficar assim.

— Como foi possível matar um deus? — Tive de perguntar.

— Só outro deus poderia matá-lo — ele apertou os ombros de Seokjin - que voltou a esconder o rosto no peito do rapaz - quando este começou a soluçar mais alto. — E havia a espada.

— O que tem a espada?

A água agitou-se mais formando ondas, me fazendo dar um passo para o lado.

— Ela é a forma física de um antigo espírito, "God Killer" — lancei um olhar para trás, mesmo com a polícia rodeando Namjoon era possível ver o brilho da empunhadura da arma. — "Assassino dos deuses".

— Eu farei o melhor para encontrar o responsável — assegurei mesmo que não fosse minha obrigação. Provavelmente o caso iria para algum investigador melhor, talvez Lee ou Chang. Mas isso poderia ser resolvido depois.

— Prometa — Seokjin exigiu de repente, avançando alguns passos em minha direção. Ele tinha olhos doces e talvez ainda fosse efeito de suas lágrimas de ouro, mas tudo nele parecia reluzir. Eu não conseguia me concentrar, seu rosto desviava a atenção de minha mente. Tão bonito que não parecia real. — Prometa que vai encontrar. Prometa!

— E-Eu prometo... Aaah! — gritei quando senti algo corta meu rosto, ardendo como uma lâmina quente, porém em seguida se foi e a dor pareceu uma lembrança antiga. — O que foi isso? — exclamei.

— Faltou as aulas de história, garoto? — Taehyung perguntou, o rio Han continuava agitado, fazendo o barco da patrulha ser arremessado de um lado para o outro da correnteza. — Não faça promessas a deuses de forma displicente.

— E o que promessas tem a ver com cortar a minha cara? — senti a cicatriz sob meus dedos, felizmente não parecia um corte profundo.

— Realmente não sabe? — ele riu sem humor quando neguei. — Foi uma promessa divina. Se não encontrar o responsável sua alma está condenada, não se pode quebrar uma promessa feita a um deus.

— O que? — "Como em meio segundo eu tinha vendido minha alma? " — Você não tinha o direito de enganar uma autoridade... — Seokjin me lançou um olhar de puro ódio, seus olhos estavam cheios de lágrimas que se converteram em gotas douradas quando escorreram pelo seu rosto.

— Você. Vai. Achar. O. Responsável — pontuou cada palavra. — Ou eu mesmo te arrasto até os campos de Hades.

E de repente minha vida fora arruinada. 


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Pra quem ver isso aqui agora, todo o restante vem pro site dia 18.

Amo vocês.

God Killer - PRIMEIRA VERSÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora