Iliada

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KIM NAMJOON

[ZEUS]

Busan - Coreia - Império do Japão

Fevereiro de 1944

Havia quase meia hora que o garoto estava olhando para mim. Era bem óbvio que não estava ali para trabalhar, as roupas eram boas, mas tinha ombros largos, o que seria bem útil caso quisesse ajudar nas docas. O pessoal começou a reparar nele - distraindo-se de suas funções apenas para admirar o desconhecido - era impossível ignorá-lo.

— Kim! — meu superior gritou, acenando para que aproximasse, o fiz. — Quem é aquele? — indicou o garoto desconhecido.

— Não faço ideia, senhor. — Senhor Hirai era um homem difícil, ele odiava bisbilhoteiros nas docas com a constante paranoia de espiões inimigos. E depois da sabotagem do submarino, o velho líder estava pior em sua loucura, qualquer um que não tivesse passe autorizado era jogado para fora, se fosse insistente nós jogávamos na água e a região era conhecida por tubarões.

— Então vá até lá e o mande embora — acenei que sim e caminhei até o garoto, que começou a sorrir largo, como se me conhecesse. Estava quase pensando que realmente o conhecia. Talvez fosse da minha cidade e eu não me recordava.

— Oh, desculpe, mas você não pode ficar aqui — disse, acenei para a saída do cais.

— Você sabe quem sou eu? — perguntou, olhei-o novamente, o terno era bom, feito sob medida, sapatos de camurça. Rico. Com certeza eu não o conhecia, a não ser que ele fosse um político ou algum herdeiro rico para quem meu pai trabalhou na época em que era um jardineiro.

— Não faço a menor ideia, pode indo embora, se cai uma peça de navio na sua cabeça sua família rica vai querer fechar a doca, algo que não pode acontecer, caso não tenha notado, estamos em guerra — continuei tentando empurra-lo para a saída, mas o garoto era insistente.

— Se caísse algo sobre mim não me machucaria. Nada humano pode me machucar — o ar deixou meus pulmões. — Você também é assim, não é? Diferente deles — indicou meus companheiros de trabalho com um aceno de cabeça. — Mais rápido, mais forte. Mais bonito...

— Está flertando comigo?

— Nós temos de ajudar — ele cortou o assunto, ignorando minha pergunta. — Você tem habilidades. Eu sou como você, também. Algo assim não deve ser escondido do mundo, sim usado para ajudar as pessoas. Parar a guerra.

— Eu não sei do que você está falando — tentei afastar, mas ele me puxou pelo braço, era mais forte do que eu pensava.

— Você sabe que é diferente. E está com medo, entendo isso. Mas podemos fazer alguma coisa e evitar ainda mais mortes. Parar essa insanidade.

Sendo bem sincero aquela guerra só nos colocou ainda mais em desgraça. Passávamos dias construindo navios para o Império Japonês com salários tão baixos que era quase um regime de escravidão. Se a guerra acabasse e especificamente, se o Japão perdesse, estaríamos livres daquele inferno.

Eu não conhecia aquele garoto, não devia acreditar nele e em suas palavras estranhas, mas algo em mim me fazia sentir confiante quanto às intenções dele.

— Eu posso até ter... habilidades — falei mais baixo, vendo a cara de desaprovação de senhor Hirai olhando para nós. — Mas não somos heróis.

— Tem razão. Não somos heróis — inclinou-se um pouco, para falar bem baixo próximo ao meu ouvido. — Somos deuses.

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God Killer - PRIMEIRA VERSÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora