Capítulo 2

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"No homem, o desejo gera o amor. Na mulher, o amor gera o desejo."

—Jonathan Swift—

O ponteiro do relógio sobre a ornamentada lareira, recusava-se a andar mais rápido. E cada minuto parecia um tormento e uma eternidade. Ela gostava da companhia de sua recém-descoberta madrinha, entretanto ainda não estava acostumada com a maneira com que a velha senhora a observava. Como se sentisse culpada pelo que aconteceu com ela, e não importava o que Sophie dissesse para confortá-la, o olhar de pena em seu rosto, era um lembrete constante de que tudo em sua vida havia mudado de forma irreversível.

As últimas três semanas foram difíceis para ela. Quando acordou cinco dias depois no hospital. Conseguindo pela primeira vez manter a consciência por mais de meros minutos, a primeira coisa com que havia se deparado foi com a madrinha. Tia Kathy como queria ser chamada.

A senhora tinha os olhos vermelhos pelo choro e cansaço. Os cabelos grisalhos estavam presos em um coque sofisticado, um pouco desalinhado. E o vestido carmesim de corte reto, estava amassado, pelo tempo que a mesma esteve sentada ao lado de sua cama.

Dois dias depois, ela havia recebido alta, e Tia Kathy havia feito o possível para que Sophie se sentisse em casa e que recebesse todo o conforto de que precisasse para se recuperar plenamente.

A velha casa em estilo vitoriano ficava alguns quilômetros afastada do restante da cidade, o que era reconfortante, considerando que desde o momento em que deixou o hospital, tinha se tornado o centro das atenções. E mesmo depois do que havia suportado, tinha recebido vários olhares pouco acolhedores dos moradores locais.

Tia Kathy justificou que eles estavam apenas curiosos, sobre ela e pouco acostumados com gente de fora. Nenhum turista se aventurava até lá, por mais do que algumas horas e a notícia de que a partir de agora Sophie viveria ali, havia se espalhado rapidamente. Na opinião dela, eles logo se acostumariam, e Sophie realmente esperava que fosse assim.

No primeiro dia em que chegou na casa nova, havia recebido a visita do Chefe de polícia local. Felizmente, ele havia sido muito amistoso. O médico não havia permitido que ele a interrogasse no hospital, então ele esperou para fazer isso ali, para que não precisasse ir até a delegacia.

Perguntou sobre sua família, sua antiga escola e seus velhos amigos, que não eram muitos. E sobre o que a levou a Davenport, antes do previsto. Esta parte em específico a deixou desconfortável. Principalmente quando foi obrigada a falar sem muitos detalhes sobre Caleb, seu ex.

Ele também perguntou sobre a noite em que foi atacada, mas tudo depois do momento em que chegou ao hotel em Portland, era apenas um borrão. O médico havia dito que era normal sua mente bloquear os últimos acontecimentos traumáticos a fim de se proteger.

Mas isso não pareceu deixar o policial muito contente. Sophie também deixou de fora os pesadelos que ela havia tido, desde o momento em que acordou. Não achou que fossem relevantes. Pois acreditava que talvez, os terrores noturnos fossem, a maneira mais prática, que seu cérebro arrumou para lidar com a situação daquela noite. Não queria que pensassem que estava enlouquecendo.

Ela estava perdida em pensamentos quando Kathy gentilmente tocou seu ombro, expressando preocupação.

—Você está bem, querida? —Ela perguntou com gentileza.

—Sim, eu estou.

—Sabe... talvez fosse melhor você esperar mais alguns dias antes de ir à escola, tenho certeza de que o diretor compreenderia...

—Eu estou realmente bem Tia Kathy. Não há motivos para adiar ainda mais o inevitável. Além disso, não pode ser tão ruim, não é mesmo? — Indagou com incerteza. E recebeu um sorriso reconfortante como resposta.

Obsessão_Trilogia Wolf Black I (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora