Visitantes noturnos.

62 5 0
                                    


Havia deixado o filho bem aquecido com três cobertas, completamente enrolado e deitado da forma mais confortável possível na cama pequenina, que o avô havia mandado colocar no quarto ao qual havia construído especialmente para ele. O lugar era atulhando-o com brinquedos, além de diversas prateleiras cheias de livros infantis e abajures aos quais faziam surgir pelas paredes e teto do quarto imagens de estrelas e naves espaciais, quando acesos. Bob se encarregara de encher o cômodo com carrinhos e todo o tipo de coisa que faria daquele quarto um ambiente atrativo à qualquer criança.

Samantha ficou observando o menino dormir por algum tempo, sentada à beirada da cama da criança, lhe acariciando de forma suave os cabelos castanhos e ondulados, que vez por outra caiam sobre a testa delicada.
Poderia ficar ali a noite toda, apenas observando seu tão amado garotinho, que dormia de uma forma tão profunda que um sorriso inocente se emoldurava aos lábios infantis, denotando que sonhava com algo agradável, ou até mesmo feliz.
Curvou-se sobre a criança, beijando de forma carinhosa sua testa, após afastar os cabelos dali. Logo, se ergueu, ficando de pé ao lado da cama, ainda o observando adormecido. 

— Bons sonhos, meu anjinho. — Disse em um sussurro. Em seguida ligou um dos abajures, fazendo com que o desenho de estrelas aparecesse por todos os lados, conforme o abajur rodava lentamente.
Caminhou em direção a porta do quarto, cruzando-a em passos leves,  fechando-a atrás de si para não perturbar o sono do filho.

Não tardou a andar pelo corredor que era tão igual ao do chalé antigo, tendo até mesmo os mesmos quadros, móveis e vasos de flores.
Lembrava-se perfeitamente de como era, pois no antigo chalé, o quarto que agora pertencia ao filho fora o quarto de Hannah.
Caminhar por ali a deixava nostálgica, completamente cheia de lembranças. Umas agradáveis e outras nem tanto.
Ao chegar ao fim do corredor, deu-se conta de que havia passagem para a escada e também uma entrada para outro corredor, este sendo sem saída.
Ao parar de frente a escada, virou o rosto em direção ao corredor sem saída, apoiando a mão ao corrimão de madeira. Mas antes que pudesse descer, fitou o local vazio onde havia apenas um tipo de cômoda antiga, aonde um vaso de orquídeas brancas trazia alguma vida.

 — Não acredito que estou aqui de novo... — Disse consigo mesma, ao se lembrar que fora exatamente ali que beijara Josh pela primeira vez.

"Todos já haviam ido dormir, inclusive Hannah, com quem estava dividindo o quarto. No entanto, perdera o sono durante a madrugada, levantando-se pé-ante-pé da cama e caminhando com cautela para fora do quarto.
Estava tudo tão escuro, que quase não podia enxergar nada diante de si. Ainda assim, insistiu em caminhar pelo chalé, tateando pelos móveis afim de evitar uma possível queda, ou esbarrar em algo.
Continuava perambulando pelo corredor, quando um feixe de luz a ajudou a enxergar melhor o caminho ao qual percorria. E enquanto avançava pela direção iluminada, pôde perceber que a claridade vinha da porta entreaberta do quarto de Josh.
Virou o rosto brevemente, tentando vê-lo pela fresta da porta, quando finalmente conseguiu o enxergar caminhando pelo quarto.
Corou ao vê-lo ali, tratando de passar rápido pelo corredor para evitar que ele também a visse. Afinal, o que Hannah havia lhe dito mais cedo havia certamente a deixado sem jeito de olhar para ele.
Mas ao passar em frente a porta, sua sombra fez com que Josh notasse sua presença ali. Ele sorriu de soslaio saindo rapidamente do quarto, caminhando com cuidado para que ela não percebesse conforme a seguia.

Quando Sam estava prestes a descer as escadas, sentiu que alguém segurara seu pulso, puxando-a em direção ao corredor sem saída.
Era óbvio que ela se assustaria ao ser puxada em meio a escuridão por alguém. Quase pôde gritar, sentindo o coração acelerar devido ao susto, quando sentiu Josh tampando sua boca, para "acalmar os ânimos".

— Shhhh... Calma, Sam! Sou eu. — Disse Josh em tom baixo, enquanto Samantha ia parando de se debater.
Logo, Josh retirou a mão da boca da garota, que havia se virado para ele ainda se recompondo do susto e parecendo extremamente irritada.

— Você me assustou! Qual o seu problema, idiota!? — Ela o olhou de forma irritadiça, estapeando o peito dele, enquanto Josh começava a rir, se esquivando dos tapas.

— Calma aí, nervosinha! — Ele disse em tom baixo enquanto ainda ria, sendo estapeado por Samantha.
Logo a empurrou contra uma das paredes do corredor, segurando os braços dela de forma gentil também contra a parede,  acima da cabeça da garota.
Novamente ela sentiu o coração disparar, o olhando nos olhos enquanto ele sorria para si. Afinal, eles nunca estiveram tão próximos assim, pelo menos não a sós.
Ao se dar conta de que ela já havia se acalmado, Josh soltou-lhe os braços finos, que penderam pelas laterais do corpo da garota.
Ele ainda esboçava um sorriso sacana, a fitando de forma fixa enquanto agora cruzava os braços diante do tórax.

— Sabe, eu percebi que você tem me evitado o fim de semana todo. Eu fiz alguma coisa? — O rapaz perguntou ainda a fitando, enquanto Sam desviava o olhar, sentindo-se um pouco sem jeito. 

Ainda sinto nossa ligação. (Until Dawn - Josh and Sam)Onde histórias criam vida. Descubra agora