O alívio por reencontrá-lo.

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Ainda se abraçavam, quando Sam o soltou bruscamente, afastando-se dele e secando as lágrimas com a mão direita.
Ele guiou a mão ao rosto dela, no intuito de secar suas lágrimas. Mas ela o repeliu afastando a mão dele.

 — Não, não me toque! — Disse ríspida, enquanto o rapaz a observava sem compreender muito bem.

— Mas Sammy, nós estávamos... — Não pôde terminar a frase, pois Samantha o interrompera.

— Não me chame de Sammy! Faz ideia de tudo o que eu passei nestes últimos anos? Do quanto eu me senti traída e humilhada?! Você me usou, Josh! Eu fui apenas parte da sua vingança estúpida!
Eu sempre achei que tínhamos uma ligação e que você realmente me amava! Mas acabei descobrindo que eu era só mais uma peça de seu joguinho doentio! Só mais uma vítima de uma vingança a qual eu não merecia!
E depois que tudo acabou eu ainda tive que encarar a barra de uma gravidez sozinha!
Onde você estava quando eu entrei em desespero pela notícia? Aonde você estava quando eu senti os primeiros enjoos e tonturas? Aonde diabos você se enfiou quando eu tive que dar a noticia aos meus pais sozinha?
Você não estava lá quando o seu filho nasceu! Não segurou minha mão quando eu senti as dores do parto.
Ficou escondido aqui, enquanto eu chorava todos os dias, imaginando se estaria vivo ou morto.
Faz ideia do que é ter que explicar para seu filho que ele tem um pai, mas que você não sabe aonde ele está?!
Faz ideia do que é ser expulsa de casa e não ter para onde ir? Josh, você simplesmente desapareceu e nos deixou desamparados!
E agora o nosso filho está desaparecido e eu estou com medo de que esta maldita montanha o tenha destruído, como fez a Beth e Hannah!
Eu não suportaria perder meu filho, ou melhor, o nosso filho! — Sam novamente rompia em lágrimas, e Josh sem saber muito bem o que fazer, simplesmente optou por abraçá-la, ainda que a moça tentasse a todo o custo se esquivar de seus braços.

Josh conhecia o gênio forte de Sam, sabia que ela tinha motivos para estar furiosa. Mas não podia simplesmente permanecer calado e deixá-la com a angústia de não saber onde a criança estava.
Tornou a envolvê-la com mais firmeza pela cintura, tentando tranquilizá-la, ainda que Sam estivesse realmente furiosa e desesperada.

— Sammy, eu preciso que você me ouça. — Ele começou, mas logo tornou a ser interrompido pela moça, que pressionara as mãos contra seu peito, tentando afastá-lo.

— Ouvir o que? Mais uma de suas histórias, sobre o quanto está feliz por eu estar aqui este ano? — Disse ríspida, enquanto Josh respirava fundo, soltando um longo suspiro.

— Não, não é isso! Quer fazer o favor de me ouvir? — Ele perguntou em um tom mais firme, enquanto a moça parava de o empurrar, o olhando séria.
Mais uma vez ele soltou um suspiro prolongado, antes de começar a falar, tentando segurá-la, para aplacar pelo menos um pouco da raiva que a moça sentia.

— Sam, se acalma! Me deixa explicar as coisas, por favor. — Ele disse, quando a moça emburrada, se acalmou um pouco, lhe dando chance de começar a falar.
Ele não pestanejou por muito tempo e logo resolveu iniciar as explicações. — Certo, olha, eu sei que eu não agi da melhor forma, Okay? Mas eu não sabia que as consequências seriam tão graves. Tudo era para ser uma brincadeira, na qual eu faria cada um dos que estiveram no chalé naquele ano, pagarem pelo que houve com Hannah e Beth. Porém tudo acabou saindo do controle, você sabe disso.
Nada justifica o que eu fiz, ainda que eu tivesse meus motivos. Na época que achava que o mais importante era vingar as minhas irmãs e isso me cegou, Sam. Mas depois que eu caí na real, eu percebi o meu erro.
Acabei ficando preso aqui, sem ter como sair. O frio não passava,  a fome também não.
A única solução que eu encontrei, foi comer a carne daquelas pessoas que estavam jogadas pelas minas. Sabe, as vítimas de Hannah e de outros wendigos.
Eu estava virando um deles, estava me alimentando de carne humana,  estava realmente gostando disso.
Mas sabe o que fez com que eu caísse em mim? — Ele perguntou, enquanto Sam ainda magoada, se limitou apenas a fazer um gesto negativo com a cabeça. — Você, Sam! — Ele respondeu prontamente. — Quando a equipe de buscas me encontrou, eu ataquei membro por membro. Mas um deles falou o seu nome e eu percebi o que estava me tornando.
Se tivessem dito o nome de qualquer outra pessoa, eu certamente não teria dado importância e agora seria mais um wendigo, vivendo para sempre neste inferno!
Mas ele citou você, a minha garota. A única que realmente me compreendia e que sempre estava lá quando eu precisei.
Foi isso o que me fez acordar e voltar a realidade. Foi você, Samantha. — Ele disse ainda a segurando firme, enquanto a olhava de forma fixa aos olhos.
A expressão de dura e raivosa de Sam, deu lugar a um ar de espanto, conforme ouvia tudo o que Josh havia falado.
De fato, foi um grande choque escutar tudo aquilo. E era como se ainda digerisse toda aquela informação, que fora despejada sobre si.
Chegou a abrir a boca para retrucar, ou deixar evidente toda a raiva que sentia. Mas estava tão atônita com tudo aquilo, que simplesmente as palavras lhe faltaram.
Ainda queria dizer algo! Queria gritar com ele, mandá-lo se afastar para sempre! Mas tudo isso foi esquecido e seu impulso natural foi o de novamente atirar-se aos braços de Josh e abraçá-lo com força.
Naquele momento, só queria finalmente dar aquele abraço ao qual sentira falta por tantos anos.
Ele a apertou junto a si, como se não quisesse deixá-la partir novamente e ela continuava o mantendo junto ao corpo, como se quisesse deixar claro que não partiria mais sem ele.

Foi então que o som familiar de passos pequenos e ágeis, incidiu ali, fazendo com que ambos olhassem na mesma direção.
Uma silhueta surgia, fazendo sombra na parede, devido a lanterna de Sam, que ainda estava acesa.
E aquela sombra enorme, foi se tornando cada vez maior, à medida que se aproximava.
Josh tornou a empurrar Sam contra a parede, tomando a frente da moça enquanto agora olhava de forma fixa em direção a sombra que tomava cada vez mais proximidade.
Era difícil até mesmo de controlar a respiração,  realmente a tensão era enorme naquele momento.
Mas puderam respirar aliviados, quando a enorme sombra se dissipou, dando lugar a silhueta frágil de J.J, que surgira sonolento, esfregando o olho com as costas da mão direita. — Já posso vir, papai? — Soou a voz da criança, em meio a um bocejo.
Era evidente que J.J estava exausto e havia saído do lugar aonde o pai havia o escondido, quando se deu conta de que o Wendigo já havia sumido de suas vistas.

Quando Sam viu o filho, um sorriso largo se formou em seus lábios e seus olhos se encheram de lágrimas. Simplesmente não podia conter a alegria por ver que o pequeno realmente estava são e salvo. 

Ainda sinto nossa ligação. (Until Dawn - Josh and Sam)Onde histórias criam vida. Descubra agora