Ele era a parte mais bonita de mim.

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O barulho das rodinhas de uma maca ecoava pelos corredores do hospital, enquanto dois enfermeiros a empurravam rapidamente, em direção a sala de cirurgia

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O barulho das rodinhas de uma maca ecoava pelos corredores do hospital, enquanto dois enfermeiros a empurravam rapidamente, em direção a sala de cirurgia.
Ali, deitada sobre a maca, jazia uma moça de aproximadamente dezenove ou vinte anos, cujas contrações haviam se tornado mais intensas.
A testa alva transpirava exageradamente,  os cabelos loiros grudavam sobre a pele encharcada de suor.
Sua expressão facial, transparecia apenas duas coisas: Medo e dor, assim como fora naquela fatídica noite em que seu mundo havia desmoronado naquele chalé.
Sua mente volvia-se a lembranças as quais havia tomado para si como um consolo, uma forma desesperada de abater aquela dor absurda que assolava sua alma, desde que tudo acontecera. E em meio a uma contração e outra, enquanto soltava involuntariamente um gemido de dor entre os dentes cerrados, se apegou a última lembrança feliz daquela noite, como se em meio ao devaneio buscasse alívio para aquela dor absurda.

"Relaxava na banheira, fechando os olhos enquanto sentia o corpo parcialmente submerso naquela água quente, a qual viera como uma benção naquela noite tão fria. Realmente havia valido a pena se enfiar naquele porão escuro com Josh, para ligar o aquecedor e aumentar a pressão da água. Era como se naquele momento até mesmo o susto que Chris lhes dera tivesse lá a sua valia, pois o calor aconchegante da água era capaz de fazer com que seu corpo inteiro se arrepiasse. 

Com a mão direita jogava água sobre o braço esquerdo, o massageando lentamente ajudando a espuma a deslizar sobre a pele alva e macia.
Recostava-se sobre a beirada da ampla banheira, erguendo a perna destra coberta de espuma, cruzando-a sobre o joelho canhoto.
Céus, como estava precisando de um banho quente! Aquela noite estava tão fria que a temperatura parecia ser capaz de atingir-lhe os ossos.
Maneava a cabeça negativamente, rindo um pouco ao se lembrar do comentário ouvido há minutos atrás, quando tentara aquecer a banheira pela primeira vez: "Precisa de ajuda com o banho?" Ainda ressoava a voz de Josh em sua cabeça, fazendo-a rir com tal comentário, surgido após a pergunta do mesmo sobre uma possível ajuda por parte de Sam para acender a lareira.
Comentário este, que definitivamente não levara a sério, ainda que estivesse há algum tempo se relacionando as escondidas com ele, desde que um amparou o outro quando a tragédia ocorreu no ano anterior.
Estava tão alheia a tudo o que ocorria no andar inferior do chalé, que se estivesse ciente de tudo teria se sentido aliviada por não aceitar fazer parte da tal sessão com o tabuleiro Ouija, que Josh havia mandado Chris e Ashley procurarem. Apenas mais uma parte do joguinho doentio de Josh, que tentava transmitir a cada um deles toda a aflição que as irmãs haviam sentido no ano anterior.


Os olhos cor de avelã permaneciam fechados e os ouvidos tapados pelo fone por onde soava a suave melodia de Ode to Joy. E, talvez por esta razão, não ouvira uma tão familiar voz masculina a chamá-la em tom angustiado ao outro lado da porta.

 — Sammy? — Soava a voz de Josh, enquanto o barulho das mãos de Samantha se movendo debaixo d'água poderia ser perfeitamente ouvido, quando ele apoiou o ouvido a porta.

— Sam? — Tornou a chamar, ainda atento aos barulhos no interior do cômodo. Um sorriso suave emoldurou aos lábios finos de Josh, afastando o rosto da porta e guiando a mão até a maçaneta sem girá-la.

— Então ela já entrou no banho? Você não perde tempo, Sammy. — Disse consigo mesmo, em tom baixo, como se quisesse impedir que qualquer outra pessoa o ouvisse ao "pensar em voz alta".
Hesitou por alguns segundos, antes de finalmente apertar a maçaneta entre os dedos e girá-la provocando o familiar "click" que denotaria a fechadura sendo aberta. "

Ainda sinto nossa ligação. (Until Dawn - Josh and Sam)Onde histórias criam vida. Descubra agora