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Hoje vou viajar com a Inês para a Corunha, é a prenda dela para mim de aniversário e como tal vamos só as duas. Desta vez nada de namorados around, não que não goste de ter o Simão perto de mim, mas sabe sempre bem ter um tempinho só com a Inês. E também nada melhor do que estar uns dias longe do nosso namorado para que quando voltarmos a estar juntos haja o desejo que por vezes não sinto da parte do Simão.

Assim que o despertador tocou, não perdi um segundo e levantei-me de imediato da cama, de seguida fui até à casa de banho onde realizei a minha higiene pessoal. Logo depois disso, voltei para o quarto onde vesti uma roupa que fosse confortável para andar de avião e de seguida calçei-me. Desci e fui em direção à cozinha onde se encontrava a minha avó Maria a preparar o meu pequeno almoço, para que embarcasse para Corunha de barriga cheia.

- Avó, não precisava de se pôr a pé tão cedo. Tem noção das horas? - pergunto colocando as mãos na cintura.
- Minha filha, isto para mim não é nada. Para além disso não te ia deixar partir lá para a Coruja de barriga vazia - disse fazendo-me festas pelo cabelo.
- Corunha avó - não exitei em gargalhar com o pequeno erro da minha avó.
- Ai filha tu sabes que não sou nada boa com os nomes dessas terras estrangeiras - juntou-se a mim na gargalhada.
- Eu sei vó, eu sei - abracei-a e momentos depois larguei-a para conseguir acabar de tomar o pequeno almoço a tempo de conseguir apanhar o avião.

A minha avó é sem sombra de dúvidas a pessoa mais importante da minha vida, criou-me juntamente com o meu avô, que infelizmente não se encontra mais entre nós, enquanto os meus pais viajavam em negócios durante dias seguidos. Criou-me com o melhor que tinha, não era muito, mas era o melhor que tinha e isso chegava. Estive em Bragança com eles desde os meus três anos até aos quinze, quando os meus pais resolveram que chegava de viagens e que queriam passar tempo com a filha que deixaram com os seus pais e sogros. Não me conformara com a decisão dos meus progenitores, não queria por nada deixar Bragança e vir morar em Braga e durante cerca de um mês implorei aos meus pais que trouxessem os meus avós para cá, e consegui. Consegui estar ao lado do meu avô no leito da sua morte e nada antes me custara tanto, preferia mil vezes ter de estar um dia inteiro no campo, onde cresci, a cavar terra a vê-lo morrer, mas eu nada podia fazer. Estive de luto por mais de um ano, a verdade é que ainda estou, o luto nunca irá acabar. Dizem que a dor não passa que só nos acostumamos com ela e desde então nada mais fizera tanto sentido na minha vida.
Até que conheci o Simão que rapidamente se tornou a luz dos meus dias. Quando estava com ele as horas voavam e a dor desaparecia, nada mais importava a não ser o sentimento que tinha por ele, que não parava de crescer a cada dia. Dada a amizade do Henrique, o namorado da Inês na altura, com o Simão , que era e continua a ser o melhor amigo do Simão, conheci a Inês e logo no nosso primeiro contacto senti que nos íamos dar lindamente e aqui estamos nós três anos depois com uma amizade que nada consegue deitar abaixo.

- Filha? Então tudo bem? - vejo a minha avó abanar a sua mão em frente aos meus olhos o que me fez desligar dos meus pensamentos.
- Sim vó, está tudo bem - sorri fraco.
- Vai lá que o teu pai está a chamar para te levar ao aeroporto.
- Vá vó, fique bem. Não se esqueça dos comprimidos da tensão e nada de se enervar, por favor - peço - vá beijinho aqui à neta favorita - abro os braços e preparo-me para receber a mulher da minha vida. Desdimo nos, de seguida pego na mala que se encontra na mala desde o dia anterior e saio em direção à garagem onde se encontra o meu pai.

- Quer ajuda com as malas Aurora? - pergunta o meu pai.
- Não pai, deixe estar eu consigo - respondo com um sorriso fraco no rosto.
- Vá ponha lá isso e entre no carro - coloquei a mala na bagageira do carro e entrei na porta direita de trás do carro, como sempre me disseram que havia de ser.

Algum tempo depois cheguei ao aeroporto, despedi-me o mais depressa possível do meu progenitor que pouco se demonstrou importado com a minha partida para o exterior do país e de seguida tentei encontrar a Inês no aeroporto do Porto que é gigante. Procurei-a incansavelmente até que finalmente a encontrei.

SHAWTY || Pedro MarteloOnde histórias criam vida. Descubra agora