SHAWTY || Pedro Martelo

~ ǝʌou ~

Acordei num ambiente que não era a minha casa e logo um arrependimento surgiu, olhei para o meu lado e lá estava o Pedro a dormir descansado, enterrei a cabeça na almofada a rugar pragas a mim mesma por me ter envolvido com ele. Levantei-me e quando estava a começar a vestir a roupa do dia anterior, o Pedro acorda.

- O que é que tens na perna? - pergunta ao mesmo tempo que esfrega os seus olhos.
- Não é nada - minto.
- Alguma coisa é, Aurora. Posso ver?
-Não há nada para ver, é uma negra só isso.
- É uma negra um tanto estranha, tem a forma de uma mão. Quem é que te fez isso?
- Não tem nada forma de uma mão. Tenho de ir andando.
- Primeiro deixa-me ver isso que tens na perna - coloca-se em frente à porta do seu quarto para impedir a minha passagem. Acabo por colocar a minha perna sobre a cama e levanto o vestido ligeiramente para que ele conseguisse ver a negra que o Simão me fez no dia anterior - isto está horrível, Aurora. Quem é que te fez isto? Foi ele não foi?
- Tenho de ir - retiro a perna da cama, puxo o vestido para baixo e dirijo-me até à porta mas este agarra-me levemente o braço.
- Isto é violência no namoro. Ele não tem o direito de te fazer isto.
- Não te preocupes, eu estou bem - sorrio fraco.
- Vou andar de olho em ti, se eu vir algo estranho em ti, embora não saiba quem ele é, eu descubro e intervenho. Não vou deixar que ele te continue a fazer isto, percebeste? - abanei afirmativamente com a cabeça, voltei-me para a porta, mas acabei por lhe dar um beijo na bochecha e agradecer - estás a ver que consegues ser simpática comigo! - diz quando já me encontro fora do seu quarto.

- Quem és tu? - pergunta um rapaz em tronco nu quando me preparo para sair. Acabo por me voltar para trás e não dizer nada - és a tal Aurora, não és?
- Quem és tu e como é que sabes? - pergunto confusa.
- Sou o Francisco Moura, colega de casa do Martelo.
- Quem é o Martelo? - pergunto preocupada, só conseguia pensar que era algum dealer.
- O Pedro!? A pessoa com quem dormiste hoje.
- Nós não dormimos juntos, rapaz - minto.
- Ah então os barulhos perturbantes hoje à noite devem ter sido o gato dos vizinhos certo, rapariga?
- Pois, devem ter sido - despacho o rapaz.
- Volta quando quiseres - acena-me.

Não parei de pensar em tudo o que havia acontecido na noite anterior, traí o meu namorado com um rapaz que conheci nas minhas férias e achava que o odiava.

Cheguei a casa, abri a porta de maneira a não acordar ninguém e subi até ao meu quarto, abri a porta e qual não foi o meu espanto ao encontrar o Simão sentado na minha cama.

- Venho eu aqui, feito estúpido, procurar-te para fazer as pazes contigo e tu não estás aqui? Estamos a brincar? Onde é que andavas? - pergunta furioso.
- Como é que tu entraste? - pergunto com o coração na boca. Ele tira umas chaves do seu bolso e abana-as - como é que conseguiste as chaves de minha casa?
- Isso não interessa para o assunto. Vais demorar muito a dizer-me onde é que estavas metida, ou vou ter de te forçar a dizer - levanta-se e esfrega as mãos.
- Estava em casa da Inês, porquê? - minto.
- Quando me quiseres mentir, garante que eu já não sei a verdade, Aurora. Eu liguei à tua amiguinha a perguntar se lá estavas e adivinha, ela disse que não - ergue as suas sobrancelhas - se eu descubro quem é o palhaço levas tu e ele - faz uma breve pausa e agarrar-me violentamente o braço - percebido? - sem exitar abano afirmativamente a cabeça. Largou-me o braço igualmente com imensa violência, beija-me à força enquanto me apalpa contra a minha vontade. Quando ele saiu uma quantidade enorme de lágrimas escorriam pela minha cara e limpo a minha boca a um lenço do pacote que tinha na mesinha de cabeceira. Sentia-me suja depois do Simão me ter tocado daquela forma.

- Aurora, estás bem? - ouço a voz da minha melhor a miga, levanto a cabeça e logo a volto a deitar na almofada. Esta sentou-se na cama ao pé de mim, sempre a perguntar o que se havia passado.
- Foi o Simão - digo sem nunca parar de chorar.
- Ele traiu-te? Ele ontem bem me ligou a perguntar se sabia onde é que estavas.
- Não foi nada disso - limpo as lágrimas, mas logo outras escorreram pela minha face. Levantei-me da cama, e mostrei-lhe a negra da perna, e a minha mais nova aquisição, a negra do braço.
- Ele fez-te isso? Aurora, não podes deixar que ele continue a fazer isso contigo. Vamos hoje sem falta fazer queixa desse cobarde e vais acabar com ele, percebido?
- Eu não posso acabar com ele, Inês. Ele está capaz de me matar. Ontem ameaçou que se eu contasse a alguém sobre a negra na perna que ia correr mal e hoje ameaçou que me matava a mim e ao Pedro, eu não posso arriscar, não posso.
- O que é que o Pedro tem a ver com a negra no braço?
- Eu dormi com ele, hoje.
- Não acredito! Finalmente tiveste coragem de assumir os teus sentimentos por ele!
- Eu não sinto nada por ele, foi só um momento de fraqueza.
- Mas ele sabe que foi com ele que dormiste?
- Achas? Ele só sabe que não dormi cá, se ele sabe que é ele, não descansa até dar cabo dele. Ele está louco, Inês, louco.
- Aurora, tens de parar de ter medo dele! Vamos à polícia, fazes queixa dele, contas das ameaças e eles tratam dele.
- Não sejamos ingénuas, quantos casos de violência doméstica é que vês por dia em que as mulheres fazem três, quatro, cinco queixas e acabam mortas pelos maridos ou ex maridos? Eles nunca mexem uma palha. Além disso, não é só a minha vida que está em risco, é a do Pedro também.
- Tu gostas dele.
- Não gosto nada, Inês. Não comeces, eu só tenho consciência que ele no meio disto tudo é o mais inocente.

Olá babez🧡
Tudo bem?
Já não postava à bastante tempo, mas fui de férias, já voltei à uma semana e uns dias, mas estava com bastante preguiça de escrever e as ideias também não estavam a vir com grande facilidade, MAS aqui está o nono capítulo!
Esta relação Aurora Simão infelizmente é o que mais anda para aí a circular nas notícias. Infelizmente vemos diariamente mulheres serem assassinadas pelos maridos ou ex maridos, mulheres que sofrem violência doméstica, fazem imensas queixas, como refiro neste capítulo, e ainda assim nenhuma proteção lhes é dada e infelizmente acabam da pior maneira.
Não podemos deixar que nos façam isto, eu sei que deve ser difícil ir até à polícia fazer queixa, mas é o que tem de ser feito. E, sempre que souberem de uma mulher ou homem, porque sim 9s homens também sofrem violência doméstica, ajudem essas pessoas e façam queixa por elas!!! Vamos diminuir estes números de mortes por violência doméstica!
Passando agora para o nosso casal favorito, parece que a Autora está a começar a ceder aos seus sentimentos, ahm? Conseguiram eles acabar com tudo isto e ficar juntos no final? Não percam!

See you👋🏼