Revolução em pó naquele vaso do banheiro

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A cidade não parece querer ser habitada
Um tanto de anos nela e então
Você só pensa em fugir

E, uma vez,
Longe dela
Não há como se fixar em lugar algum
Sempre falta algo

Um lugar para se chamar de lar
Livros para se deitar a cabeça
Café para queimar os corações
E o chá para aquela respiração

Nada disso é possível
Em uma cidade que não quer ser habitada
Ninguém se contenta com o sol
A chuva motiva a névoa noturna

Busca não se sabe o quê
Não se sabe onde
Não se sabe quem...

E a loucura se cura com remédios
O capitalismo os faz gozar com as ofertas
Descontos para dormir
A ansiedade se passa no cartão

Mas a metáfora nos transforma todos
Em seres revolucionários
Com nossas caixas pretas em cima do microondas
Para que as visitas não vejam
Todo o branco em pó no vaso do banheiro.

Seus olhos sob a névoa cinzentaOnde histórias criam vida. Descubra agora