Prólogo

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Florença, Itália - 10/04/1800

Seis horas e trinta e cinco minutos, o exato momento em que Hunter Todderick Thompson havia nascido. Sua mãe, Misandei Maevis Thompson, era uma poderosa feiticeira de Mormont. Quando segurou o filho em seus braços, tinha plena noção de que a vida daquela pequena criança seria uma tormenta, não por escolha sua, mas por obra do destino certeiro e incrivelmente óbvio.

Em relação ao pai, Francis Modrick Thompson, não havia muito o que descrever sobre ele. Francis era um mago negro e herdou a imortalidade de sua família materna. Ele sabia que, um dia, sua esposa iria morrer e deixá-lo sozinho, somente esse fato o aterrorizava mais do que perder o próprio filho.

Cinco dias após o nascimento, os dois observavam, nervosos, a criança. O bebê tinha a pele alva, as bochechas rosadas e a boca, um pouco curvada, deixavam as pequenas covinhas mais aparentes. A cor de seus olhos era diferente, um amarelo intenso dominava as íris de Todderick, eles já sabiam o que significava.

Olympia, Washington - 20/10/1825

Hunter Todderick Thompson, agora aos seus 25 anos, havia se tornado um homem sério e discreto. Morava em Olympia, a capital de Washington. Ele possuía 1,93 de altura, tinha um corpo atlético, sua pele já estava mais bronzeada, os cabelos negros e lisos chegavam aos ombros e a barba por fazer o dava uma aparência mais rígida. Isso não anulava o fato de que ele era carismático, embora guardasse muitas cicatrizes do passado.

Sete anos após seu nascimento, Maevis havia sido assassinada em praça pública. Naquele momento, ele não soube de muitos detalhes, o pai, Francis, chegou esbaforido e apenas o contou, apressado, pedindo para que Hunter fugisse o mais rápido possível. Foram longos anos sem notícias de seu pai.

Após voltar para Florença, aos dezoito anos de idade, ele encontrou uma carta em sua velha casa que, incrivelmente, estava quase intacta, se não fosse pela falta de cuidados. A carta explicava um pouco mais sobre a morte de Maevis. Ela havia sido pega numa emboscada e enforcada pelas autoridades locais, havia sido descoberta uma Feiticeira de Mormont. Francis se viu perdido, ele sabia o quanto temia aquele dia, e, infelizmente, chegou repentinamente. Antes que a depressão o atingisse, ele decidiu aprisionar a própria alma numa jóia. Sua imortalidade não o permitia morrer, mas o permitia se manter preso com uma maldição inquebrável, e foi o que ele fez.

Hunter se sentia ferido, não conseguiu salvar nenhum dos dois e não fazia ideia de onde essa jóia poderia estar. Por esse motivo, decidiu seguir a vida sem olhar para trás.

Asgard - 10/03/1800

Cinco horas e trinta e cinco minutos. Ametist Marie havia nascido. Sua mãe, Lyke Lux, uma valquíria, não resistiu ao parto e acabou morrendo assim que Ametist nasceu. Seu pai, Nox Conor, um herói, com medo do que seria dito a ele, se matou em seguida. Segundo o próprio, não aguentaria o desgosto de perder Lyke, mas não queria assumir Ametist, pois, a mesma havia sido fruto de um relacionamento não oficializado. Nox não queria perder sua reputação heróica, mas foi exatamente o que aconteceu. Ele foi esquecido. Os corpos dos dois, ao serem encontrados, foram levados por outros asgardianos, juntamente com a criança.

Ametist foi renegada e expulsa de Asgard dias após ser encontrada, acabou sendo enviada para uma família simples em Olympia, Washington. Seus pais adotivos nunca contaram sua verdadeira história, embora não soubessem direito o que havia acontecido, ela apenas foi deixada na porta e tinha uma pulseira de ouro, com seu nome cravado: Ametist Marie Lux, 10/03/1800. Jules e Harry a acolheram e cuidaram dela da melhor forma possível, mesmo sem possuir muito dinheiro para oferecer uma vida cheia de caprichos.

Ametist cresceu feliz e saudável ali. Era uma mulher forte, seus cabelos castanhos e cacheados batiam na cintura, possuía a pele negra e tinha 1,65 de altura. Seus olhos chamavam mais atenção que tudo, inclusive, mais do que seus traços delicados. Ela possuía olhos amarelos.

Olympia, Washington - 03/02/1835

O destino havia feito Ametist e Todderick se encontrarem numa noite de Natal, em 1825. Começaram a namorar poucos meses após a ocasião e, cinco anos depois, haviam se casado. Aos olhos dos outros, havia acontecido tudo muito rápido, mas, aos deles, o amor havia feito aquilo. Eles sabiam que eram feitos um para o outro e, realmente, apenas a morte os separaria. O casal exalava amor, poder e felicidade por onde passava, mas eles não eram um casal qualquer.

Todderick herdou a magia de seus pais, especialmente a imortalidade de Francis. Ametist possuía as habilidades de uma valquíria e os poderes de um herói, ela sabia que não havia sido por causa de Jules e Harry, mas nunca soube de seus verdadeiros pais. Jules e Harry nunca contaram a verdade para evitar machucá-la, mas ela sabia. Sempre soube. Devido a isso, Todderick e Ametist Thompson decidiram viver mais reservados de tudo.

Em 1835, as coisas mudaram. Ametist estava grávida, e isso era perigoso. Eles sabiam que não seria fácil, tinham total certeza disso. Por anos foram perseguidos por organizações e entidades sombrias, sempre fugindo e se escondendo o máximo possível.

Agora seria diferente. A proteção da criança viria em primeiro lugar.

- Custe o que custar. - Ametist falou. O nervosismo em sua voz e a preocupação evidente em suas feições totalmente aparentes. As mãos trêmulas e suadas não deixavam passar batido.

- Custe o que custar. - Concordou Todderick, segurando as mãos de sua esposa. Ele estava mais calmo, tinha convicção de que poderiam proteger o bebê. Ao se abraçarem, foi inevitável suspirar. A jornada seria longa.

A vida nunca facilitou nada para eles, agora não seria diferente. Tudo é uma grande batalha, resta saber se você está disposto a ganhar ou perder.

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