Acordando

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Abrindo os olhos verdes, o jovem exilado fitou o quarto em que estava, na Ilha de Santa Helena. Era um quarto grande, nada apropriado para um exilado como ele. Os móveis eram de mogno e a cama era grande e confortável, com mantas bordadas e douradas.

Exausto, se sentou na cama. Seu corpo doía, mesmo com todo o conforto de seus aposentos. Mexeu nos cabelos loiros, lisos e longos.

- Sir? Sire?- Era um dos empregados, ou devia dizer carcereiro? O ex-rei não sabia ao certo, já que o tratavam tão bem...- Sire, está tudo bem?

Apertou os olhos.

- Sim, está... já vou descer...

Apertou mais um pouco os olhos. François entrou.

- Pardon, monsieur, mas o senhor está acordando cada vez mais cedo. São seis e meia da manhã, durma mais um pouco! Pelo seu estado, vejo que não dormiu nada durante a noite!- exclamou o velho empregado, impressionado ao ver a aparência do jovem sentado na cama, os olhos sendo cada vez mais apertados, emoldurados por olheiras, os cabelos longos que iam até o ombro em desmazelo, a roupa de linho amassada e amarrotada.

Definitivamente, aquela não era a aparência de um ex- monarca.

- Está tudo bem, François... já... já estou acostumado...- Disse, abrindo os olhos.

- Acostumado?! Mas o senhor está...

- Exilado, eu sei... mas...- O jovem apertou a barriga que doía. Sorriu fraco.- Mas eu mereci... f-fui um péssimo governante... - Apertou um pouco mais a barriga.

- Não seja tão duro assim, sire...

- Não me chame de sire, François. Me chame de Connor... não sou mais digno de ser um governante ou de ter um cargo de poder. Não sou digno de minha filha. A pequena Regina é melhor do que eu... em todos os aspectos...

François olhou com o canto do olho a parte da barriga de Connor que doía.

- É a...?

- Sim... a maldita úlcera...- Connor sorriu fraco outra vez.

- Devo chamar um médico?

- Não... eu...- Se levantou da cama.- Eu estava pensando em andar pelas ruas. Faz algum tempo que não saio de casa, e seria bom ter algum contato com as pessoas... e... - Respirou fundo- Pensar... refletir sobre o que fiz, sabe...? Tenho de refletir mais...

Penteou os cabelos com os dedos enquanto o velho empregado apenas o olhava.

- Refletir? Mas o senhor não faz outra coisa além disso! Vive se martirizando por algo que não foi culpa sua, senhor Connor. Isso não é saudável...

- Acredite; eu sou mais culpado do que se pode imaginar, François.

Sob os protestos do empregado, Connor Skelton, o antigo rei de Westfall se vestiu e saiu.

Foi ver as pessoas.

N/A: Westfall é um país imaginário (inventado por mim), que mescla alguns aspectos da França com o Reino Unido. Espero que tenham gostado do primeiro capítulo de Viva La Vida. Não esqueçam de comentar e de votar. Beijos!





Viva La Vida: A vida de um rei exiladoOnde histórias criam vida. Descubra agora