Desabafo

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1768

Ernest jogou o pequeno Connor em uma poça de lama, em um de seus surtos de raiva.

- VOCÊ MATOU A MINHA MÃE, SEU BASTARDO!- Gritou ele, colocando o pé em cima do peito do menino. Connor arfou, sentindo falta de ar.

- Para com isso, Ernest! Eu não tô conseguindo respirar!

- MORRA!

Connor começou a chorar. Ernest deu um tapa no rostinho do irmão.

- CALE A BOCA, SEU BASTARDO ASSASSINO!

Connor apertou os olhos. Ernest deu um soco nele.

Indefeso, Connor se sentiu sufocar enquanto Ernest batia nele. 

Quando já estava quase perdendo os sentidos, seu professor particular, o sr. Camille Desmoulins, apareceu correndo e tirou o pequeno Connor das garras de Ernest.

Desmoulins olhou para Ernest com raiva, que se encolheu ante ao olhar do homem alto, magro, cabelos negros e olhos castanhos.

- V-venha co-comigo, Co-connor... 

Desmoulins pegou a mãozinha de Connor e o levou até seu gabinete. Cuidou de seus ferimentos com eficiência e carinho.

- Como está o meu pai, mr. Desmoulins?- Perguntou Connor, enquanto Camille colocava algo gelado em um galo na testa  de Connor. 

Camille suspirou.

- S-seu p-pai n-não e-está mu-muito b-bem, C-connor. E-ele e-está t-tossindo m-muito e f-ficando m-muito ca-cansado e su-suado. A do-doença o pe-pegou de ve-vez...

Camille ficou calado.

- Mas o Pa vai ficar bem, não é?

Camille engoliu em seco; o rei não estava NADA bem. A tuberculose havia pego Arthur II de vez. Já fazia 2 anos que Arthur II estava doente, e apenas piorava. Ficava na cama, rodeado de médicos ineficientes e tossindo muito.

- Cl- claro que s-sim, C-connor... s-seu p-pai va-vai fi-ficar bem.- Disse Camille, com o coração apertado.

- Está bem...- Connor balançou as perninhas, e, após um longo silêncio, perguntou: 

- Eu matei minha mãe? O Ernest vive dizendo isso.

Camille engoliu em seco.

- N-não, C-connor... v-vo-você n-não m-matou s-sua m-mãe... 

- Mas o Ernest diz isso, e eu acho que é verdade...

Camille abraçou o menino de nove anos.

- N-nem t-tudo o q-que o-os m-mais v-velhos dizem é ver-verdade, C-connor...

Connor relaxou. Uma batida na porta foi ouvida.

- E-entre...- Disse Camille.

Uma das empregadas entrou.

- Monsieur Desmoulins, Vossa Alteza... o rei está pedindo para vê-los. 

Camille e Connor se entreolharam, tensos e foram até o quarto do rei.






Viva La Vida: A vida de um rei exiladoOnde histórias criam vida. Descubra agora