1765
O pequeno Connor espreitou a reunião do pai pela fechadura da porta. Arthur II estava debruçado sobre um mapa, os olhos muito azuis se concentrando imensamente no que fazia. O cabelo loiro, liso e curto estava levemente bagunçado. Vestia roupas finas que realçavam seu corpo alto, magro e musculoso.
Acompanhado por conselheiros barrigudos com mais de sessenta anos, Arthur II decidia coisas sobre o futuro do reino.
- Sem saneamento básico...! Quem foi o imbecil que deixou isso acontecer?!- Exclamou o rei, apertando as têmporas, arqueando as sobrancelhas loiras e fitando o mapa por um longo tempo para, algum tempo depois, olhar para os elitistas conselheiros.
- Majestade... as ruas estão limpas e bem-cuidadas...- disse Hanôver, um dos conselheiros.- O povo é feliz...
- Então o que me diz desse documento, monsieur Hanôver?- Arthur II pegou um papel e leu as seguintes palavras: - " As ruas são um horror; tudo está sempre fedendo, principalmente nos bairros mais pobres. Os ratos andam livremente e espalham mais doenças do que poderíamos imaginar. A população está caindo rapidamente. Vossa Majestade terá de resolver esse problema rapidamente." - Arthur II bufou, olhando para Hanôver. - Isso é limpeza?! Os meus súditos estão insatisfeitos!
- Mas seus filhos estão satisfeitos, majestade! - Rebateu Hanôver.
- Criarei meus filhos para serem conscientes sobre a natureza e sobre os direitos das pessoas. Eles podem estar crescendo em um palácio, mas eles têm de ter essa consiência!
- Não sei, majestade... as suas decisões são extremamente questionáveis sobre a criação desses meninos... se eu fosse o senhor, manteria as puras e inocentes crianças longe da ralé!
- Mas assim elas não seriam conscientes com o ensino elitista que os nobres e, consequentemente, os príncipes recebem. Seriam uns verdadeiros alienados, e eu não quero isso para eles, principalmente para o pequeno Connor!
- Deixe a educação de Connor nas nossas mãos e deixe a ralé do jeito que está!- Exclamou Hanôver, sua enorme e gorda face ficando avermelhada.
- Não!- Arthur II bateu com a mão fechada na mesa de mogno. Pegou os papéis amontoados na mesa e saiu da sala, deixando os conselheiros estupefatos. Bateu a porta ao sair. Pegou Connor no colo. O pequeno estava perto da porta.
- O que você estava fazendo, Connor?- Acariciou o narizinho do filho.
- Nada... - Connor deu um risinho e brincou com os cabelos do pai. - Me leva de cavalinho, papai?
- Claro!
Colocou Connor nas costas e fez sons de cavalo.
- O valente príncipe Connor se prepara para enfrentar o furioso dragão...!
Arthur II e o pequeno Connor Edward Skelton brincaram até ficarem cansados.
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Viva La Vida: A vida de um rei exilado
General FictionCapa por: _AnnyNini_ (Obrigada, linda!) Ilha de Santa Helena. O jovem rei Connor Edward Skelton vive em exílio com sua filha pequena de 6 anos após um golpe político. Durante esse exílio, o jovem rei terá tempo para repensar sobre sua existência e...