Um último documento

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Connor acordou aos poucos; sua visão estava embaçada pela perda de sangue e pela fraqueza.

- O-onde estou...?- Indagou ele, com voz fraca.

Marie o abraçou.

- Ah, graças a Deus!- Exclamou ela, e beijou a testa de Connor.- Você ficou... desacordado por três dias...

- Três dias?!- Ele quase gritou.

- Sim... mas pelo menos você está aqui. Vivo e bem. E pelo menos estamos juntos. 

Jefferson entrou.

- O secretário Hamilton, o general Lafayette e o doutor Lavoisier querem falar com você, Connor.

Connor arqueou as sobrancelhas.

- Lavoisier? O que ele quer comigo?

- Ele cuidou de você enquanto você estava desacordado... - Marie disse, afagando os cabelos loiros do marido.

Connor grunhiu enquanto se sentava na cama.

- Chame-os, então...

***

Lavoisier suspirou aliviado ao ver Connor acordado.

- Finalmente, rapaz! Você quase nos matou de susto! - Disse ele, enquanto preparava algo para a úlcera de Connor. O jovem rei piscou várias vezes.

- Como vai o... avanço de Ernest? - Perguntou, reticente. Lavoisier mexeu o remédio para a úlcera e o entregou para o monarca.
- Merci. - Agradeceu, olhando nos olhos do jovem médico. Se não fosse por Lavoisier, possivelmente ele não estaria mais vivo; os sangramentos da úlcera, que tinha desde os 18 anos, já o teriam matado.
- O prazer é todo meu, sire. 

Connor bebeu o remédio e olhou para Lafayette e para Hamilton. O secretário Hamilton, ruivo e de olhos entre azul e violeta falou primeiro:

- Ele será coroado na semana que vem. E está gastando uma quantia absurda de dinheiro. Pelos meus cálculos, a coroação dele deve estar o equivalente a 13.000 francos de libras, ou mais do que isso.

- Santo Deus...

- Tirou Washington e colocou Charles de volta no cargo. - Lafayette disse, alisando a peruca e olhando para Connor.

Connor suspirou.

- Estou sendo muito covarde? Eu devia ter lutado, e não ter fugido.

- Você fez isso para ver sua família. Todos nós faríamos isso... - Lavoisier falou, sorrindo.

- Mas, em compensação... as pessoas querem que você faça algo, Majestade. - Apontou Lafayette. - As pessoas... querem que você... lute.

- Não lutarei. Estou doente, e não sou mais o mesmo de antes. Essa úlcera acabou comigo, e Ernest pode fazer algo horrível com minha família se eu revidar. Não, não vou lutar.

- Então o que fará?

- Escreverei uma carta de despedida. Um último documento...

- Mas o senhor está... doente! - Exclamou Hamilton. - Eu escreverei. O senhor ditará.

- Pois muito bem. - Connor bateu palmas. - Pick up a pen, start writing.

- Imediatamente, senhor!
***

" Revendo os incidentes de minha administração, não estou ciente de ter cometido erros intencionais, e se os cometi, me desculpem, mas foi por um bem maior. Todavia, estou muito ciente de meus próprios defeitos para não achar provável que tenha cometido muitos erros. Eu também devo carregar comigo a esperança ainda que vã de que o novo rei os verá com indulgência, e que após vinte e cinco anos de minha vida, dos catorze, quando fui coroado, aos trinta e nove, quando deixo esse cargo vítima de uma revolta injusta, que foram dedicados ao  zeloso serviço de Westfall. As responsabilidades sobre habilidades incompetentes serão consignadas ao esquecimento, já que eu mesmo, em breve, devo descansar de todo esse caos nas mansões do descanso. Eu antecipo com agradáveis expectativas que diminuem , que eu prometo a mim mesmo perceber a doce satisfação da  participação dentre meus caros cidadãos na influência benigna de boas leis sob um governo livre, o assunto preferido por meu coração e a feliz recompensa que podem alcançar nossos mútuos cuidados, afazeres e perigos

Connor E. Skelton, servo de Westfall"

Connor encarou Hamilton. 

- Um último documento...- Disse, melancolicamente.

Hamilton suspirou.

- Um último documento...

Viva La Vida: A vida de um rei exiladoOnde histórias criam vida. Descubra agora