Já fazia muito tempo desde a última vez que vi Tzuyu, não sabia ao certo quanto, nem ela, nem.eu procuramos saber uma da outra, acho que isso contava duas semanas desde a última vez que nós nos vimos.
É hora de encarar a realidade. Se eu não aparecer para ver Tzuyu, as pessoas vão começar a falar. Oppa vai fazer perguntas. Mas estar aqui não significa que eu tenha que gostar. Soraya abre a porta da casa dos Chou. Ela abaixa a cabeça de forma quase imperceptível. Mas sou eu quem deveria abaixar a cabeça para ela – ela é mais velha, no fim das contas. Em vez disso, eu abandono todas as formalidades e beijo Soraya em ambas as bochechas. Ela parece feliz e surpresa, e eu imagino que deveria ter começado a fazer isso há muito tempo, em vez de nossos acenos de cabeça formais.
Tiro o meu casaco e o primeiro num cabideiro próximo. Eu me esforcei para parecer atraente. Não sei se vai funcionar. Se Tzuyu perceber como estou bonita, talvez ela cancele o casamento. A possibilidade de que isso aconteça é a mesma de eu ficar com algum homem, nula.
Vou para a sala de estar, onde Jackson dedilha seu violão, as pernas sobre o sofá como se ele fosse o rei do castelo. Limpo a garganta para que perceba a minha presença, mas ele continua a tocar sem olhar para mim.
– Oi, Tzuyu – ele sorri, ainda dedilhando o violão. – As damas do palácio ainda não voltaram.
Eu me sento numa cadeira e o escuto tocar.
– Você conhece esta canção? – ele pergunta.
– Não.
– Cat Stevens.
Ele passa a cantar num inglês desajeitado e eu começo a desejar que ele apenas toque, sem acrescentar o vocal. Ele parece um bobo. Meu sorriso está desaparecendo. Talvez eu devesse ir embora e voltar mais tarde. Jackson para de cantarolar e continua tocando com movimentos delicados, sem fazer contato visual comigo, perdido em seu próprio mundo. A conversa dos Chou sobre a nossa reunião é puro otimismo exagerado. Jackson está tão interessado nesse encontro quanto eu.
– Você acredita que esse casamento vai acontecer? – ele pergunta.
Não, eu não acredito. Isso me deixa enjoada e eu quero socar o noivo de Tzuyu na cara, com uma plateia de homens "vestidos de mulher" torcendo por mim.
– Estou feliz por Tzuyu – digo.
Venho ensaiando essa frase no banheiro nas últimas duas semanas, checando no espelho para me assegurar de que pareço sincera.
– Não consigo vê-la como uma esposa – diz Jackson. – Ela provavelmente vai levar a Soraya junto, para cozinhar para Lee e costurar os botões das camisas dele.
– Tenho certeza de que ela será uma boa esposa.
Eu realmente desejo isso. Tzuyu adora atenção, mas eu acho que Lee irá cair de amores por ela, e Tzuyu, por sua vez, será boa para ele. Reza parece ser o tipo que gosta de receber ordens... Um idiota sortudo.
– Casamento é uma farsa – Jackson diz com um tom determinado.
Quem sabe há quanto tempo ele vem recitando isso em frente ao espelho? Eu me lembro das ocasiões em que ele vinha conversar comigo e Tzuyu sobre a garota que ele ia pedir em casamento. Ele falava horas e horas sobre o quanto ela era deslumbrante, um anjo na terra... blá, blá, blá. Quando o pai da garota recusou a proposta de Jackson, ele passou a falar sem parar que ela nem era tão bonita assim, um demônio confundindo seu discernimento. Jackson, como Tzuyu, herdou o gene podre dos filhos mimados.
– Você sempre foi inteligente por não se interessar por garotos – ele diz, e eu faço o meu melhor para continuar respirando. Eu sou assim tão transparente?
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MINE: Se você pudesse ser minha. - SaTzu
FanfictionUm amor proibido pode colocar a vida de duas garotas em risco. Sana e Tzuyu são apaixonadas desde pequenas. Mas a Coréia é um lugar perigoso, e elas podem ser espancadas, deserdadas e até ignoradas na sociedade se o relacionamento entre elas for des...