14- Superman

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Minha escola ligou para Oppa para saber por que faltei ontem e ele está tentando conseguir uma explicação minha. É uma pena que eu esteja deitada em posição fetal na minha cama e não sinta vontade de conversar com ninguém. Ele deveria entender isso. Ele faz mais ou menos a mesma coisa desde que mamãe morreu. Comprou um pouco de ensopado em lata da loja na esquina de nosso apartamento. Eu ficaria impressionada, se não fosse pelo fato de que estou absolutamente devastada porque esse casamento vai acontecer, e não posso fazer nada para impedi-lo. Chega de fantasias insanas ou novas tentativas de fazer essa atrocidade desaparecer. Vai acontecer.

Mesmo que Tzuyu tenha me dito que iria dar um jeito, eu duvidava muito disso, éramos apenas duas garotas que mal tínhamos completado a maioridade.

Dahyun veio me ver ontem de noite, ela não ficou por muito tempo, disse que tinha que voltar ao trabalho. Mas ela me deu um abraço e me disse que tudo ficaria bem. Eu senti que ela mentia, mas foi um gesto gentil, de qualquer forma, ela era alguém encantadoramente fofa e amável. Taehyung não me ligou. Ele provavelmente ainda está bravo por causa da cena que fiz no restaurante. Não importa. Eu não preciso de ninguém.

Eu preciso apenas de uma pessoa, mas ela não será minha, então me contento comigo mesma.

- Sana, posso entrar? - Oppa pergunta atrás da porta do meu quarto.

Eu não respondo. Para minha surpresa, ele entra assim mesmo.

- Sana, venha comer alguma coisa. Eu comprei pão quente.

Eu continuo de costas para ele. Estou olhando fotografias de Tzuyu, tiradas no meu aniversário de 5 anos, que ficam penduradas na parede perto da minha cama. Numa delas, mamãe está me abraçando por trás e Tzuyu está esfregando cobertura de bolo no rosto de Jackson.

Oppa se senta na minha cama e põe a mão no meu ombro.

- Sua professora disse que suas notas caíram. Eu não sabia o que falar para ela. Suas notas sempre foram excelentes. Na pré-escola você já era obcecada em saber as palavras certas das rimas infantis.

Eu não ligo se ele está desapontado. Talvez eu tenha percebido que não há por que estudar. Ainda serei uma lésbica sem namorada, uma lésbica que acaba de perder o amor de sua vida por um homem rico e médico. Ele tira a mão do meu ombro. Bom. Espero que tenha terminado.

- Devo ligar para Tzuyu e pedir para ela vir aqui?

Começo a rir. Eu me sento e olho para ele. Ele está tão confuso. Sabe exatamente de quem eu preciso em momentos como este. Mas ele não sabe que, agora, Tzuyu talvez seja a última pessoa que eu quero ver. Estou começando a chorar de tanto rir, e Oppa parece preocupado.

- Ligar para Tzuyu? - eu pergunto. - Você quer saber por que as minhas notas caíram? Por que faltei na aula? Por que tudo deixou de ter sentido? - Eu quero que ele saiba. Quero que ele me conheça, saiba com que eu, dolorosa e silenciosamente, tenho lidado. - Você quer saber o que Tzuyu, quando vem aqui, faz para me deixar tão bem?

Ele ficará surpreso por descobrir que sua filha é uma inimiga de Deus, uma criminosa e uma aberração não prevista nos planos dele.

- Ela ouve você?

Minha raiva desaparece. Ele parece tão desamparado e inocente. Talvez seja por isso que sou tão devotada a ela. Ela me ouve. Mesmo com todas as atividades egocêntricas e a vaidade, quando eu converso com Tzuyu, ela me escuta. Ela me deixa falar quando a sociedade e o resto do mundo não permitem. Ela ouviu minha voz interior e ainda assim me ama. Talvez Oppa não seja o estranho que pensei que fosse.

- Sim. Ela me ouve. Eu... obrigada por ter comprado o jantar.

Oppa continua sentado, paciente e esperando que eu continue a explicação. É difícil ficar brava com ele. Está tão perdido!

MINE: Se você pudesse ser minha. - SaTzuOnde histórias criam vida. Descubra agora