15- Despedida

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Taehyung está conosco há duas semanas. Bambam, o policial grandalhão, finalmente pediu algo a Taehyung que ele não daria: Jeongyeon. Não que Tae tenha qualquer direito de propriedade sobre ela, mas eu sei que, se Tae pedisse, Jeongyeon consideraria a ideia. Tae disse não.

- Bambam não gostou da minha resposta - Tae brincou.

Bambam e seus companheiros pegaram Tae no parque e o prenderam por posse de contrabando. Taehyung diz que as drogas foram plantadas nele, mas eu acho que ele é arrogante o suficiente para pensar que pode escapar de qualquer encrenca. Os policiais transformaram sua vida num inferno. Eles forçaram Taehyung a ficar em pé por dois dias, espancando-o até virar uma polpa depois.

Oppa está nervoso e pergunta a Tae o que ele planeja fazer. É sua maneira educada de dizer a Taehyung que ele não pode ficar no apartamento. Oppa tem pavor da polícia. Oppa teme por mim.

Jeongyeon andou à procura de Taehyung. Ela chorou quando o viu todo espancado e ferido.

- Pare de se comportar como um bebê - Tae disse a ela.

Eu queria machucá-lo mais depois que ele disse isso. Ela traz secretamente coisas de que Tae precisa do apartamento dele para o nosso. Só sua coleção de sapatos pega quase todo o meu quarto. Quando eu volto para casa da escola, Tae está sempre no telefone, colocando seus negócios em ordem, tentando vender seu apartamento, fazendo todo tipo de coisas para escapar o mais rápido possível. Tae decidiu fugir para o Japão. Ele ainda não contou a seus pais. Eu não acho que ele planeje contar antes de deixar o país.

Taehyung ligou nosso apartamento à transmissão via satélite ilegal do vizinho. Agora ele assiste todos os videoclipes de música que ele quer. Rihanna é sua favorita. Ele chacoalha a bunda magrela como a cantora faz, com um cigarro dependurado em seus lábios feridos.

- Você vai mesmo partir? - eu pergunto enquanto ele sacode os quadris com os braços bem abertos. Com as cicatrizes em seu rosto, fica parecendo um Jesus gay.

- Sim, Sana. Ou você esteve meio distraída durante a semana que passou?

Ele está se comportando como, perdoe a minha linguagem, um cuzão. Eu acho que perder tudo em seu triste e pequeno império faz isso com uma pessoa. Eu me sento na poltrona de Oppa. O videoclipe a seguir é de um cantor coreano que mora em Los Angeles. Ele não é muito atraente e sua voz é uma porcaria. Imagino que ele estivesse estudando para ser engenheiro, fracassado nos exames e decidido se tornar um cantor em vez disso. Imagino que as pessoas tenham o luxo de fazer esse tipo de coisa no Ocidente.

- Como você vai conseguir chegar lá? - eu pergunto.

Tae suspira, eu acho que é uma pergunta justa.

- A Mãe vai me levar até em casa, eu vou me despedir de meus pais, talvez ficar por ali alguns dias e então vou pegar um barco ou algo assim.

Eu aposto que ele não vai conseguir. Ele não lida bem com o sofrimento.

- Você quer ir comigo?

Eu apenas pisco para ele. Não devo ter ouvido direito.

- O quê?

- Você. Quer. Ir. Comigo? - ele diz enquanto se senta no sofá.

Ele está louco. Ir com ele? Deixar a Coréia para sempre, no meio da noite, como uma fugitiva? Ele revira os olhos.

- Quais são os seus motivos para ficar, Sana?

- Eu... eu tenho a escola, e...

- Tudo bem, mas e, se você não se sair bem nos exames para entrar na universidade? Sempre existe essa possibilidade. Eles decidirão o futuro que você deverá ter. Talvez você acabe sendo uma contadora, um destino pior que a morte. - Ele estremece.

MINE: Se você pudesse ser minha. - SaTzuOnde histórias criam vida. Descubra agora