12- Única chance.

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Jihyo concordou em me encontrar para almoçar no Restaurante Japonês. Estou esperando por ela há meia hora, e estou ficando preocupada. O casamento é daqui a um mês, e nada mudou. Lee ainda é bonito. Tzuyu ainda está em estado de negação. E a senhora Chou ainda está reformando a propriedade de seu pai para o casamento. O avô de Tzuyu tem uma casa enorme, com um grande porão. O plano é transformar o porão num salão subterrâneo com pista de dança para a recepção. Eu imagino que será uma versão mais comedida de uma das festas de Taehyung. Jackson está aborrecido porque ele não vai poder bancar o DJ. A senhora Chou tem bom senso o suficiente para limitar as oportunidades musicais de seu filho.

Eu pedi uma mesa num lugar mais reservado ao homem de aspecto engraçado e terno laranja que gerencia o restaurante. Ele foi mais do que receptivo, como da última vez, mas, quando perguntou se Taehyung viria, eu menti e disse que ele talvez aparecesse. É cedo demais e Tae provavelmente ainda está dormindo. Por fim, Jihyo entra discretamente e eu aceno para ela.

- Desculpe fazê-la esperar - ela diz, sentando-se à minha frente. Ela olha em volta, um pouco de suor brota em seu lábio superior.

- Está tudo bem. Você conseguiu...?

Ela responde me entregando uma grande sacola de papel. Aí está, o começo da minha nova vida. Eu coloco a sacola dentro da minha mochila e sorrio agradecida.

- Quanto eu te devo? - Jihyo balança a cabeça.

- Já foi pago.

- Quem... hum, quero dizer, quem pagou? Assim vou poder agradecer.

- Todos nós contribuímos. Hyungseo e o resto do grupo. Exceto Nayeon.

Eu poderia morrer de vergonha. Jihyo me diz com que frequência devo tomar os hormônios, explicando que eu devo inserir a agulha na coxa ou na parte superior das nádegas. Eu devo evitar veias, ossos e nervos. Ela enfatiza que não devo tomar mais do que o necessário, um centímetro cúbico por mês. Isso me dá tempo para apenas uma injeção antes do casamento. Talvez uma barba comece a nascer, e Tzuyu verá que estou levando a sério. Isso me assusta um pouco.

- Há quanto tempo você toma? - eu pergunto enquanto Jihyo continua olhando o ambiente.

- Pouco mais de um ano. - O olhar dela se prende ao meu com nervosismo. - Por que você escolheu este lugar? - A expressão dela é como a do gato que eu vejo no jardim da escola, assustado e com medo de todo mundo à sua volta.

- Eu pensei que você ficaria mais confortável. A clientela é variada aqui, então...

- Uma clientela variada? É assim que você nos chama? - Seu tom de voz torna-se frio. O rosto de Jihyo está vermelho e suas mãos estão fechadas em punho sobre a mesa, como se ela estivesse prestes a bater na superfície.

- É seguro ser... Bem, ser você mesma aqui. Quero dizer, há menos chance de ser julgada ou, não sei, mais chance de encontrar pessoas que são, eu imagino, compreensivas.

- Eu não sou como eles! Você me ouviu? O que eles fazem é contrário às leis da natureza - ela sussurra enquanto seus olhos se dirigem para uma mesa na qual dois homens trocam olhares afetuosos. É a raiva fervente que eu não entendo. Nos encontros Jihyo é sempre acanhada e assustada, principalmente quando Nayeon atira uma crítica verbal em sua direção.

- Me desculpe. Eu apenas pensei...

- Pensou o quê? Que eu sou como esses... esses pervertidos, só porque sou diferente?

Em que "dama" ela se transformou! Pelo menos é educada o suficiente para sussurrar esses comentários maldosos. São maldosos porque Jihyo está falando de mim. Eu sou uma pervertida. Mesmo que eu mude, meus sentimentos por Tzuyu não deixarão de existir.

MINE: Se você pudesse ser minha. - SaTzuOnde histórias criam vida. Descubra agora