7- Nossas sessões de estudo.

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       Eu corro meu caminho entre a minha escola e a de Tzuyu e paro para tomar fôlego em frente ao portão do prédio. Faz alguns dias que não a vejo. A casa dela parece um zoológico, com todos os preparativos que a mãe dela continua fazendo e com Jackson vagabundeando pela casa como de costume. De vez em quando ele conserta um carro, embora seja sempre para alguém que não pode pagá-lo no prazo combinado.

        Joohyung habitualmente veste um terno e segue o senhor Chou para todos os lugares como uma galinha perdida, bicando o sapato do pai quando vão à fábrica de pistache. Eu não quero me encontrar com Lee. Talvez acabe vomitando em seus sapatos. Ou confesse sobre as exaltadas sessões de beijos com sua futura esposa, e até conte sobre as coisas mais que fizemos no meu quarto.

Vejo Tzuyu sair do prédio cercada por um enxame de garotas. Ela é a única que tirou o uniforme. Fico chocada por não ver nenhum professor ali para repreendê-la. As outras garotas a cercam como se ela fizesse parte da realeza, e é fácil saber por quê. Aquele maldito diamante gigantesco em seu dedo. Ela nunca o usa quando nos encontramos. Todas as garotas tagarelam em volta de Tzuyu, mas ela não olha para nenhuma delas. Ela olha somente para mim. É nesses momentos que todo o sofrimento parece valer a pena. Tzuyu sorri com malícia e eu encolho a cabeça, tentando esconder das amigas dela as minhas bochechas coradas.

Assim que as garotas me veem, começam a me tratar como se eu fosse o embaixador alemão que poderia arrumar vistos para elas. Tzuyu disse a elas o quanto eu sou importante, embora não tenha revelado o verdadeiro motivo para isso. Nós caminhamos ao longo da calçada que ladeia uma rua movimentada, e eu escuto as garotas tagarelarem sobre buquês, bufês e salões de festas em hotéis. Para elas, Tzuyu é uma vencedora. Tzuyu e eu andamos em sincronia e de mãos dadas. Não é incomum as mulheres se darem as mãos, ou os homens – tudo isso é visto como um gesto inocente e fofo. Já S
segurar as mãos de alguém do sexo oposto?... Bem, é melhor que os dois sejam casados ou estejam namorando, é como um compromisso.

       Acho que nisso temos sorte, podemos agir como duas namoradas, e vão pensar que somos apenas melhores amigas.

         Duas das garotas do bando de Tzuyu vão embora, e duas continuam conosco. Essas garotas são novas para mim, e eu presumo que estejam fascinadas com o iminente casamento de Tzuyu ou com Tzuyu de maneira geral. Eu percebo que uma delas está examinando Tzuyu com um olhar que é um pouco mais que amigável. Ela está apaixonada, coitadinha. Será que eu fico desse jeito quando estou perto de Tzuyu? Deus não permita, eu espero que não.

Continuo enfeitiçada pelos encantos de Tzuyu e não percebo o carro de polícia. Dois oficiais saem da viatura e vão imediatamente na direção de Tzuyu.

– Há algum motivo para você estar usando roupas tão curtas? – o primeiro policial pergunta, e o meu coração para de bater por um momento. Não é a primeira vez que vejo esse tipo de interrogatório. Não quero que eles machuquem Tzuyu.

          As duas admiradoras fugiram, e eu permaneço próxima de Tzuyu, com as mãos juntas.

Algo que não entendo em Tzuyu é seu pouco-caso pelas consequências. Ela fita o primeiro policial nos olhos, encontrando seu olhar aborrecido de predador, e banca a completa inocente.

– Minhas roupas encolheram depois de serem lavadas! –  ela mente. – Eu não tive tempo de trocar.

Eu vejo a arma do policial em seu coldre. Ele pega o cassetete e começa a bater na própria mão. Eu me coloco na frente de Tzuyu, eu não o deixaria machuca-la.

– Senhor, a mãe dela está doente, e minha amiga é terrível quando o assunto são tarefas domésticas. Ela colocou a roupa na secadora por muito tempo – eu digo com o tom de voz mais desesperado.

MINE: Se você pudesse ser minha. - SaTzuOnde histórias criam vida. Descubra agora