O solo de terra batida tremia sob os passos sincronizados dos milhares de soldados completamente armados e prontos para a batalha iminente. O exército de Qin, o mais temido do continente, avançava invicto e imponente pelo estreito que fazia fronteira com o Estado inimigo de Wei. Em poucas horas aquele exército adentraria a capital do oponente e sucumbiria seu poder ao rei de Qin para sempre.
Na dianteira das tropas, comandando aquela legião de soldados, estava os dois príncipes mais velhos de Qin: Sheng, o primeiro príncipe, e Xufeng, o segundo príncipe. Os príncipes eram o orgulho da nação Qin, com suas habilidades em artes marciais e em estratégias militares.
Em todas as campanhas, Qizheng, o temido rei de Qin, enviava seus dois filhos mais velhos para que comandassem seu exército, ainda que os ministros do Estado fossem contra, pois era arriscado demais mandar para a guerra, ao mesmo tempo, os dois príncipes mais hábeis.
No entanto, era essa a verdadeira pretensão de Qizheng ao enviá-los, ele preferia que seus próprios filhos decidissem entre si, no campo de batalha, quem seria digno de se tornar o próximo príncipe herdeiro do grandioso Estado de Qin.
Sheng, o primeiro príncipe, sabia muito bem das pretensões de seu pai, ele sabia também que seu irmão mais novo estava esperando apenas pelo momento certo para retirá-lo da disputa pelo trono. Entretanto, Sheng odiava aquilo, ele odiava ter que um dia erguer sua espada contra seu irmão caçula, odiava também seguir as ordens sádicas do pai. A verdade é que o primeiro príncipe só obedecia perfeitamente aos comandos do rei de Qin porque sua mãe, uma humilde concubina, era uma refém no palácio.
Ele tinha que ser o príncipe perfeito, o comandante perfeito, o assassino perfeito.
– Está pensativo, meu irmão – disse Xufeng, aproximando-se de Sheng, montado sem seu garanhão branco. Sheng apenas ignorou as palavras do caçula, o primeiro príncipe estava concentrado demais para jogar conversa fora. No entanto, Xufeng era insistente – Por acaso está preocupado em morrer na batalha de hoje?
– Se eu morrer hoje, talvez não seja no campo de batalha – Sheng jogou a indireta para o irmão. Por mais que o primeiro príncipe não desejasse sujar as mãos com o sangue do caçula, Xufeng já não sentia os mesmos sentimentos fraternais pelo irmão mais velho.
Xufeng ergueu os lábios num sorriso malicioso – O que quer dizer, meu caro irmão?
Sheng lhe lançou então um sorriso afiado – Quero dizer que, depois que conquistarmos a capital de Wei, talvez eu morra me embriagando até não aguentar mais – após dizer isso, Sheng içou as rédeas do seu cavalo negro para que o garanhão corresse mais rapidamente, fazendo o primeiro príncipe se distanciar do irmão mais novo.
Os muros que cercavam a capital do Estado de Wei se erguiam cada vez mais à medida em que as tropas se aproximavam dela. No momento em que os soldados de Wei avistaram a legião vinda de Qin, a batalha começou. Os arqueiros de ambos os lados arremessaram suas flechas, derrubando dezenas de soldados amigos e inimigos.
Sheng guiou suas tropas para a entrada lateral da cidade, na qual ele rapidamente derrubou as forças inimigas e arrombou os grandes portões de ferro. Momentos depois o primeiro príncipe adentrou a cidade e tomou a parte de dentro dos grandes muros. Logo em seguida, o segundo príncipe Xufeng comandou seus soldados para que cercassem os inimigos que ainda protegiam o lado de fora. Em questão de minutos os dois príncipes derrubaram com eficiência a primeira defesa de Wei.
O exército do Estado inimigo começou a concentrar suas forças para defender a cidade, foi o momento em que Sheng e sua legião de soldados se viram no ápice da batalha daquele dia, pois a luta de verdade havia começado.
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Dois Mundos Imortais ✓
Historical Fiction{The Wattys 2019 - Vencedor na categoria Ficção Histórica} - HISTÓRIA DE MINHA AUTORIA [Completa] Quando o Destino decide unir um Deus e uma Deusa inimigos, suas almas são enviadas ao mundo humano para que nasçam como mortais e se encontrem...