Capítulo - 21 "Nossa primeira tempestade juntos"

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A noite estava terminando, um novo dia começaria. E aquele amargo arrependimento mais uma vez bateria na minha porta.
Ao menos que a coragem fizesse uma visita antes.  
Um relâmpago grunhiu no céu, iluminando o meu quarto pela janela aberta. Levo um susto , olhando em direção a janela, enquanto brinco com a pequena rosa ,que caiu do buquê que eu presenteei  no túmulo do meu avô hoje mais cedo.   
Nathan apareceu instantes depois , e disse que deveria sempre ir até lá, pois seria uma forma de sempre estar conectada ao meu amado avô, que hoje faz muita falta.  Seria como estar com ele apesar de tudo, e suas palavras seriam levadas com o "vento" , passadas a frente.

O vento não me disse nada, mas eu me sinto tão bem, tão certa , como se meu vô tivesse me aconselhado pessoalmente.
Ele mandou o recado diretamente no lado esquerdo do meu peito, e eu posso sentir. E agora depois de tudo, meu coração diz que devo procurar Nathan. E talvez eu deva segui-lo mesmo.

Eu sei que Nathan não está dormindo, eu tenho certeza. Posso imagina-lo na frente de uma janela enorme, com os dedos frios no vidro, à espera da tempestade.  Algo que eu sei que ele faz , porque foi algo que ele dividiu comigo nas nossa primeira semana juntos. Certa noite enquanto caminhávamos de volta para o palácio ,Nathan me levou até o quarto e voltou para o jardim , e estava chovendo um pouco. Lembro de ter ficado muito preocupada com a saúde dele , abri a janela e dei um daqueles gritos que não fazem barulho nenhum, — " vamos logo , saia daí, não quero ver você doente". Ele respondeu com um gritou de verdade —
" Acho que posso conviver com isso". A princípio não entendi, fiquei brava por não ter tanta intimidade para buscá-lo pelos cabelos de volta até a cama.  No dia seguinte ele me fez uma visita e explicou de como Froy é uma região que não chove muito, e que quando chove nada nem ninguém o impede do prazer de sentir a água caindo pelo seu rosto. A princípio pensei que fosse só mais um papinho para querer me impressionar, para achar fofo, coisa de menina. Quando estamos apaixonadas acabamos vendo as coisas de maneiras diferentes, e esse é o perigo, porque ficamos meio fora de si, como se o mundo da noite para o dia ficasse mais rosa. E foi o que aconteceu,eu caí feito patinho.

Eu fiquei fascinada com cala palavra, a
forma como ele era extremamente sério quando contava algo para mim , se abrindo de uma forma quase misteriosa. Existe momentos que é totalmente ao contrário, ele brinca , me provoca e me faz rir sem parar. É bom e ruim não fazer ideia do que vem pela frente, desde o início ele foi uma caixinha de surpresas, extremamente imprevisível. Acho que foi exatamente aí que eu percebi que estava apaixonada por ele. Foi tudo muito rápido, tão rápido que mal consegui acompanhar, na verdade até agora.

  Da noite para o dia estava com um anel no dedo, que me levaria até ao altar, em direção a coroa.
Ficamos ainda mais próximos e mais histórias surgiam, ele se sentia cada vez mais seguro conversando comigo. Ele admitiu que a chuva era sua companheira de vida durante os tempos de internato , longe de casa , da mãe e da irmã mais nova, uma forma de sobreviver, foi aí que eu percebi que não era só pela conquista, era pessoal, eu vi pela forma como ele falava comigo.
Quando somos jovens visualizamos as coisas de forma mais dramática , quase teatral, mas nem sempre isso é verdade.   Ter dinheiro nunca me impediu de ser  menos feliz , muito pelo contrário, mas o mundo da ganância por si só é um jogo complicado , uma terrível infelicidade.  Poucas coisas não podem ser compradas, mas no caso do Nathan o dinheiro nem o poder pode salva-lo da dor de perder um ente querido , nem mesmo cura-lo do vazio e da solidão.  Nem o dinheiro curou o câncer do meu avô, nem o dinheiro salvou meu ex namorado da morte letal , mas infelizmente o tempo não se compra e eu não pude fazer nada , apenas esperar que o luto chegasse e batesse na minha porta.

Hoje , conhecendo esse lado dele , não poderia admira-lo tanto como agora, pois eu me orgulho de quem ele é , e de quem ele se tornou para chegar até aqui.  Nathaniel é a própria tempestade, que mexe e me abala das melhores formas.

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