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Nigel encarou Miranda por longos minutos e assustou-se quando a editora soltou o livro sobre a mesa.

— Okay, Nigel, diz logo de uma vez — Disse encarando-o.

— Eu não disse nada.

— Você está a meia hora me encarando, com certeza tem algo a dizer.

— Não é nada — Ela cruzou os braços erguendo a sobrancelha.

— Ta bem, quero saber o motivo do seu bom humor.

— Quem disse que estou de bom humor?

— Você não demitiu ninguém, não mandou Emily fazer nada impossível, aceitou a nova assistente sem hesitar, não disse nada negativo sobre as fotos ou textos, é a Andrea, não é?

— Acha que eu não posso simplesmente ter dormido bem?

— Eu... Bom...

— Talvez tenha sido por Andrea esse bom humor repentino — Deu de ombros, Nigel sorriu debruçando-se sobre a mesa.

— Conte-me tudo, eu não vou fingir que não estou curioso, pois eu estou me roendo de curiosidade — Miranda revirou os olhos — Vamos Miranda, conte-me.

— Eu fui até a empresa dela — Começou fazendo pouco caso — Conversamos, trasamos no chão de sua sala — Nigel abriu a boca incrédulo.

— Você transou fora de um quarto, oh meu Deus! — Miranda voltou a revirar os olhos — O que mais?

— Fomos ao apartamento dela, jantamos e ficamos na sala por um tempo.

— Apenas isso?

— Não — Disse dando de ombros outra vez.

— Vamos Miranda Priestly, eu quero saber de absolutamente tudo.

— Você é um curioso.

— Jamais disse o contrário, agora continue.

— Transamos no sofá — Miranda entortou os lábios.

— Eu estou gostando dessa versão de Miranda Priestly... Vocês transaram e foram dormir.

— Não, Andrea é insaciável, transamos na cozinha, sacada, banheiro, na cama e dormimos.

— E qual o motivo de ter chegado tarde?

— Tivemos nosso momento essa manhã — Arrumou os papéis em cima da mesa.

— Irão se ver hoje?

— Não, ela irá para a Itália essa tarde, ficará lá por uma semana.

— Que chato.

— Ao menos não ficamos tão dependente uma da outra — Fez pouco caso.

— Mas você já está, não é? — Miranda o encarou em silêncio e voltou ao que fazia — Não é errado se apaixonar, Miranda.

— Eu só não quero colocar expectativas, Nigel, somente isso.

— Preste atenção — Disse segurando as mãos dela — Você está bem como há tempos não ficava, Andrea lhe faz bem em todos os sentidos, então não fique se prendendo ao medo, se não der certo, você continuará firme e forte.

— Esse é o meu medo, não segui sendo quem eu sempre fui.

— Tenho certeza que Andrea não irá mágoa-la, ela também já sofreu bastante com o passado, Miranda, permita-se viver isso, se não der certo, você ainda continuará sendo Miranda Priestly, lembra?

— Talvez nós não estejamos no mesmo ritmo, Andrea é jovem, com certeza tem mil e uma pessoas querendo algo com ela.

— E olha que sortudo você é, mesmo com tantas opções, ainda é com você que ela passa noites acordada, não pense em segundos ou terceiros, apenas em vocês e em como você está bem.

— Sim, você tem razão.

— Claro que tenho — Disse convencido — Quando contará para as ruivinhas?

— Não sei, eu nem sei o que Andrea e eu temos.

— Bom, diga as ruivinhas que você e Andrea estão curtindo o momento.

— Acha que é uma boa ideia?

— Você não poderá ir para o apartamento de Andrea toda vez que quiser transar, Miranda, muito menos dormir lá, tem as ruivinhas que passam mais tempo com você do que com o pai.

— É, eu sei.

— Respire e conte, tenho certeza que elas irão entender.

— Eu tenho muita sorte em relação as duas — Disse sorrindo de canto.

— Tem sim, bom... Vamos falar sobre trabalho — Disse levantando e indo para o lado dela mexendo nas fotos e croquis sobre a mesa.

.§.

Miranda caminhou pela sala observando as fotos em suas mãos, não sabia qual mais lhe agradava, analisando mais profundamente, chegou a conclusão que nenhuma lhe havia agradado, sentou-se respirando fundo e escutou o celular, o pegou.

— Priestly?

— Recebi uma reclamação, de que sua beleza está atrapalhando a concentração das pessoas a sua volta, em seis dias você será intimada para depor no meu quarto — Miranda sorriu de canto.

— Acha que posso pegar pena?

— Oh, com certeza, talvez seja torturada, mas se você for uma boa menina, talvez eu reduza sua pena para uns vinte anos.

— É um caso a se pensar.

— Eu sei e tenho certeza que como advogada eu sou ótima carcerária — Miranda riu.

— Já chegou?

— Sim, tive que viajar mais cedo do que estava marcado, onde você está?

— Aproveitando meus últimos dias de liberdade antes que seja presa por você — Andrea riu — Estou tentando escolher a foto da capa, mas com certeza mandarei que repitam, nenhuma me agradou.

— E está fazendo isso em casa?

— Não, eu ainda estou na Runway.

— Que excitante.

— Não, eu não vou fazer isso, muito menos aqui.

— Por que não?

— Porque não, estou trabalhando — Andrea suspirou desanimada e Miranda revirou os olhos sorrindo enquanto analisava as fotos.

— Quando você irá pra casa?

— Não tenho horário, as meninas foram ver uma peça, devem voltar para casa às oito e como eu não tenho nenhum compromisso para hoje, achei melhor resolver as pendências mais urgentes da semana.

— Deveria ir para casa, tomar um bom banho, deitar na sua cama e me ligar.

— Não vai desistir disso, não é?

— Não mesmo, Priestly, gosto dos sons dos seus gemidos, principalmente quando são pra mim.

— Quer me tornar uma ninfomaníaca? — Andrea riu.

— Se for por mim, você sabe que passaria dias trancada em um quarto com você — Miranda sentiu o corpo tremer e mordeu os lábios.

Nigel entrou na sala olhando-a com o semblante confuso, Miranda não era uma amante de telefones, suas chamadas eram sempre curtas, mas naquele momento ela parecia não se importar, Miranda o olhou.

— Espere um segundo — Disse para Andrea e afastou o celular da orelha — Quero que refaça as fotos, mude os ângulos, essas fotos não estão a altura de uma capa da Runway.

— O efeito está passando, não é? Horas atrás você havia concordado.

— Não há efeitos, Nigel, há análises e essas não me agradaram.

— Mandarei fazerem amanhã pela manhã — Nigel afirmou.

— Eu vou indo, vai ficar aqui ainda?

— Sim, vou resolver algumas coisas.

— Tudo bem, até amanhã — Miranda afirmou com um aceno e Nigel saiu sorrindo, Miranda voltou a sua ligação.

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