capítulo 62

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Juliana 💎

Juliana: Etâ caralhou...- Falei comigo mesma, vendo o Negro se aproximando.

Negro: Coe, falsa? - Cruzou os braços na minha frente.

Juliana: Licença, consagrado...- Sorri falsa.

Negro: Falsona, você é uma pilantra safada!

Juliana: Você que é chato, parceiro...- Falei olhando ele se aproximando.

Negro: Nem queria muita coisa pô, era só te acompanhar.- Falou bem próximo.

Juliana: Você tava conversando com o outro cara lá...- Falei ficando nervosa.- Yuri, dá três passos pra trás.

Negro: Dou até dez se você tá pedindo, princesa.- Falou se afastando me fazendo rir, tentando tirar o meu nervosismo.- Foi mal, foi minha intenção te deixar nervosa não.

Juliana: Eu sei, te conheço...- Sorri fraco.

Negro: Hoje eu posso te acompanhar ou tem uma desculpa boa também?

Juliana: Faltam cinco minutos pro seu plantão terminar e eu tenho que estar em casa agora.

Negro: A sua sorte é que o menor chegou mais cedo hoje...- Olhei pra trás, vendo o menino que troca plantão com ele conversando com os outros.- Mas se tu não quer firmeza, atenção dobrada nas vielas! - Falou estendendo a mão pra fazer toque comigo.

Juliana: Então vamos...- Respirei fundo...- Com direito a coxinha, tá?

Negro: Jaé...- Sorriu animado.

Ele chamou o menino, falou com e começou a caminhar do meu lado.

Negro foi uma pessoa muito aleatória na minha vida.

Quando eu tava chorando no meio da rua, por motivo de medo de estar sozinha, ele que me ajudou.

Não confio muito nele, em ninguém quero dizer.

Mas eu gosto dele pelo fato de me animar.

Ele sempre me perturba pra me levar até em casa, eu plena sempre enrolo o tadinho.

Mas hoje decidir deixar pra ver o que acontece.

Negro: Como tá o garoto? - Falou esfregando as mãos.

Juliana: Tá bem, vou fazer exame próxima semana para ver ele...- Falei cruzando os braços enquanto andava.

Negro: Tu tá com frio? - Neguei com a cabeça.- Coe? Tu nunca assistiu filme que as mina tá com frio e o mano vai lá e dá o casaco?

Juliana: Mas você nem tem casaco.- Eu ri.

Negro: Então quer dizer que tu tá com frio mas eu não tenho casaco pra te dar.- Falou semicerrando os olhos.

Juliana: Minha saia tá nos pés, tenha certeza que eu não estou com frio...- Ele olhou, dando os ombros.

Ele me empurrou levemente, me guiando pra a lanchonete, onde várias pessoas olhavam pra gente.

Negro: É por você tá comigo e eu sou feião? - Falou olhando ao redor.

Juliana: Você não é feio. Mas as pessoas são curiosas...- Falei olhando pra ele, que me olhou de volta.

Ele sorriu de lado e perguntou quantas coxinhas eu queria, pedi duas e um suco de acerola, já ele não pediu nada.

Juliana: Pede pelo menos uma coxinha, mano.- Falei sentando no banco.

Negro: Tô sem fome.- Passou a mão na cabeça.

Juliana: Tá nada, ninguém fica sem fome quando vê coxinha.- Ele negou.- Vou pedir duas e um refri.

Negro: Não, Ju...- Tentou me segurar.

Juliana: Relaxa, cara.- Falei indo no balcão.

Pedi as duas coxinhas dele e o refri, voltando pra mesa vendo ele olhando pro nada.

Em minutos os pedidos chegaram e eu devorei em dois minutos, enquanto ele ainda comia, eu tomava o suco.

Após a gente terminar, ambos levantamos indo até o caixa.

Juliana: Eu pago...- Falei impedindo ele, entrando na frente dele.

Negro: Eu que te chamei, deixa de onda.

Juliana: Eu que me ofereci na verdade.- Falei ainda na frente dele.- Eu sei que meu irmão ainda não pagou vocês, não gasta teu dinheiro comigo.

Negro: Não sou pobre não, Juliana! Tenho dinheiro dos meus corres pô, preciso de ninguém pagando as paradas por mim não.- Falou bolado.

Olhei pra moça do caixa que esperava e sai da frente, deixando ele pagar.

Ajeitei minha mochila nas costas e comecei a caminhar em direção a minha casa.

Ele ficou parado olhando e segundos depois foi caminhando pro lugar oposto do meu.

Respirei fundo e apressei os passos, odiando ter que andar essas horas sozinha.

▪▪▪

Negro na mídia, 30 anos.

Yan Ferreira.

Caminhos cruzados.Onde histórias criam vida. Descubra agora