REDESCOBRINDO A VIDA.

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 No dia seguinte no horário habitual, Samuel chegou até a casa dos Accioli. Ainda sentia-se estranho, mas tentava se concentrar no que deveria fazer.

Quando ele aproximou-se da área de serviço, ouviu vozes de mulheres conversando. Sandra notou sua presença e ao vê-lo sorriu.

— Bom dia, Samuel.

Ele a cumprimentou e olhou para a jovem que estava a frente de Sandra. Sorriu para ela. Pelo modo como ela o cumprimentou, pôde perceber que era um pouco tímida.

— Lúcia, esse é o Samuel, nosso motorista.

Lúcia era bonita, essa foi a primeira coisa que ele notou. A segunda é que ela o fitava com curiosidade. Sandra a orientou quanto a seu serviço, a jovem se retirou. Assim que ela saiu a senhora ela olhou para Samuel e perguntou:

— Seu filho está bem?

Ele ficou surpreso, pois não imaginava que Fernanda tivesse relatado este fato.

— Sim. Ele teimou e me disse que estava bom para ir ao colégio.

— Que bom então.

— Sabe dona Sandra, uma coisa me deixou surpreso. — ele fez uma pausa. — Na realidade, muito surpreso.

Sandra parou o que fazia e olhou para ele.

— O que?

Quando Samuel estava a ponto de falar, eles ouviram a voz de Fernanda que havia entrado na ala de serviço.

— Bom dia.

Ambos olharam para ela.

Fernanda estava muito bonita, apesar de não estar maquiada como geralmente ficava. Sua aparência era serena e possuía traços de que não havia dormido bem.

— Samuel.

— Bom dia senhora Fernanda.

— Por favor, prepare o carro. Iremos visitar um local!

Assim que ela saiu, Samuel disse:

— O olhar dela às vezes me parece tão distante e perdido.

— Não é apenas impressão!

Samuel ficava surpreso. Como poderia ser tão triste tendo uma vida tão luxuosa? Ela tinha tudo! Tudo o que uma pessoa simples poderia desejar. Era o que ele pensava! Quando olhava para Fernanda, sempre existia uma sombra de tristeza em seu olhar.

— Como Sandra? Olha a vida deles? Eles têm tudo!

— Nem sempre temos tudo Samuel.

— Não entendo.

Sandra então relatou sobre as coisas que aconteceram na vida Fernanda. A perda de sua filha e a saúde de sua mãe e outras coisas.

— Eu não sabia...

— Porque você acha que ela contratou um motorista?

Ele  pensou que fosse por causa de caprichos de ricos, que precisavam de empregados para tudo. Mas estava enganado e sentiu-se envergonhado.

— Desde o acidente ela não consegue mais dirigir! Ela tentou, mas simplesmente não pôde mais.

Samuel pensava no quão difícil deveria ser para ela. Sempre existir aquele fantasma que a assombrava.

Meia hora depois, eles partiram rumo ao município de São Joaquim. Desde que havia chegado ali, Samuel não conheceu outro lugar, a não ser a capital Florianópolis. Ele olhou pelo retrovisor e Fernanda estava apreciando a paisagem, então ela virou o rosto e o fitou. Não houve tempo para ele desviar o olhar, pois ela sorriu e perguntou:

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