01 - Dormindo com um ogro

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SE FOR EGOÍSTA, NÃO CASE
DORMINDO COM UM OGRO
POR Wingstern


Suspirei uma última vez antes de me sentar na cama, afastando os cobertores de meu corpo. Apoiei o cotovelo contra minha coxa e pressionei meu rosto na palma da minha mão, respirando fundo. Já eram cinco horas da manhã, outra noite em claro. Isso já estava virando rotina.

Por um segundo, parei para pensar no porquê de não conseguir pregar os olhos, mas minha questão foi respondida por um som repentino e grotesco, seguido por um suspiro calmo. A pergunta que eu realmente deveria fazer era: Como Park Chanyeol consegue ter a aparência de um príncipe e dormir como um ogro?

Os roncos surgiam quando eu menos esperava e se assemelhavam a uma motosserra e às vezes eu desejava que fosse um assassino mascarado. Pelo menos no inferno eu deveria conseguir dormir, certo?

Fui desperto de meus pensamentos mórbidos pelo impacto de algo chocando-se contra meu corpo, Chanyeol havia se virado e me acertado. De novo.

Chacoalhei a cabeça e levantei da cama antes que eu criasse um buraco no peitoral desnudo do alfa, usando o abajur em meu criado-mudo. Fui até o banheiro lavar meu rosto e me livrar da sonolência que não poderia ser saciada agora, notei de relance as manchas escuras sob meus olhos, de nada adiantaria me lamuriar pela minha cara de morto.

Já na cozinha, arregacei as mangas da blusa fina de frio que usava para dormir e acendi as luzes, me dirigindo para o armário em busca da chaleira que assim que a encontrei, enchi de água e coloquei sobre a boca do fogão já aceso. Em seguida, conectei os fios da sanduicheira à tomada e deixei o grill esquentar enquanto apanhava o pão na dispensa, recheando-o e então prensando na chapa.

Peguei meu celular que carregava próximo a geladeira e sentei na mesa, aguardando a água ferver ou os sanduiches ficarem prontos.

— Baekhyun? – a voz que gritava por mim era familiar, mas não conseguia identificar seu dono graças a água em meus ouvidos – Acorda, garoto! – apenas notei estar dormindo quando meu corpo foi balançado por mãos grandes e frias.

— O que foi, inferno? – murmurei sonolento, abanando as mãos para afastar a fumaça. Não era possível que esse cara veio me acordar só para fumar.

— Você só tem duas obrigações nessa sua vidinha privilegiada: Estudar e cozinhar, sequer precisa limpar a casa porque tem diarista para isso, agora você me vem com essa de dormir pelos cantos? – não entendia o porquê de estar levando bronca logo cedo, se ele queria descontar sua raiva em algo, que fosse atrás de um dos seus empregados.

— Cala a boca – resmunguei levantando minha cabeça, irritado pela fumaça que não dissipou logo, só então me dando conta quando notei estar antes apoiado na mesa.

Arregalei os olhos e observei a cozinha repleta de fumaça, o fogo estava apagado e a chaleira estava coberta d'água sobre a pia, enquanto a sanduicheira anteriormente prateada, estava manchada de preto, uma pedra carbonizada – que só depois percebi se tratar do pão – jazia ao seu lado.

— Na próxima vez que tentar colocar fogo na minha casa, certifique-se de estar sozinho – ouvi novamente o tom grave e irritado, desviando meu olhar para o alfa que me encarava com fogo nos olhos, os braços cruzados colados ao seu tronco desnudo e a calça de moletom preta com alguns respingos de água.

— Desculpa, 'tá? – levantei da cadeira e fui até as janelas, abrindo-as – Eu não estou conseguindo dormir direito e acabei pegando no sono. Erro meu.

— Não dorme direito por quê? Você só tem aula depois das nove, pode muito bem dormir quando chegar e pedir o jantar ao invés de cozinhar – me virei quando a geladeira, que eu sequer notei ser aberta, foi fechada com força.

Se for egoísta, não caseOnde histórias criam vida. Descubra agora