07 - Definições

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P.O.V Chanyeol

— Acorda! – sentei rapidamente na cama, fechando os olhos pela tontura que o movimento repentino causou.

Abri os olhos e vi Baekhyun sentado do meu lado me encarando animado com um sorriso rasgando o rosto.

— Eu estou atrasado? – consegui murmurar ainda com sono.

— Não – disse simplesmente, pegando uma maleta laranja que eu até então não havia visto.

— Então por que diabos me acordou? – suspirei, aguardando a próxima loucura que sairia da boca daquele garoto.

— Por que você é Park Chanyeol – ergui as sobrancelhas para si, esperando pela continuação antes que eu o jogasse pela janela – E por isso você não pode aparecer em público machucado, vai parecer um delinquente ou chefe de máfia. As notícias até seriam interessantes, mas você ficaria mau humorado e tiraria toda a graça da situação – falou apressado, desviando-se do assunto central como de costume.

— E onde você gritar no meu ouvido antes das sete da manhã entra na história?

— Eu preciso de tempo para maquiar você – abriu a caixa, revelando várias cores em tons e texturas diferentes – O problema vai ser esse corte, não é bom passar nada por cima, então invente uma desculpa ou diga que foi seu novo animalzinho de estimação que ainda é meio arisco. Sabe, a melhor mentira é aquela que contém um pouco de verdade – novamente piscou os olhos para mim, assim como fez no supermercado. Revirei os olhos.

— Deus, você se prende a cada coisinha que eu digo – teria chacoalhando a cabeça se não fosse pelo aperto firme de Baekhyun em meu queixo, observando meu rosto antes de pegar um dos variados pincéis, concentrado no que fazia.

— Se não nos apegarmos às pequenas coisas, qual o sentido disso tudo? – senti um arrepio passar por meu corpo quando ele despejou um líquido sobre minha pele – Uma prova, uma entrevista de emprego, um livro novo que vai lançar, um encontro entre amigos... Se não aproveitarmos as experiências que a vida nos proporciona, por que continuar respirando? Se nada importar, não haverá nada nos prendendo aqui. É muito triste viver sem propósito, não acha? – afastou o pincel com algum tipo do pó, atentando-se ao resultado do seu trabalho.

— Como você pensa nessas coisas? É isso o que te ensinam na faculdade? – sorri, impressionado.

— Eu tenho muito tempo livre – deu de ombros, guardando os objetos de volta a maleta.

— Por isso sabe como maquiar alguém?

— Não, é só que... Ômegas são a escória em qualquer parte do mundo e na pré-adolescência, alfas parecem mais interessados em machucar corpos do que usá-los – sorriu fraco, mexendo na manga comprida da blusa fina que vestia até suspirar e levantar da cama, fazendo menção de se afastar.

Provavelmente não era o melhor momento, mas sentia que não haveria outra situação para perguntar, então sem pensar, agarrei seu pulso, atraindo seu olhar confuso.

— Por que você foi morar no exterior?

— Meu pai diz que é porque não sabia como educar um ômega macho, já que eu sou o único na minha família com essa... Condição – soltou a última palavra com dificuldade.

— E qual a verdadeira razão? – sua expressão me fez sentir culpa por ser tão invasivo, contudo, pensava que conhecer mais dele me faria entendê-lo melhor.

— Acho que ele só precisava de tempo para aceitar que dentre todos os Byun, ele foi o único a "falhar" na continuidade da linhagem. Estaria tudo bem se fossem duas ômegas, porque verdadeiros homens não deveriam engravidar – terminou com o olhar baixo, soltando seu pulso para então sorrir, voltando a me encarar – Vamos comer antes que esfrie.

Se for egoísta, não caseOnde histórias criam vida. Descubra agora