SE FOR EGOÍSTA, NÃO CASE
PAREDE LARANJA
POR Wingstern
Novamente, me pego encarando as costas pálidas a minha frente, sua respiração calma move seu tronco durante o sono e a pele parece brilhar pela luz prateada da lua que adentra o quarto pela janela.
Não precisava de relógio para saber que faltava pouco para o despertador tocar, havia desenvolvido essa habilidade ao longo das noites em claro. Mesmo que Chanyeol tenha controlado os roncos, eu ainda era incapaz de ter uma boa noite de sono.
E em meio a suspiros, levantei da cama, pegando meu celular no criado-mudo, o relógio do aparelho marcava quatro horas e meia, nada de novo. Caminhei para fora do quarto, tateando as paredes ao sair do cômodo iluminado para a escuridão, não me lembrava onde ficava o interruptor e todas as janelas estavam cobertas pelas cortinas escura.
A passos lentos, continuei minha procura pelas paredes, e então, senti o impacto.
Meu corpo se chocou com algo duro e pesado, por um segundo, pensei ser uma parede da qual não me lembrava, mas o barulho de algo se quebrando contrariou minha hipótese.
Me desesperei em busca do interruptor, precisava saber do que se tratava antes que o Park acordasse e iniciasse outra discussão boba, contudo, as luzes não demoraram a se acender, assustando-me. Não queria me virar, sabia que ele estava me encarando com a mesma falta de expressão de sempre, quando por dentro planejava o meu assassinato, mas sabia que teria que o fazer.
E como esperado, lá estava Park Chanyeol, as sobrancelhas erguidas e a boca retorcida denunciavam a raiva que seus olhos escuros não deixavam transparecer, os braços estavam cruzados a frente do abdômen, as veias saltadas devido a força do aperto, o que não me era surpresa. Porque em semanas de casamento, eu nunca havia visto-o com uma pose realmente relaxada, mesmo que agora vestisse uma calça de moletom cinza cuja barra cobria brevemente os pés descalços.
— Qual é a sua, garoto? É tão difícil deitar e dormir ao invés de sair destruindo a minha casa? – esbravejou, ajeitando a sua postura conforme pronunciava as palavras, como se pudesse me atacar a qualquer momento. E de fato, ele podia.Eu estava na casa dele, afinal. Dormindo na sua cama depois de me banhar no seu banheiro, cozinhando a sua comida, sendo sustentado pelo seu dinheiro, que foi o real motivo de todo esse joguinho. A imensa e conhecida fortuna dos Park.
O pai nascido em uma boa família, fundou a marca Yeol, que mais tarde seria usada para também nomear o filho, indicando que o mesmo estava destinado a grandeza. Por mais que meu, agora sogro, tenha o ensinado como gerir uma corporação multimilionária, havia diversas falhas em humanidade. Entretanto, meu pai não se preocupava com isso, apenas com a grande quantidade de zeros no cheque que conseguira com a mão da minha irmã. Infelizmente, minhas notas em humanidade sempre foram boas demais, impulsionando-me a me colocar no lugar da noiva de apenas quinze anos.
Graças a isso, eu me encontrava no corredor iluminado, sentindo-me um invasor e um concubino ao mesmo tempo, porque eu sabia que aquela nunca seria minha casa, não conseguir encontrar o interruptor apenas comprovou isso.
— E então? Ficou mudo? – questionou com tédio, impaciente com meus devaneios enquanto aguardava sua resposta.
— Eu sinto muito por incomodar – murmurei, encarando o teto, só queria que ele voltasse a dormir para que eu pudesse consertar seja lá o que quebrei para fingir que estava tudo bem.
— Difícil acreditar que realmente sente quando é a segunda vez que destrói algo na minha casa.
— Olha, Chanyeol, por que não volta a dormir e me deixa arrumar tudo? – suspirei cansado.
— Porque você não está fazendo esforço algum – exasperou – Até agora eu tenho dado um jeito em tudo, eu venho bancando a sua faculdade totalmente desnecessária porque você não precisa trabalhar, separei um cômodo especialmente para você estudar e até uso aquela coisa a fim de impedir outra tentativa de incêndio. E qual o seu trabalho? Você não é o único incomodado com esse casamento, porque, acredite, se eu tivesse alguma influência na escolha, você não seria uma das primeiras opções – descruzou os braços, virando-se para a entrada do quarto – Vê se cresce, garoto, fazer birra não vai mudar seu estado civil.
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Se for egoísta, não case
FanficEnsinado desde cedo como se portar, liderar e administrar uma empresa, Park Chanyeol já estava a frente do negócio da família aos 22 anos. Satisfação e ambição era tudo o que sentia ou o que imaginava significar aquele vazio interminável em seu peit...