14 - Polaroids

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POV Baekhyun

2 de Janeiro


Despertei de meus devaneios com a notificação de mensagem do celular de Xiumin, que rapidamente a leu antes de levantar apressado.

— Vamos ao mercado! — pronunciou sorrindo, olhando-me esperançoso.

— Okay... — franzi o cenho, acenando positivamente e desligando a televisão para então me afastar do sofá, colocando meu sobretudo, cachecol e tênis antes de sair acompanhado de um Minseok com um sorriso quase psicótico no rosto — Você está bem?

— Melhor impossível — o sorriso expandiu, okay, eu estava com medo — E você?

— É...


***


— Droga, eu esqueci de comprar algo — praguejou quando destranquei meu apartamento — Eu vou voltar, fique aqui e comece a preparar o almoço.

Ele correu para longe sem que eu pudesse responder, dei de ombros, ele vinha agindo estranho a manhã toda.

Estranhei o par de sapatos no hall de entrada, mas ignorei, talvez fosse dele, ou era o que eu pensava até olhar para a sala.

As luzes estavam apagadas e as cortinas pesadas impediam que o pouco do Sol que passava pelas nuvens cinzentas, invadisse a sala escura. Pendurada por um fio com luzes pisca-pisca enroladas, havia uma fotografia, eu nunca esqueceria daquele nascer do Sol, só não entendia porque agora, porque as fotos penduradas faziam um caminho até o meu quarto.

Meu peito doía, comprimido, mas meu coração parecia desesperado, quase saindo pela boca. Que droga era aquela? Alguma brincadeira de Minseok? Uma tentativa de fazer eu me arrepender? Isso nem era necessário, eu já me martirizava o suficiente

Sequer tentei conter os impulsos que me fizeram seguir aquele rastro de recordações, contudo, fui bem sucedido em impedir-me de chorar bem ali quando reconheci a caligrafia na foto colada à minha porta, era a que tirei na praia, quando ele estava distraído, apoiado contra o carro.

"Vire-a"

Era a única ordem que rapidamente foi acatada, revelando um pequeno bilhete no verso.

"Você pode ignorar tudo isso e dar meia volta, sair por aquela porta e quando voltar, não haverá um único resquício de que estive aqui. Você pode escolher outro caminho, decidir que é melhor viver sem mim ou abrir essa porta para me encontrar. A decisão está em suas mãos e eu a respeitarei seja qual for."

Não havia assinatura, não que fosse necessário, eu sabia muito bem quem encontraria quando abrisse aquela porta, ou melhor, quem eu deveria encontrar, pois assim que girei a maçaneta, o quarto estava vazio.

Janelas fechadas, luzes apagadas, velas acesas. Na cama, dúzias de outras fotos, nenhuma de minha autoria, algumas nem ao menos continham pessoas. De relance, vi fotos do nosso casamento, porém, a que realmente chamou minha atenção, estava no topo da pilha. Era uma foto da minha sala de estar, o que significava que, provavelmente, era a mais recente. Não tinha novas instruções, mas eu entendia o que deveria fazer.

Novamente no verso, um breve bilhete.

"Você sempre foi bom com palavras, não importava o assunto, sempre foi impossível te ganhar em um debate. Infelizmente, não sou tão criativo ou expressivo quanto você, então, diferente das suas cartas, o máximo que fui capaz de fazer para registrar nosso tempo separados, foi eternizar essas pequenas, mas dolorosas, lembranças."

Se for egoísta, não caseOnde histórias criam vida. Descubra agora