04 - Máscaras

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SE FOR EGOÍSTA, NÃO CASE

MÁSCARAS

POR Wingstern


Eu não voltei para o quarto naquela noite, sequer consegui dormir de fato, a cadeira acolchoada próxima a escrivaninha era deveras confortável enquanto eu estava sentado para digitar projetos, entretanto, para dormir era tão agradável quanto o próprio chão frio. Mas próximo ao amanhecer, finalmente preguei os olhos, até ser desperto pelo meu celular vibrando, era Xiumin.

Não pensei duas vezes antes de perguntar se podia estudar consigo em sua casa, tão logo quanto a chegada da confirmação, eu saí do apartamento, sem me preocupar se Chanyeol acordaria com o café pronto ou se levaria uma bronca por sair sem avisar. Precisava descansar.

E mesmo que minha intenção tenha sido realmente estudar com Minseok para tentar me distrair, o mesmo não permitiu ao ver meu estado quando atendeu a porta.

— Meu Deus, Baekhyun, até as suas olheiras têm olheiras! – exclamou, puxando-me para dentro da residência e me empurrando até o sofá depois de fechar a porta – Você dormiu direito?

— Dormi sim, só acordei cedo demais – bocejei ao terminar de falar e sentar no móvel aveludado.

— E eu sou alto – ironizou e negou com a cabeça, pegando o controle da televisão sobre a mesa de centro e o entregou a mim, sorrindo gentil – Escolha uma série enquanto eu faço algo para comermos.

— Mas nós temos que estudar – protestei com a voz arrastada, queria fazer algo de útil em vez de me sentir um estorvo, atrapalhando seu fim de semana.

— Nós literalmente cursamos cinema, isso conta como estudo – riu e saiu da sala, indo para outro cômodo que se me lembrava bem da última vez que estive ali, era a cozinha.

Suspirei e fiz o que mandou, optando por selecionar a primeira série que apareceu, deixando-a pausada até que ele retornasse.

***

O dia se seguiu sem problemas, maratonamos metade da primeira temporada do seriado até chegar a hora do almoço que preparamos juntos, sujando um ao outro com os ingredientes. Descansamos brevemente após a refeição, assistindo mais um episódio antes de decidirmos estudar, o que ocupou toda nossa tarde e apenas quando o sol já começava a se pôr, levantei do sofá repleto de livros e cadernos.

— Eu tenho que ir, Min, já está ficando tarde, não quero incomodá-lo mais ainda – me espreguicei, curvando o corpo para apanhar todos meus materiais e jogá-los de volta na mochila que havia trazido.

— Deixa de bobagem, você não incomoda – brigou ao se levantar também, organizando as cadernetas em uma pilha para então me levar até a porta – Você está bem... Né? – questionou hesitante quando saí de sua casa.

— Claro que estou – por míseros segundos, realmente considerei admitir a verdade que estava óbvia em todo o meu ser, mas compartilhar problemas com terceiros sempre fora um desafio.

— Sei... Qualquer coisa me ligue ou venha me ver, certo? – sorriu preocupado, me dando um abraço curto.

Aquiesci e dei as costas para si, caminhando de volta para casa. Senti o olhar dele em minhas costas até virar a esquina e finalmente pude respirar sabendo que não haveria ninguém prestando atenção na máscara que caía de meu rosto, afinal, todos estavam preocupados demais em esconder sua própria essência dentro de suas fachadas para se atentarem aquelas que quebravam ao seu redor. Porque todos omitimos aquilo que nos sufoca e apesar de não ser datado nos livros de história quando de fato começou, em algum momento da humanidade, a sociedade passou a ser composta por farsas.

Se for egoísta, não caseOnde histórias criam vida. Descubra agora